O protecionismo dos países industrializados representa, como se sabe, um obstáculo poderoso à solução do problema da dívida externa latino-americana. Os seus efeitos negativos sobre o desempenho econômico e a capacidade de pagamento da América Latina são conhecidos. Dada a importância desses mercados, as medidas de contenção das importações e de subsídios às exportações adotadas pelos países industrializados vêm prejudicando de modo significativo tanto as quantidades como os preços dos produtos exportados pelas economias latino-americanas.Ainda que o impacto do protecionismo não possa ser quantificado com precisão, não resta dúvida quanto ao fato de que a redução no acesso aos mercados dos paí-Rev. Adrn. Empr. ses industrializados contribuiu significativamente para a estagnação das exportações da América Latina na primeira metade da década de 80. Ao afetar de forma negativa as exportações, o protecionismo dos países industrializados traduz-se evidentemente em diminuição da capacidadede importar das economias latino-americanas, o que dificulta a superação da crise econômica em que se encontra a maior parte da região. Na realidade, o crescimento do protecionismo constitui apenas um dos elementos de uma deterioração global do contexto internacional em que se insere a questão do endividamento externo da América Latina. Não apenas no plano comercial, mas também no plano financeiro, as condições externas com que se defróntam as economias latino-americanas têm evoluído de forma geralmente desfavorável ao longo da década de 80. Taxas de juros internacionais extraordinariamente elevadas em termos reais e a forte contração dos influxos de capital transformaram as economias da América Latina em exportadoras de recursos reais. Estimativa da Cepal situa em nada menos que US$106 bilhões a transferência de recursos financeiros realizada pela América Latina entre 1982e 1985.O impacto profundamente negativo desta transferência foi magnificado pelo lento crescimento do comércio mundial e por uma acentuada deterioração nos termos de troca. Combinadas com políticas domésticas muitas vezes inadequadas, essas tendências internacionais acabaram resultando na crise econômica mais séria enfrentada pela América Latina desde os anos 30.A finalidade deste trabalho é apresentar algumas informações sobre a evolução e os efeitos do protecionismo dos países industrializados e discutir os principais aspectos da crise de endividamento externo da América Latina. A primeira seção descreve as origens do movimento protecionista recente, sua natureza e os principais instrumentos utilizados. Na segunda seção, são apresentadas diversas estimativas do impacto do protecionismo. A seção final examina as implicações da transferência de recursos ao exterior e procura mostrar o caráter insustentável da situação que vem prevalecendo nos últimos anos. A NATUREZA DO PROTECIONISMO RECENTEO protecionismo é uma prática quase tão antiga quanto o intercâmbio comercial entre países. O que tem variado ao longo do tempo são a natureza das restrições, o alcance e a prof...
A finalidade deste artigo é apresentar algumas informações sobre a evolução e os efeitos do protecionismo dos países industrializados e discutir os principais aspectos da crise de endividamento externo da América Latina. A primeira seção descreve as origens do movimento protecionista recente, sua natureza e os principais instrumentos utilizados. Na segunda seção, são apresentadas diversas estimativas do impacto do protecionismo.A seção final examina as implicações da transferên-cia de recursos ao exterior e procura mostrar o caráter insustentável da situação que vem prevalecendo nos últi-mos anos.Rev. Adm. Empr.Rio de Janeiro, 27(4)45-56 out./dez. 1987
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