ResumoPara discutir a importância de incorporar os índios na História do Brasil como protagonistas, apresento uma reflexão sobre algumas mudanças historiográfi-cas resultantes dessa incorporação, apontando a relevância acadêmica, social e política dessa prática. A inclusão dos índios em nossa história na condição de sujeitos tem propiciado novas interpretações sobre vários temas. Este artigo aborda alguns deles, priorizando minha pesquisa sobre os índios no Rio de janeiro, em perspectiva comparativa com outras regiões do Brasil. Lembrando que a história indígena articula-se com as histórias colonial e nacional, o texto enfatiza a importância de estreitar diálogos entre os especialistas para compreensões mais complexas dos processos históricos. do ponto de vista político e social, as novas interpretações históricas sobre os índios cumprem o papel essencial de desconstruir ideias preconceituosas e discriminatórias. Palavras-chave: protagonismo indígena; historiografia; história indígena.
AbstractTo discuss the importance of incorporating the Indians in the History of Brazil as protagonists, I present a reflection on some historiographical changes resulting from such incorporation, pointing out the academic, social and political relevance of this practice. The inclusion of the Indigenous agency in our history has provided new interpretations on various themes. This article addresses some of them, focusing primarily on my research on the Indians in Rio de janeiro, in a comparative perspective with other regions of Brazil. Considering that the Indian history is articulated with colonial and national histories, the text emphasizes the importance of increasing dialogues among specialists for more complex understandings of historical processes. From the political and social point of view, these new historical interpretations have an essential role of deconstructing prejudiced and discriminatory ideas against the Indians.
ResumoCom o objetivo de refletir sobre o lugar dos índios na história, considerando sua invisibilidade enquanto sujeitos históri-cos no século XIX e o protagonismo crescente revelado pela historiografia atual, o artigo analisa de forma conjunta questões relativas à política indigenista do Impé-rio, à cultura política indígena, ao nacionalismo e à etnicidade, enfocando a problemática das controvérsias e imprecisões sobre as classificações étnicas e os conflitos de terra nas antigas aldeias coloniais. Palavras-chave: política indigenista do Império; cultura política indígena; etnicidade.
AbstractAiming to reflect on the place of Indians in history, considering their invisibility as historical agents in the nineteenth century and their growing protagonism revealed by current historiography, this article jointly analyzes matters related to the Empire indigenous policy, the indigenous political culture, the nationalism and ethnicity, focusing on the issues of controversy and inaccuracy on ethnic classifications and land conflicts in the erstwhile colonial indigenous villages. Keywords: Empire indigenous policy; indigenous political culture; ethnicity.A reflexão sobre o lugar dos índios na história, considerando sua invisibilidade enquanto sujeitos históricos no século XIX e o protagonismo crescente revelado pela historiografia atual implica, a meu ver, analisar de forma conjunta algumas questões que serão priorizadas neste artigo. Refiro-me à política indigenista do Império, à cultura política indígena, ao nacionalismo e à etnicidade, enfocando a problemática das controvérsias e imprecisões sobre as classificações étnicas e os conflitos de terra nas antigas aldeias coloniais.Em 1992, no texto Política indigenista no século XIX,
ão é conforme aos meus princípios religiosos e políticos o querer estabelecer minha autoridade […] por meio de mortandades e crueldades contra os índios, extirpando as suas raças, que antes desejo adiantar, por meio da religião e civilização,[…] e que só desejo usar da força com aqueles que ofendem os meus vassalos, e que resistem aos brandos meios de civilização que lhes mando oferecer"
Os índios retratados por Jean-Baptiste Debret são por ele classificados nas categorias de selvagens e civilizados e reconhecem-se neles, tanto nas imagens quanto nos textos a elas correspondentes, significativos sinais de mestiçagem. Algumas aparentes contradições do autor indicam considerável continuidade e fluidez entre os ditos estados de selvageria e civilização; e de mestiçagem e indianidade. Índios e mestiços, "selvagens" e "civilizados" interagiam e confundiam-se nas sociedades americanas e nas imagens e classificações do autor. O objetivo deste texto é refletir sobre essas interações complexificando as categorias de índios e mestiços, selvagens e civilizados, a partir de abordagens interdisciplinares que, ao historicizar os conceitos de cultura e etnicidade, permitem um novo olhar sobre relações interétnicas e processos de mestiçagem.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.