Este trabalho se insere na área dos estudos do léxico, mais especificamente na área da Toponímia, que tem como objetivo realizar investigações sobre a nomeação do espaço e dos acidentes geográficos físicos ou humanos de áreas rurais e urbanas. No recorte tomado para esta pesquisa, o objetivo foi investigar a nomeação de acidentes humanos da área rural do município de Coronel Sapucaia – MS. Estando o município em uma região complexa linguisticamente em razão de localizar-se na fronteira com o Paraguai e contar com a presença de comunidade indígena, a hipótese é que a realidade linguística estaria refletida na nomeação de espaços. Para a constituição do corpus, foram coletados 86 nomes de fazendas, sítios e colônia do mapa do IBGE (2010), escala 1:100.000. A análise demonstrou a ocorrência significativa de topônimos indígena (sobretudo, guarani) e híbridos com elementos de procedência da língua portuguesa e de línguas indígenas, o que foi, em certa medida, associado à presença indígena na região e à fronteira com o Paraguai, país cujas línguas oficiais são o guarani e o espanhol.
Este artigo tem como objetivo apresentar considerações a respeito das impressões de indígenas do município de Dourados-MS sobre as línguas que falam – Português, Guarani (Ñandeva e Kaiowá), Terena. O corpus foi constituído pelas respostas de entrevistas realizadas em duas aldeias indígenas de Dourados com 10 informantes. Sustentam a análise os pressupostos teóricos da sociolinguística, mais especificamente os que tratam do tema crenças e atitudes. Como exemplo de resultados, podemos citar o fato de que os indígenas reconhecem a existência de diferenças entre as variedades da língua Guarani, mas afirmam que há uma tendência à unificação, já que, por exemplo, as escolas indígenas ensinam a mesma língua para estudantes de diferentes grupos étnicos.
RESUMO:Neste artigo, apresentamos resultados de uma investigação que toma como objeto de estudo a microtoponímia da cidade de Dourados -MS (Brasil). Procuramos demonstrar como um importante fato histórico ocorrido no Brasil -a Guerra do Paraguai -, com importantes consequências para a região em que a cidade está localizada, deixou marcas nos nomes de ruas e de outros espaços urbanos. Para o estudo, utilizamos, fundamentalmente, os pressupostos teóricos e metodológicos de Dick (1990Dick ( , 1992. A análise dos dados evidenciou que 11 (onze) topônimos, do recorte tomado para a pesquisa, estão relacionados à Guerra por meio, principalmente, de homenagem a militares que estiveram envolvidos no conflito.Palavras-Chave: toponímia; toponímia urbana; história; Guerra do Paraguai. INTRODUÇÃOA nomeação é uma atividade inerente ao ser humano. Dick (1997, p. 96-97) menciona que "obras antigas da história e da civilização mundiais" apontam essa prática como rotineira, embora distinta da que podemos observar no processo denominativo moderno. A autora lembra que nos versículos iniciais de Gêneses, por exemplo, vários acidentes geográficos são citados com seus respectivos topônimos: rio Eufrates, rio Giom, rio Pisom, rio Tigre, terras de Havilá, terras de Cuxe, entre outros.Nomeamos o que está a nossa volta por muitas razões, e quando nomeamos os espaços, o fazemos principalmente por uma questão de organização. O processo que envolve a nomeação de lugares resultou numa categoria de nomes que chamamos de topônimos e, por serem tão importantes para o homem, os topônimos tornaram-se objeto de estudo de uma ciência ligada à Línguística: a Toponímia (subdivisão da Onomástica).A Toponímia, inicialmente, se ocupou apenas da elucidação do significado ou da etimologia de uma lista de nomes topográficos. No entanto, com o passar do tempo, se percebeu que seu alcance poderia ser muito mais abrangente e hoje há muitas possibilidades de estudo a partir dos nomes próprios de lugares sejam eles da área rural ou da área urbana. Por meio do estudo dos topônimos, é possível se proceder ao resgate de parte da história, da cultura, do modo de vida de grupos que 1 Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (2015). Professora da Universidade Federal da Grande Dourados.
Resumo: Neste estudo, objetivou-se analisar a toponímia indígena de acidentes físicos de nove municípios da Região Geográfica Intermediária de Rio Verde (GO). Ao orientar-se por princípios teóricos e metodológicos da Toponímia, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos: i) verificar a etimologia e os significados dos itens lexicais que passaram a exercer a função de topônimos, como forma de buscar a motivação semântica dessas unidades e classificá-las conforme o modelo taxionômico de Dick (1990a); ii)descrever os dados em termos de produtividade no universo estudado e a estrutura morfológica; iii) comparar os nomes indígenas da região goiana com os do sul de Mato Grosso do Sul, com a intenção de averiguar se a influência de línguas indígenas é a mesma em regiões onde há comunidades autóctones atualmente. A análise demonstrou que os topônimos são, em sua maioria, motivados por elementos da vegetação e da fauna regional. O cotejamento dos dados evidenciou que topônimos de origem Tupi estão nasduas áreas comparadas. Em Mato Grosso do Sul, entretanto, a atual presença de povos indígenas confere à toponímia local características distintas, ou seja, as línguas ainda faladas por essa população interferem diretamente na toponímia da região.Palavras-chave: Toponímia indígena; Acidentes físicos; Região GeográficaIntermediária de Rio Verde/GO.Abstract: This study aimed to analyze the indigenous toponymy of physical accidents in nine municipalities in the Intermediate Geographical Region of Rio Verde (GO). By being guided by theoretical and methodological principles of Toponymy, the following specific objectives were established: (i) to verify the etymology and the meanings of the lexical items that came to exercise the function of toponyms, as a way to seek the semantic motivation of these units and classify them according to Dick’s taxonomic model (1990a); (ii) to describe the data in terms of productivity in the studied universe and the morphological structure; (iii) to compare the indigenous names of the Goiásregion with those of the south of Mato Grosso do Sul, with the intention of ascertaining whether the influence of indigenous languages is the same in regions where there are indigenous communities today. The analysis showed that the toponyms are mostly motivated by elements of the vegetation and the regional fauna. The comparison of the data showed that toponyms of Tupi origin are found in both compared areas. In Mato Grosso do Sul, however, the current presence of indigenous people gives the localtoponymy distinct characteristics, i.e., the languages still spoken by this population interfere directly in the region’s toponymy.Keywords: Indigenous toponymy; Physical accidents; Intermediate Geographic Region of Rio Verde/GO.
Em estudos da toponímia brasileira, um dos procedimentos mais utilizados pelos pesquisadores quanto à análise dos nomes geográficos é a aplicação de um modelo taxionômico. O modelo de Dick (1990b), que tem como objetivo a classificação dos elementos motivadores de forma objetiva e de uma perspectiva sincrônica, inclui, por exemplo, a categoria dos crononotopônimos – topônimos com indicadores cronológicos representados pelos adjetivos novo(a) e velho(a). Quando se deseja evidenciar as causas específicas – que envolvem as razões do denominador – é necessário o levantamento de pelos menos alguns aspectos da história do acidente geográfico nomeado, isto é, a perspectiva passa a ser diacrônica. O objetivo do estudo apresentado neste texto é demonstrar que em uma mesma categoria, as causas denominativas, apesar de específicas para cada designativo, podem ser sistematizadas e divididas em grupos conforme seu conteúdo semântico. Para isso, toma-se a lista de nomes de municípios brasileiros disponibilizada pelo IBGE e separam-se os 137 considerados cronotopônimos; na sequência, investigam-se aspectos da história de cada município (especialmente a partir do Portal Cidades@ do IBGE e dos sites oficiais de cada município). No que se refere às reflexões teóricas, parte-se dos estudos de Lognon (1920), Dauzat (1947) e Dick (1990a, 1990b, 1999). A pesquisa evidenciou como principais causas denominativas dos cronotopônimos as seguintes: a) um aglomerado humano já nomeado, após atos administrativos, passa à categoria de município e inclui o adjetivo novo(a) para marcar um outro momento da história do seu desenvolvimento; b) o município recebe o nome em referência a outra cidade, estado, país etc. e, para evitar a homonímia de topônimos, inclui-se o adjetivo novo(a). Além dessas, outras causas denominativas estão descritas no artigo.
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