Até que ponto a experiência do leitor de livros juvenis subjuga-se ao esteticismo padrão imposto pela lógica do mercado editorial hegemônico que visa não apenas à obtenção de lucro? A hipótese deste artigo considera que o público consumidor tem sua sensibilidade estética reduzida a uma condição heterônoma. A partir de uma hermenêutica teórico-crítica, fundamentada na filosofia de Theodor Adorno, o objeto de análise é a lista (2014 a 2018) das obras “infantojuvenis” mais vendidas no Brasil, problematizada a partir do conceito de fetichismo da mercadoria cultural. Por meio de uma negação determinada da cultura afirmativa que tece loas a livros de consumo rápido, defende-se que no âmbito da dinâmica contraditória da realidade escolar residem as condições possíveis para se abalar o princípio do valor de troca, imperativo categórico que se sobrepõe à formação estética para a autonomia.
Resumo: Este artigo, ancorado na perspectiva bakhtiniana enunciativa-discursiva da linguagem, objetiva refletir como a diretriz de educação literária é abordada na Política Nacional de Alfabetização (PNA) e em que medida se configura como uma concepção afim ao ideário neoliberal gestor de sua implementação. A partir de uma análise documental, debruça-se sobre o "Caderno da PNA", oficializado em 2019. Neste texto, pondera-se que essa é uma política de governo, marcada pelo recrudescimento da desigualdade social, do retrocesso e do ultraconservadorismo, que rejeita o debate público inerente à democracia e fere a dimensão crítica da alfabetização. Conclui-se que essa diretriz se fundamenta em uma política pública neoliberal que fragiliza a possibilidade de uma educação literária crítica e, assim, priva, sobretudo, sujeitos em processo de alfabetização, de um direito inalienável: a Literatura.
Este artigo problematiza o tratamento dispensado às ilustrações do programa governamental Conta pra Mim (2020). Apresenta os avanços inerentes à literatura infantil na dimensão das relações étnico-raciais, bem como expõe o contexto histórico de implementação dessa política pública. A partir da contribuição de Vigotski, recorre aos conceitos de imaginação, e criatividade e elege como corpus analítico duas ilustrações circunscritas na categoria “livros de ficção” presentes no acervo do programa. Argumenta que a atual política governamental ignora os avanços no campo da literatura infantil e das discussões e lutas inerentes à educação para as relações étnico-raciais, por meio de uma política de branqueamento. Conclui que tal intento se constitui em um obstáculo à imaginação, criação e fantasia e presta um grande serviço à manutenção de um imaginário social fundamentado em padrões eurocêntricos hegemônicos.
Este artigo, resultado de uma pesquisa documental, analisa as concepções de leitura literária referendadas pelos programas (Profa, Pró-Letramento e Pnaic) federais de formação de professores alfabetizadores do início do século XXI em cotejo com o relatório Educação: um tesouro a descobrir. Em diálogo com a teoria bakhtiniana da linguagem, argumenta que ao se conceber a leitura literária de modo reducionista e superficial, chancelada por esses programas internacionais e políticas públicas educacionais, silenciam-se as dimensões estéticas, sócio-históricas e axiológicas, próprias do texto literário. Assim, o aparente modo inofensivo com o qual a leitura literária aparece nesses programas, mesmo que sob o epíteto de contribuição para formação de leitores/as, bem como de rejeição ao analfabetismo, confirmam, paradoxalmente, a palidez da própria refutação e colaboram para consolidar, ainda mais, a precariedade das políticas oficiais de governo para o campo da educação brasileira.
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