Este texto se propõe a examinar, através de leitura crítica e cerrada, três dramas brasileiros situados em dois momentos históricos de efervescência modernista – ambos ocorridos no Brasil durante o século XX – e que têm em comum a temática da família. A partir disso, objetivou-se mapear as singularidades do que seria uma tragédia à brasileira em comparação a outras formas dramáticas que se desenvolveram posteriormente em solo nacional. Os dramas são Álbum de família (1945), de Nelson Rodrigues, o eixo tonal da análise aqui proposta – dela partirá a tentativa de definir o drama trágico –, Em família (1970), de Oduvaldo Vianna Filho, e Hoje é dia de Rock (1971), de José Vicente.
No dia 7 de junho de 2019, uma sexta-feira, nos encontramos perto da estação Marechal Deodoro, região central da capital paulista. Com câmera e cadernos em mãos, deixamos para trás a área degradada e de pujante comércio popular, e paramos um pouco antes de poder sentir a aura das moradas quietas e portentosas de Higienópolis. Vladimir nos recebeu em seu apartamento de manhã cedo, vestido de preto. Sua conhecida expressão solene simpaticamente contrastava com mundanidade do copo de leitevazio que segurava quando nos abriu a porta. Sentamos, os quatro, na sala de estar, que era habitada por uma estante de livros, um par de sofás, mesa de centro e um pequeno piano de cauda. A quietudeda casa deu espaço, então, ao ressonante movimento de ideias que pode ser conferido nas páginas que seguem.
<p>Na tentativa de não contaminar nosso olhar com uma fortuna crítica expressiva de <em>Macunaíma </em>(1928), buscamos, nessas linhas que seguem, realizar uma leitura <em>interna da </em>obra, na qual os diálogos com outras ideias surgiram subordinados a tal leitura e a partir dos <em>arquivos </em>individuais e anteriores<em> – </em>para usarmos um termo de Wright Mills do ensaio<em> </em>“Do artesanato intelectual” (1959) –<em> </em>de cada autora/o deste trabalho. Nesta tarefa, percebemos a rapsódia como um mito original nacional que explora o conflito e a hibridização dos polos antitéticos da questão da integração nacional, em diálogo com um tipo de visão dicotômica do pensamento brasileiro. Nas aventuras do “herói de nossa gente”, o mosaico cultural no qual convivem o antigo e o moderno, o indígena da floresta e o homem de negócios, o mito e a razão, as figuras folclóricas e a indústria, “o brasileiro falado e o português escrito”, nos é apresentado por uma <em>dualidade </em>(e nos encontros) entre o <em>mato-virgem</em>, lugar incaracterístico, universo mítico, desgeografizado, não letrado, cujo tempo e espaço não obedecem a um padrão racional e secularizado, e a <em>cidade </em>de São Paulo, corpórea, lugar das máquinas, das Letras e da civilização. Sugerimos que as tensões, os impasses e as ambivalências que constituem essa dualidade formalizam esteticamente uma “razão macunaímica”, apresentando ao leitor um Brasil que vive entre Brasis, sem sínteses resolutivas e em embates não necessariamente felizes e tranquilos, mas, por vezes, violentos e devastadores.</p>
O objetivo deste texto é contribuir para o debate sobre os cortes no orçamento da Universidade Estadual de Campinas propostos pela reitoria no ano de 2016. Pretendese refletir sobre tal contingenciamento à luz da estrutura orçamentária em geral. Primeiro, apresenta-se o quadro atual do financiamento da Universidade Pública, e, particularmente, da Unicamp. Em seguida, discute-se esse quadro tendo em vista a estrutura tributária mais geral e das soluções de resolução apresentadas para o déficit orçamentário. Buscamos aqui pensar esses cortes no orçamento relacionando-os à atual conjuntura econômica, sem perder de vista a estrutura do financiamento do ensino universitário público. Com essa reflexão, pretendemos trazer mais subsídios para o debate sem abrir mão das demandas em favor de políticas de financiamento e de um projeto de ensino democrático e a serviço do público.
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