This article focuses on the normalization of victimization and harms caused by asbestos, a carcinogenic mineral fiber. To understand the role played by science in hiding the wounds and deaths caused by corporations, the article starts presenting the example of Brazil, where scientific discourse of foreign experts with industry ties are influencing regulation. From there, I examine the disputes for truth in six different medical journals through grounded theory. The results show that authors use some strategies to achieve credibility: avoiding to acknowlegde industry funding; constructing a specific meaning for the controversy about asbestos risks; and reflecting about the consequences os research misconducts. The ways of thinking about asbestos riks and harms are migrating through the international division of scientific labor, both to spread harm and to avoid liability of powerful agents.
Although Europe has banned asbestos since 2005, many of the occupational and environmental harms perpetrated by the industry are still appearing. The aim of this paper is to present a new methodological technique to explore and map the social perception of these environmental crimes and harms. In particular, we ask: how do social actors feel about and interpret asbestos-related environmental crimes and harms? To answer this question, we applied a technique defined as ‘itinerant soliloquy’ to a specific context: Casale Monferrato (Italy). As the cognitive dimension is not enough to catch the complexity of these events, the itinerant soliloquy tries to increase the value of the experiential and reflexive encounter of the walking, the observing, the interpreting and the narrating.
ResumoOs maiores danos causados à humanidade e ao meio ambiente são provocados pela ação concertada entre Estados e Mercados, e, notadamente por envolverem instituições detentoras dos poderes polí-tico e econômico, permanecem de fora da categoria jurídica de "crime". Diante dessa constatação, a criminologia vem se desvencilhando dessa categoria para definir seu objeto. Este trabalho se insere nessa tentativa de redefinição epistemológica do campo, versando sobre a maneira como o discurso científico, construído através de financiamentos de pesquisas pela indústria do amianto e de outras substâncias mortais, contribui, conscientemente, para o alastramento dos danos por elas causados, provocando a perda de milhares de vidas. Após categorizar esses danos corporativos como crimes dos poderosos, o trabalho avança com a análise do caso do amianto, e demonstra que, sob o véu da racionalidade e da objetividade científicas reside a adoção de um papel político dos cientistas. Para avançar na reflexão, faz-se uso da categoria "banalidade do mal", de Hannah Arendt, concluindo-se que, do ponto de vista do dano social, não há diferença entre quem fuzila milhares de pessoas e quem constrói um discurso através do qual, asséptica, mas seguramente levará à morte milhares de pessoas. Palavras-chave: Dano social. Discurso científico. Criminologia crítica. Crimes dos poderosos. Amianto. IntroduçãoUma das críticas mais potentes à criminologia positivista, desenvolvida por vários autores, destacada sobretudo na obra de Zaffaroni, é o papel legitimador desempenhado pela ciência do sé-culo XIX à atuação seletiva -classista, patriarcal e racista -do sistema penal 1 . Ao analisar o perfil do criminoso a partir da seleção pré-operada pelas agências do sistema, os cientistas confirmavam o que as instâncias de poder daquela época desejavam: não por coincidência, o perfil do criminoso descrito nos papers se identificava com a clientela já residente nas masmorras de então. Da perseguição a negros, indígenas, prostitutas e anarquistas, esse discurso -que ao final coincide com 1 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Criminología: aproximación desde un margen. Bogotá: Temis, 1988. o discurso da ordem -permitiu também a adoção de medidas drásticas contra esses grupos sociais, todas elas legitimamente justificadas pela ciência de então. Biólogos, psicólogos, criminólogos, mé-dicos: todos estavam unidos nessa luta contra a vagabundagem, a degeneração e o inconformismo, os grandes males para a moral positivista. Diante dos massacres que essa ideologia de inferiorização cientificamente embasada dos diferentes legitimou, questiona-se: de que maneira a ciência contribuiu e contribui para a grandiosidade dos danos sociais resultantes dos genocí-dios praticados por Estados e Mercados, a partir desse olhar de outrora, mas mirando a atualidade? Através do método dialético, que permite ao cientista social perceber a realidade como essencialmente contraditória, busca-se responder à questão, inicialmente no contraponto sobre o
Este trabalho se insere na tentativa de deslocamento do campo da criminologia crítica, em pelo menos dois sentidos: do urbano ao rural; do sistema de controle penal à esfera de imunização no conluio entre elites agrárias, políticas e econômicas, nacionais e transnacionais. Ciente da importância do discurso como forma de negação dos danos causados por atores poderosos, a pesquisa se orienta à análise de dois documentos relacionados ao agronegócio, um oficial e outro de propaganda. Através de revisão sistemática da literatura sobre danos sociais e crimes dos poderosos e de pesquisa documental, a conclusão aponta para uma operação de greenwashing do agronegócio pelos meios de comunicação hegemônicos e governo, através da invisibilização dos danos causados por esse modelo de produção. Busca-se a obtenção de capital simbólico para a adoção de políticas dos interesses de grandes proprietários rurais e corporações transnacionais.
O Brasil foi, até novembro de 2017, o terceiro maior exportadore consumidor de amianto no mundo, apesar de a comprovação do carátercancerígeno da fibra ter pelo menos cinquenta anos. O banimento na Europa leva as empresas a funcionarem onde o lobby encontre Estados suscetíveis ao argumento econômico em detrimento da saúde pública. Neste trabalho, trago os resultados de uma pesquisa de campo sobre o processo de vitimização pelo amianto na cidade de Casale Monferrato, primeira a bani-lo na Itália. Considerando o caráter sui generis do caso, e com o objetivo de compreender a experiência da vitimização e a passagem do dano individual à luta coletiva, apresento a análise de uma das entrevistas em profundidade realizada na cidade, além de alguns dosresultados da observação participante. Inicialmente, apresento o marco teórico criminológico crítico, sob o enfoque dos crimes dos poderosos e do dano social, além de expor o histórico da Eternit de Casale Monferrato. Na segunda, exponho as reflexões metodológicas, além de analisar uma das entrevistas realizadas. As conclusões apontam para uma ponte epistemológica construída entre os níveis micro e macro de análise a partir do campo, demonstrando sua importância política na visibilização dos danos e da luta social contra o poderio de grandes corporações.
Este trabalho se situa no campo da criminologia verde, propondo responder a seguinte questão: como deputadas e deputados federais representam a indústria da agropecuária em seus discursos sobre as causas do aquecimento global, seus responsáveis e suas vítimas? A metodologia de análise utilizada foi a Grounded Theory, a partir da qual foram analisados 40 discursos políticos coletados no site da Câmara dos Deputados, datados de 2012 a 2020. A pesquisa é qualitativa, empírica-exploratória descritiva. Os resultados apontam para a negação, ainda que não literal, da responsabilidade pelo aquecimento global dos grandes protagonistas dos danos socioambientais, como o setor agropecuário, junto do Estado e corporações.
RESUMOOndas de punitivismo dirigidas a adolescentes entram e saem do discurso público ciclicamente. O engajamento da mídia hegemônica nesse tema é o objeto deste estudo, que pretende responder à questão: de que maneira o principal jornal impresso do Brasil interagiu com as propostas criminalizadoras e infracionalizadoras provenientes da esfera política e das demandas da opinião pública em seus editoriais, desde o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente até o presente? O trabalho apresenta uma pesquisa exploratória da bibliografia sobre a atuação da mídia e suas consequências políticas na formação e aprofundamento de pânicos morais sobre a criminalidade juvenil. Na segunda parte, traz os resultados da análise de discurso dos editoriais do jornal Folha de S. Paulo. Os resultados apontam para uma mudança de postura do jornal, a partir de 2007, mantendo a contrariedade à redução da maioridade, mas apoiando o aumento do prazo de internação para dez anos. Apesar de no discurso apelar à razão, é a emoção que se sobressai na sustentação daquela política. Palavras-chave: maioridade penal; criminologia crítica; jornalismo; pânico moral. ABSTRACTPunitiveness waves guided to adolescents appear and disappear from the public discourse cyclically. The engagement of the mainstream media on this issue is the object of this study, which aims to answer the question: how the main newspaper in Brazil interacted with criminalizing proposals against youth, from the political sphere, and the demands of public opinion in their editorials since the emergence of the Statute of Children and Adolescents? The paper presents an exploratory study of the literature on the media's role and its political consequences in the formation and deepening of moral panics about youth crime. The second part brings the discourse analysis of the newspaper editorials of Folha de S. Paulo. The results point to a change in the posture of the newspaper, from 2007, holding the opposition to reduced majority, but supporting the increasing of deprivation of liberty until ten years. Although the discourse appeal to reason, it is the emotion that stands in support of that policy.
Este trabalho objetiva identificar limites e possibilidades da criminologia crítica nos estudos dos danos sociais provocados por instituições poderosas. Através de pesquisa bibliográfica, o estudo identifica como principal função da criminologia a visibilização dos danos de grandes proporções, algo que somente pode ser atingido se ampliados os seus limites epistemológicos. A pesquisa se divide nos estudos sobre crimes dos Estados, crimes dos mercados, crimes estatal-corporativos, e encerra sinalizando algumas dificuldades da pesquisa empírica na área. Destaca-se a necessidade de se fortalecer a agenda de estudo em criminologia, bem como de uma interdisciplinaridade investigativa de danos resultantes da manipulação do poder.
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