Esse trabalho aborda a obra fotográfica de Pierre Verger, na perspectiva da (re)leitura das suas imagens como suporte interpretativo no ensino de artes. A experiência ocorreu em uma turma de escola pública de ensino médio no município de Lauro de Freitas, Bahia, Brasil. Como fio propulsor traz a premissa de Ana Mae Barbosa, na qual é preciso desenvolver nos alunos a consciência política, a desmistificação dos mitos colonizadores e o estudo de movimentos descolonizadores. Analisou-se 30 imagens selecionadas do acervo da Fundação Pierre Verger, cujos critérios de seleção foram figuras humanas e elementos da cultura baiana. A dialética das (re)leituras e da produção autônoma resultou em uma potente intervenção na própria realidade e visão de mundo dos alunos.
Este trabalho trata de uma abordagem descritiva sobre a arte fotográfica de Pierre Verger focalizada no seu olhar sobre a cultura afro-brasileira na Bahia. Discute-se aqui o olhar etnográfico de Verger direcionado para a população afro-brasileira, trazendo uma linguagem de interseção entre a fotografia e a etnologia. As imagens que traduzem o recorte do sincretismo religioso nos rituais do Candomblé são entendidas como uma linguagem visual própria e não limitado à um simples documentário. Entende-se as imagens como uma das formas de manifestação da arte afro-brasileira a qual representa uma estratégia de resistência dos escravos africanos na Bahia, através de seus elementos culturais vindos de um regime servil, com valores que emergiram no novo ambiente. Pretende-se, assim, contribuir para o conhecimento da interface entre a identidade cultural/ancestralidade afrodescendente e a arte das fotografias de Verger, na perspectiva do processo de fortalecimento da identidade cultural da comunidade afrodescendente na Bahia.
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