Resumo: Este artigo aborda o processo de construção de uma categoria discursiva: povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Trata-se de uma expressão adotada para nomear os grupos praticantes das religiões afro-brasileiras no âmbito das políticas públicas ancoradas no debate acerca da diversidade cultural no Brasil. O intuito, assim, é de refletir sobre os caminhos escolhidos pelo movimento afro-religioso para organizar e apresentar sua agenda nesse contexto. A análise apresentada é baseada na leitura dos documentos relacionados, principalmente, à Política de Promoção da Igualdade Racial, entre 2003 e 2014. Busca-se ainda pensar nas consequências da brusca ruptura ocorrida no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff no caso específico analisado, uma vez que se tratam de políticas públicas desenvolvidas não apenas como parte de um governo, mas como um projeto de estado atreladas aos ditames de organismos internacionais. Palavras-chave:Povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Diversidade cultural. Religiões afro-brasileiras.Abstract: This paper analyses the process of building a discursive category: Traditional People and Communities of African Matrix. This is an expression used to name the Afro-Brazilian religions practitioners on the public policies of cultural diversity in Brazil. The aim of this paper is to think how the Afro-religious movement organizes
Este artigo tem como objetivo problematizar as políticas públicas, em especial a política de promoção da igualdade racial, no que tange às religiões afro-brasileiras. Essas religiões ganharam maior destaque nas ações governamentais a partir do momento em que o movimento negro passou a integrá-las ao seu discurso em prol da igualdade de direitos. As religiões afro-brasileiras, que antes eram uma das fontes que pautavam a construção da identidade nacional, passaram também a ser uma das bases para a constituição da identidade negra. Uma disputa simbólica pela herança africana que remete às questões culturais e étnicas, reconfiguradas em um contexto de globalização.
Resumo Neste artigo, analiso a presença afro-religiosa na Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, entre 2003 e 2018. Busco, assim, pensar sobre como as religiões afro-brasileiras, que surgiram entre os negros e que na atualidade estão abertas a todos, são mobilizadas no discurso de combate ao racismo. Para tanto, baseio-me em documentos produzidos pelo governo federal, na bibliografia a respeito do tema proposto e na minha experiência de campo junto ao movimento afro-religioso. Ao marcarem presença no debate racial, os afro-religiosos criaram a categoria “povos e comunidades tradicionais de matriz africana” e se organizam em uma outra frente para se defenderem dos ataques advindos de grupos evangélicos, classificados, nesse contexto, como “racismo religioso”.
Em Belo Horizonte, desde o começo do século XX, um quadrilátero localizado no centro da cidade, entre a estação de trem e a rodoviária, tem abrigado uma zona de baixo meretrício, a chamada zona grande. Atualmente, funcionam na região em torno de vinte hotéis, onde cerca de 2 mil mulheres atendem a seus clientes. Este artigo discute a relação entre identidade, trabalho sexual e território entre as mulheres dessa zona grande. Busca-se refletir também em que medida a construção de uma identidade profissional, de trabalhadoras do sexo, poderia contribuir para o empoderamento dessas mulheres, favorecendo uma organização que as habilite a reivindicar, entre outras questões, a sua permanência nesse local. Essa é uma região visada por políticas de intervenção urbana que buscam "higienizar" a área, retirando dali os hotéis e as pensões onde trabalham essas mulheres. A ideia, então, é incorporar à discussão de identidade a relação com o território.
Resumo: Este artigo aborda o processo de construção de uma categoria discursiva: povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Trata-se de uma expressão adotada para nomear os grupos praticantes das religiões afro-brasileiras no âmbito das políticas públicas ancoradas no debate acerca da diversidade cultural no Brasil. O intuito, assim, é de refletir sobre os caminhos escolhidos pelo movimento afro-religioso para organizar e apresentar sua agenda nesse contexto. A análise apresentada é baseada na leitura dos documentos relacionados, principalmente, à Política de Promoção da Igualdade Racial, entre 2003 e 2014. Busca-se ainda pensar nas consequências da brusca ruptura ocorrida no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff no caso específico analisado, uma vez que se tratam de políticas públicas desenvolvidas não apenas como parte de um governo, mas como um projeto de estado atreladas aos ditames de organismos internacionais. Palavras-chave:Povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Diversidade cultural. Religiões afro-brasileiras.Abstract: This paper analyses the process of building a discursive category: Traditional People and Communities of African Matrix. This is an expression used to name the Afro-Brazilian religions practitioners on the public policies of cultural diversity in Brazil. The aim of this paper is to think how the Afro-religious movement organizes
<div><p class="trans-title">Este artigo aborda o registro das festas dedicadas ao Rosário de Maria como um patrimônio cultural imaterial do Brasil. Desde 2008, está em curso o processo de patrimonialização dessas festas no âmbito nacional. Essa ação se inscreve no controverso domínio do patrimônio cultural imaterial difundido em escala global pela UNESCO e que se baseia em um discurso que confere à globalização a capacidade de homogeneizar as culturas. A diversidade cultural do planeta estaria, assim, ameaçada. Diante dessa ameaça, haveria a necessidade de salvaguardar certas práticas culturais. Porém, no referido caso, trata-se de festas. As festas, notadamente as religiosas, são entendidas como o momento da produção do fato coletivo, da vida. E, dada a sua própria dinâmica, as festas não estariam em vias de desaparecimento. Dessa forma, o argumento estatal para registrar as festas como patrimônio entra em tensão com sua própria dinâmica.</p><p class="trans-title"> </p><p class="trans-title"><strong>THE HERITAGIZATION OF THE OUR LADY OF THE ROSARY’S FESTIVALS: between social life and state’s practices</strong></p><p>This paper is about the heritagization of the Our Lady of the Rosary’s festivals, also named “Congadas de Minas”, in Brazil. This process started in 2008 by the Brazilian federal agency for cultural heritage, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). The immaterial cultural heritage policy is based on the statement that the globalization threatens the cultural diversity in the planet. For that reason, some cultural practices, such as the Our Lady of the Rosary’s festivals, should be preserved. Nevertheless, in this specific case, the cultural practice is a festival. The festivals, especially the religious ones, are the moment when the collective phenomenon that animates social life is produced. Because of their own dynamic, the festivals do not have a risk to disappear. Therefore, the argument that bases the heritagization policies is in conflict with the dynamic of the Our Lady of the Rosary’s festivals.</p><p><strong>Key words: </strong>Festival; Our Lady of the Rosary; Immaterial cultural heritage; Safeguarding; Globalization</p><p class="trans-title"><strong><br /></strong></p></div><div><p class="trans-title"><strong>LES FETES DU ROSAIRE EN TANT QUE PATRIMOINE: entre le vecu et la pratique de l’état</strong></p><p>Cet article porte sur la patrimonialisation de fêtes en hommage à Notre-Dame du Rosaire, appelée aussi “Congadas de Minas”, au Brésil. Depuis 2008, ce processus est en cours par l’organisme gouvernemental en charge de la politique du patrimoine, l’Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Cette action patrimoniale est inscrite dans le controversé domaine du patrimoine culturel immatériel, diffusé globalement par l’Unesco et basé sur le discours selon lequel la mondialisation a la capacité d’homogénéiser les cultures. La diversité culturelle de la planète serait, ainsi, menacée. À cause de cela, les États devraient préserver quelques pratiques culturelles. Cependant, le cas mentionné faire référence aux fêtes, notamment aux fêtes religieuses, qui sont le moment de la production du fait collectif, de la vie sociale. De cette façon, grâce à sa propre dynamique, ces fêtes ne sont pas menacées de disparition. Par conséquent, l’argumentation de l’État pour mise en patrimoine les fêtes de Notre-Dame du Rosaire est en conflit avec la dynamique de ces fêtes.</p><p><strong>Key words: </strong>Fête; Notre-Dame du Rosaire; Patrimoine culturel immatériel; Sauvegarde; Mondialisation</p><p class="trans-title"><strong><br /></strong></p></div>
Este artigo propõe uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das religiões afro-brasileiras, com foco especial no candomblé. Desde pelo menos a década de 1950, essa religião, quando entendida como um dos elementos que compõem a cultura popular, sobretudo os vinculados aos afrodescendentes, tem sido valorizada na construção de uma ideia de nação brasileira. No entanto, tal valorização não ocorre sem conflitos e negociações, evidenciados no tombamento de alguns terreiros de candomblé pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Dentre os poucos terreiros alçados a patrimônio nacional, os de matriz jeje-nagô são predominantes. Associações de adeptos de candomblé que reivindicam uma herança cultural banta questionam essa hegemonia. Para tanto, esforçam-se em cravar à sua representação uma raiz africana “autêntica”, lançando-se na busca de uma África banta, ou tentam fazer da “mistura” sua marca distintiva
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.