Por Maria Luisa Nabinger de Almeida, Doutora em Ciên-cia Política pela USP, Professora do Departamento de Fun- Sociologia uma "Ciência de relações" por excelê/n~ia: além de abordar o desenvolvimento de uma log1ca e1npresariaJ e as inovações no processo de trabalho do setor jornalístico, o livro indicou, ainda, as transformações do processo produtivo da informação em consonância com o processo de acumulação, desde o periodo liberal até a fase do capitalismo monopolista tardio. O estudo de caso, que abrange a formação do grupo FOLHAS, traduziu, assim, a ambivalência da indústria cultural: a imprensa, urna vez integrada, pouco a pouco, aos elementos próprios de uma empresa moderna, torna-se um produto com valor de troca, ou seja, uma mercadoria.Folhas ao Vento se estruturou de acordo com essa ló-gica. De início, a imprensa se expressou enquanto uma "mercadoria envergonhada", cuja ''missão" não visava ao lucro: "As práticas mercantis não tinham sido totalmente sancionadas de um ponto de vista ético, e menos ainda quando referentes à me-rcantilização do trabalho intelec-Da "Empresa Emergente", o grupo FOLHAS atinge a fase da "Empresa Explícita" (I e li Partes), consolidando tanto a empresa (sujeito) com a construção das bases físicas e empresariais, quanto o produto: a informação (objeto). Doravante, o mecanismo de "concentrar para diversificar" se expressou não só através do aumento do número de páginas, como ainda implicou na diversificação dos produtos: além da Folha da Noite e Folha da Manhã, foi criada a Folha da Tarde. O resultado dessas modificações editoriais consistiu, posteriormente, na criação de Cadernos -"Assuntos diversos
11, Economia e finanças, Esportes, Crônica Social, "Atualidades e Comentários", "Mulher e Lar'', desbravando o caminho para a chamada ' 1 imprensa de massa".Até aqui, não é exagero aproximar o desenvolvimento do setor jornalístico com as características do putting out system e do factory system, experimentado pelos demais setores produtivos. Aliás, a autora, ao buscar a caracterização da atividade jornalística como um trabalho produtivo, do ponto de vista marxista, alcançou o cerne da evolução histórica do setor e, em particular, do grupo FOLHAS. Assim, tanto a publicidade quanto os setores automobilístico, financeiro e outros, na qualidade de anunciantes, promoveram a consolidação da indústria cultural, cuja alavanca principal se concentrou no próprio Estado burocráti-co-autoritário.A "Empresa· Rainha 11 e "O Conglomerado"(Ill e IV Partes), expressaram, por conseguinte, outro estágio do "binômio centralização-diversificação: o grupo FO-LHAS não só recmnpôs o processo produtivo-produ-