A precariedade do acesso e permanência na terra é um problema agrário enraizado na estrutura social do Brasil, com expressividade, nas regiões com maiores desigualdades sociais no campo. E essa situação se agrava quando o Estado se propõe a solucionar o déficit da política de reforma agrária com programas que visam à inserção dos agricultores familiares pobres no mercado do biodiesel. O artigo em questão buscou analisar como o modelo de assentamento público-privado instalado no sul do Piauí no ano de 2005, contribuiu para atingir a dimensão social do Programa Nacional de Uso e Produção do Biodiesel - PNPB. Nessa experiência de assentamento, os agricultores foram assentados na condição de parceiros rurais da usina de biodiesel, tendo como promessa a doação da titularidade dos lotes da fazenda para aqueles que permanecessem produzindo oleaginosa para a empresa parceira por, no mínimo, dez anos. Metodologicamente, fez-se uso do método etnográfico, análise de diário de campo e entrevista semiestruturada com análise de conteúdo. Os resultados indicaram descompasso entre a lógica produtivista do modelo de assentamento com os modos de vidas dos agricultores parceiros, alterando, significativamente, suas relações com o trabalho, terra e moradia. Ademais, já se passaram dez anos e a promessa de doação dos lotes das terras para os agricultores não se cumpriu.
A produção de energia verde com a participação da agricultura familiar tem despertado o interesse do governo e de investidores do agronegócio. No Brasil, o programa do biodiesel apresentou-se como alternativa para a geração de renda para agricultores familiares pobres incluídos na cadeia produtiva do biodiesel. O objetivo deste artigo é analisar os conflitos decorrentes do desafio da conjugação do projeto de produção de agrocombustíveis com as demandas sociais da agricultura familiar pobre no semiárido do Piauí. Para tanto, foi realizada pesquisa de campo para o levantamento de dados qualitativos junto aos agricultores participantes do programa no Sul do Piauí. O estudo demonstrou que o modelo do projeto produtivo tornou-se excludente para aqueles agricultores inseridos na lógica de produção tradicional e de subsistência, desvelando, assim, implicações negativas na forma de acesso às terras e ao mercado do biodiesel.
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