Este artigo apresenta algumas reflexões sobre os usos sociais da fotografia na documentação das transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro. Desde o século XIX, a imagem fotográfica foi utilizada como recurso privilegiado para a representação visual da cidade e a criação de memórias, individuais e coletivas, das grandes obras de engenharia promovidas pelo Estado. Nos primeiros anos do século XX, esse gênero de fotografia foi essencial para a difusão de uma nova imagem da então capital federal associada aos ideais de progresso e civilização. Construída entre 1904 e 1905, a Avenida Central representou uma das principais intervenções humanas na paisagem carioca, destacando-se neste empreendimento a figura de Paulo de Frontin, engenheiro que esteve à frente de diversas obras públicas do país, entre o final do século XIX e o início do século XX.
<p>Este artigo apresenta e discute um conjunto de informações, algumas das quais inéditas, sobre um retrato de Machado de Assis (1839-1908) atribuído ao fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923).Analisando essa imagem, bem como seu contexto de produção e circulação (1880-1884), procuramos identificar e amplificar questões relevantes para o estudo das relações entre literatura e fotografia. Acredita-se que a história da fotografia em geral, e a história desse retrato em particular, quando articuladas ao cenário editorial brasileiro nos Oitocentos e à imensa fortuna crítica hoje existente sobre a vida e a obra de Machado de Assis, podem iluminar aspectos ainda obscuros da biografia do escritor e, ao mesmo tempo, lançar novas indagações e interpretações sobre sua imaginação criadora.</p>
RESUMO: Este artigo apresenta e contextualiza uma correspondência inédita, encontrada no Centre des archives diplomatiques de Nantes (França), sobre a invenção da "polygraphia" pelo francês Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879). Florence residia no Brasil, na vila de São Carlos, atual cidade de Campinas, quando encaminhou ao Ministério do Interior da França, em 1831, um pedido de recompensa por ter inventado um processo de impressão multifuncional. Ele jamais receberia qualquer resposta do governo francês para essa petição. Mesmo assim, dedicou o resto de sua vida a outras invenções e experimentos, entre os quais a fotografia, legando à posteridade o relato dessas iniciativas e a frustração de não ter sido reconhecido em seu país de origem como o primeiro a concebê-las. Celebrado em sua época como o inventor da daguerreotipia, primeiro processo fotográfico mundialmente conhecido, Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) também foi alvo de variadas formas de desprestígio em seu país natal e só mais recentemente sua figura começa a ser reabilitada pela historiografia francesa. Florence, por sua vez, é hoje reconhecido no Brasil e no exterior como um dos múltiplos inventores de processos fotográficos, ao lado do próprio Daguerre. Observando-se as histórias de vida e os relatos biográficos sobre Florence e Daguerre, podem ser confrontadas as redes de sociabilidade, as estratégias de valorização e as formas de reconhecimento de dois "homens de invenções" do século XIX, situados em contextos culturais muito distintos e, ao mesmo tempo, interligados. O Jornal do Commercio, a 17 de janeiro de 1840, trazia a notícia de que a primeira experiência com o daguerreótipo ocorrera no Rio de Janeiro, naquela manhã, poucos meses depois de os franceses terem revelado ao mundo, a 19 de agosto de 1839, os segredos de sua invenção, já tão comentada desde o início do ano. O capelão francês Louis Comte, viajando a bordo do Oriental, um navio-escola da marinha mercante francesa, como professor de desenho, canto e música, em uma expedição ao redor do mundo, foi quem realizou as primeiras demonstrações do aparelho nas imediações do Paço imperial (na atual Praça XV de Novembro, centro da cidade), repetindo-a, poucos dias depois, no Paço de São Cristóvão, diante do jovem Pedro II, futuro imperador do Brasil. Passados quase cento e setenta anos desse acontecimento de indiscutível importância para a história da difusão mundial da fotografia, ainda são pouco conhecidas as múltiplas dimensões de uma expedição singular para a compreensão das relações culturais, comerciais e diplomáticas dos países envolvidos.A idéia de localizar, reproduzir, transcrever e estudar, em instituições do país e do exterior, a documentação sobre a viagem do Oriental e a chegada da daguerreotipia ao Brasil era um desejo antigo que agora, finalmente, está se concretizando em um projeto de pesquisa intitulado Imagem e circulação de inovações 2 . Esse projeto tem como principal motivação o estudo da difusão mundial da fotografia entre os anos 1839-1840 e, mais espe...
Este artigo apresenta e discute um conjunto de informações, algumas das quais inéditas, sobre um retrato de Machado de Assis (1839-1908) atribuído ao fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923). Analisando essa imagem, bem como seu contexto de produção e circulação (1880-1884), procuramos identificar e amplificar questões relevantes para o estudo das relações entre literatura e fotografia. Acredita-se que a história da fotografia em geral, e a história desse retrato em particular, quando articuladas ao cenário editorial brasileiro nos Oitocentos e à imensa fortuna crítica hoje existente sobre a vida e a obra de Machado de Assis, podem iluminar aspectos ainda obscuros da biografia do escritor e, ao mesmo tempo, lançar novas indagações e interpretações sobre sua imaginação criadora.
A cidade do Rio de Janeiro e os temas que entrelaçam sua história têm sido cobertos por livros fotográficos dos mais diversos tipos, lançados no Brasil e no exterior, há mais de um século. Este artigo, considerando a natureza complexa e multifacetada das narrativas textuais e visuais apresentadas nessas obras, bem como a exigência de uma abordagem multidisciplinar para o tema da desigualdade no âmbito de uma história dos conceitos, procura problematizar a visualidade da pobreza na representação da “paisagem carioca”, tomada aqui como uma construção simbólica e patrimonial. A pesquisa em curso tem por premissa a polissemia da paisagem e da desigualdade e suas múltiplas dimensões epistemológicas, como conceitos que atravessam a filosofia, o direito, a sociologia e a história, tanto quanto a literatura e as artes em geral. O artigo trata mais detidamente da vida e da obra do fotógrafo alemão Hans Mann (?-1966) e dos fotolivros que realizou sobre a América do Sul, publicados entre as décadas de 1940 e 1960, entre os quais destaca-se aquele dedicado ao Rio de Janeiro (Zauberhaftes Rio/ Strollingthrough Rio, 1958).
Resumo: O artigo analisa a singularidade de Antonio Lopes Mendes (1835-1894), agrônomo português que viajou por seu país e pelo mundo (especialmente Índia e Brasil) integrando missões científicas e comerciais. Essa experiência resultou em abundante material textual e iconográfico, ainda pouco estudado. Como outros 'homens de ciência' e politécnicos de seu tempo, Lopes Mendes demonstrou notória sensibilidade para a expressão visual, realizando estudos comparativos com a 'imparcialidade' e a 'singeleza' de seu traço. Desenhista atento, meticuloso e prolixo, ele esteve no Brasil entre 1882 e 1883, quando percorreu várias províncias do país e, mais detidamente, a região Norte. As descrições textuais e visuais que compõem suas observações de campo nos ajudam a compreender a interdisciplinaridade do conhecimento científico, assim como sua constituição e comunicação pelas artes visuais no século XIX.Palavras-chave: Expedições. Viajantes. Artes visuais. Desenhos. Geografia. Coleção Geyer.Abstract: This article analyses the singularity of Antonio Lopes Mendes (1835-1894), a Portuguese agronomist who travelled his own country and around the world (especially India and Brazil) joining scientific and commercial missions. This experience resulted in an abundant textual and iconographic documentation, still barely studied. Like other 'men of science' and polytechnicians at the time, Lopes Mendes showed a notorious sensibility for visual expression, making comparative researches with the 'impartiality' and 'simplicity' of his drawings. As an attentive, meticulous, and productive drawer, he stayed in Brazil between 1882 and 1883, going through many regions of the country, and closely examined the North. The visual and textual descriptions of his fieldwork help us understanding the interdisciplinary nature of the scientific knowledge, as well as its structure and communication through visual arts in the 19 th century.
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