Em populações muito afetadas por reações tuberculínicas inespecíficas, o teste tuberculínico padronizado, via de regra, superestima a infecção tuberculosa. A bem sucedida aplicação do método de Bhattacharya (método gráfico para a decomposição de uma distribuição de freqüências em componentes normais) na análise de resultados do teste em população contaminada por infecçõcs atípicas sugeriu seu uso nos resultados obtidos cm populações vacinadas com BCG. Assim, na análise dos resultados de dois inquéritos tuberculínicos realizados na cidade de São Paulo, SP (Brasil), em 1982 (escolares vacinados entre o segundo e o sexto ano de vida), e em 1988 (escolares vacinados no primeiro ano de vida), foi possível a caracterização e quantificação da componente normal devida à infecção natural em cada uma das misturas. Na população de 1982 o diâmetro médio das reações foi de 17,40 mm com desvio padrão 3,72 mm, e a proporção de infectados foi de 7,71% contra 4,85% nos não vacinados; na população de 1988, o diâmetro médio foi 17,00 mm com desvio padrão 4,67 mm, e a proporção de infectados foi de 4,14% contra 4,48% nos não vacinados. Concluiu-se que o método permite estimar a prevalência da infecção tuberculosa em populações com alta cobertura vacinal, desde que a vacina tenha sido aplicada no primeiro ano de vida.
CERTAIN, D.A. et al. -Análise dos resultados da pesquisa da infecção tuberculosa e do primeiro programa de vacinação pelo BCG intradérmico em escolares de São Paulo, Brasil, 1971-1974 Rev. Saúde públ., S. Paulo, 9:125-36, 1975.RESUMO: São apresentados os resultados do programa de pesquisa da sensibilidade tuberculínica e de vacinação pelo BCG intradérmico em escolares da primeira série da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, no período de 1971 a 1974. A pesquisa tuberculínica através da aplicação do PPD, Rt-23, 2 UT, revelou, nos diferentes anos, coeficientes variando de 6,6 a 7,6% de reatores fortes e de 1,6 a 3,0% de reatores fracos. A vacinação pelo BCG intradérmico foi feita em 129.784 crianças, correspondendo a 89,7% dos 144-641 não reatores. O reteste tuberculínico feito em amostra de escolares vacinados, apresentou percentuais anuais de viragem variando de 85,6 a 96,1%. Destes,7,8 a 21,4% reagiram fracamente e 64,2 a 88,3% reagiram fortemente. Os objetivos foram alcançados, o que se pode observar pelos resultados apresentados observando receptividade do programa por parte da população trabalhada.
INTRODUÇÃOAntes da descoberta do bacilo da tuberculose em 1882 por Robert Koch, o tratamento da tuberculose era baseado em medidas empíricas quando imperavam as observações e as experiências, mais do que as teorias 18 . Gradativamente métodos eram adotados e abandonados em constantes tentativas de êxito na cura do mal. Antigos métodos como o sangramento ou medicinas purgativas eram substituídos por recomendações enfáticas sobre dietas nutritivas, mudanças de clima, higiene pessoal ou uso de drogas contendo mercúrio, iodo, sais de arsênico ou ouro.Com a descoberta do bacilo foi possí-vel o desenvolvimento de métodos preventivos ou terapêuticos mais racionais, decorrentes do conhecimento da transmissibilidade da doença. O tratamento continuava baseado apenas nos processos naturais de defesa e cura de que o próprio organismo dispunha, porém seguindo um regime higiênico-dietéti-co, geralmente feito em sanatórios e auxiliados, quando necessário, por métodos artificiais ou procedimentos cirúrgicos 2 . Em 1944, Waksman 18 iniciou uma nova era na luta contra a tuberculose, anunciando a descoberta de um medicamento especí-fico para a sua cura -a estreptomicina.A partir de então os doentes eram tratados com uma única droga e por períodos
ARANTES, G. R. et al. Estimativa do risco de infecção tuberculosa em populações vacinadas pelo BCG. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 26: 96-107, 1992. A revacinação de escolares com BCG, capaz de restaurar a alergia remanescente de vacinação realizada nos primeiros meses de vida, porém incapaz de modificar a alergia devida à infecção pelo M. tuberculosis, possibilitaria a quantificação da parcela dessa população infectada pelo bacilo de Koch. Foi desenvolvida pesquisa com o objetivo de avaliar a aplicabilidade desses pressupostos na estimativa do risco de infecção tuberculosa em áreas sob elevada cobertura com BCG. A população de estudo foi constituída por escolares com 6 a 9 anos de idade freqüentando escolas municipais da zona leste da cidade de São Paulo, durante o primeiro semestre letivo de 1988. De 11.455 vacinados, apenas 7.470 foram submetidos ao teste tuberculínico, revacinados em seguida e retestados dez semanas depois. Destes, 3.314 tinham sido vacinados no primeiro trimestre de vida com meia dose e os demais 4.156 receberam dose plena acima dessa idade (75% no primeiro ano de vida, 20% no segundo e 5% no terceiro). A contagem dos infectados, pelo confronto dos resultados pré e pós vacinais em tabelas de correlação, foi realizada segundo os critérios do método original e modificação introduzida pelos autores, separadamente para os vacinados no primeiro trimestre de vida e após essa idade. O risco de infecção foi, respectivamente, 0,35% e 0,37% com o critério original e 0,45% e 0,49% com o modificado. O referencial médio disponível para a área estudada, estimado por outros métodos, foi 0,55%. As diferenças entre critérios e idades e destes com o referencial não foram significantes (P > 0,05). Os resultados sugerem que o método é aplicável para a estimativa do risco de infecção tuberculosa na idade escolar, em vacinados com BCG no primeiro ano de vida, com dose plena de vacina. Descritores IntroduçãoAs reações cruzadas devidas a infecções por micobactérias atípicas diminuem a eficácia do teste tuberculínico padronizado 18 , comprometendo seu uso na vigilância da tuberculose. Esse efeito é tanto mais acentuado quanto mais elevada for a proporção dessas infecções em relação à prevalên-cia da infecção específica 1 .O mesmo acontece em áreas extensamente vacinadas com BCG intra-dérmico cuja influência sobre o perfil tuberculínico pode perdurar até a idade escolar, mesmo quando a vacina é aplicada nos primeiros meses de vida 3 .Em situações como essas, embora não seja possível distinguir indivíduos infectados dos não infectados, a prevalência daqueles pode ser estimada decompondo-se matematicamente o perfil tuberculínico dessas populações 4,26 .Na falta de uma tuberculina específica para o BCG, Dam e Hitze 5 propuseram um método que, ao lado da estimativa da proporção de infectados, possibilitaria a identificação dos indivíduos atingidos. Tal método é baseado em conhecimentos disponíveis sobre as inter-relações entre as hipersensibilidades devidas aos diversos agentes micobacterianos envolvidos na questão. Assim...
INTRODUÇÃOA meningite tuberculosa (MT) é a complicação mais severa de todas as formas da tuberculose, exigindo hospitalização para seu diagnóstico e tratamento inicial, uma vez que é virtualmente impossível a cura expontânea da doença. Foi durante muito tempo de prognóstico fatal, apresentando letalidade para o total de casos em todo o mundo. É de consenso geral, que o declínio dessa letalidade começou a partir da descoberta dos quimioterápicos específicos para a tuberculose, em 1945, e atualmente é uma doença que pode ser considerada curável quando diagnosticada precocemente.Escobar e col. 3, em análise feita em 1975, alegam ser a letalidade menor nos países desenvolvidos, apresentando a doença graves problemas em áreas em desenvolvimento, decorrentes de desnutrição, más condições de vida e abandono de tratamento.Para Alvarez 1 quando a prevalência da tuberculose é alta, a primo-infecção tuberculosa e a MT são freqüentes em idades mais baixas.Editorial publicado no British Medical Journal 20 mostra que a MT vem se tornando relativamente rara em países com elevados padrões médicos e sociais, podendo, com os modernos tratamentos, ser encontrada total recuperação sem seqüelas, se o tratamento foi iniciado antes da pessoa se tornar inconsiente.No Brasil, em 1981, a incidência notificada de MT em menores de 5 anos de idade, apresentada por Gerhardt 5 , foi de 1,3 por 100.000 habitantes, ou seja, 23,6% do esperado que era 5,5. Justifica o autor como sendo devido à alta cobertura de vacinação BCG em nosso meio. Acrescenta ainda que o sub-registro e a dificuldade para o diagnóstico podem influenciar esse resultado.O Ministério da Saúde*** estima que a letalidade no país, por essa enfermidade, esteja em torno de 50%, havendo "forte correlação entre o estágio da doença quando do início do tratamento e o prognóstico do paciente, sendo possível,
A monitorização de 30 indicadores epidemiológico-operacionais do programa antituberculose, executado por Unidades de Saúde, é uma tarefa complexa, quando realizada em função de normas técnicas. Os AA apresentam metodologia em uso no Japão, modificada e adaptada à realidade de São Paulo, onde foi testada em 62 unidades de Saúde que, em 1993, atenderam e notificaram 5.622 doentes acompanhados durante 14 meses. O método pressupõe, para cada indicador, distribuição gaussiana dos valores originais ou transformados matematicamente. O desempenho das Unidades em cada indicador foi comparado com a Média do conjunto, usando-se como medida a Unidade Desvio Padrão. Em 65% dos indicadores, não houve necessidade de reexpressão dos resultados e só um deles resistiu a todas as transformações tentadas. Definiu-se medida-síntese para a elaboração de Tabela de Classificação dividida em quatro setores pelos três quartis da distribuição. O desempenho do conjunto ficou aquém do esperado (a mediana foi negativa). Analisadas algumas Cartas Gráficas, a título de demonstração, foram identificadas atividades prioritárias para supervisão. A metodologia e suas modificações, bem como os resultados, foram discutidos, concluindo-se pela sua aplicabilidade. Conjugada à avaliação tradicional poderá ser de grande valia, inclusive para acompanhar a evolução do conjunto.
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