Resumo O objetivo deste estudo foi investigar prevalências de falhas no diagnóstico, no uso de anti-hipertensivos e na eficácia do tratamento medicamentoso da hipertensão, e a associação destes parâmetros com variáveis sociodemográficas, de saúde e acesso ao serviço de saúde em idosos não institucionalizados. O estudo foi descritivo, transversal, com 3478 idosos, analisados separadamente em regiões Norte/Nordeste e Sul/Sudeste. Utilizou-se a regressão múltipla de Poisson para estimar razões de prevalência brutas e ajustadas pelo tipo de serviço de saúde utilizado. Do total, 29,6% dos idosos apresentaram falhas no diagnóstico, 4,6% no uso de anti-hipertensivos e 65,3% na eficácia medicamentosa. A falha no diagnóstico associou-se ao sexo masculino, menos morbidades, ter um companheiro, raça/cor branca, ter acesso ao convênio ou serviço privado de saúde, possuir renda pessoal inferior/média e ainda trabalhar. A falha no uso de anti-hipertensivos esteve associada à renda pessoal inferior/média e trabalhar. As falhas no manejo da hipertensão são prevalentes em idosos não institucionalizados. Há necessidade de ações que minimizem os impactos negativos destas insuficiências em saúde, em um país com diferenças sociais, econômicas e étnicas.
O desfecho da infecção pelo SARS-CoV-2 não se associa apenas à idade e a comorbidades, mas também agrava-se por vulnerabilidade social. Este estudo tem como objetivo analisar, segundo vulnerabilidade social, a sobrevida e a letalidade hospitalar por COVID-19 para os primeiros 100 dias entre sintomas até o óbito em indivíduos de 50 anos ou mais hospitalizados no Brasil. Trata-se de uma coorte retrospectiva das Semanas Epidemiológicas 11, de 2020, a 33, de 2021. O Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) forneceu dados clínico-epidemiológicos. O Índice Socioeconômico do Contexto Geográfico para Estudos em Saúde (GeoSES) mensurou vulnerabilidade social. Para sobrevida, utilizou-se a curva de Kaplan-Meier e o modelo ajustado de riscos proporcionais de Cox, com hazard ratio (HR) e intervalos de 95% de confiança (IC95%). Dentre os 410.504 casos, a letalidade geral foi de 42,2%, sendo 51,4% os indivíduos mais vulneráveis. Por faixa etária, registra-se a presença de maior letalidade para os piores status socioeconômicos em todas as categorias; para 50-59 anos, registra-se o dobro. O modelo ajustado de Cox mostrou aumento de 32% de risco para óbito (HR = 1,32; IC95%: 1,24-1,42). Ademais, homens, idosos, pretos ou indígenas, com múltiplas comorbidades e submetidos à ventilação invasiva apresentam maior risco de óbito após hospitalização. É necessário que medidas políticas intersetoriais sejam direcionadas para mitigar os efeitos da pandemia de COVID-19 agravados pela vulnerabilidade social.
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