A velhice é, para Boclin (2003), uma categoria que recentemente ganhou maior ganhou maior notoriedade social. Embora muitos pesquisadores tenham estudado essa população, a imagem do velho e, principalmente, da velha sofre preconceitos e estereótipos resultantes da carência de informação e publicação. Contudo, as narrativas orais da Matintaperera, recolhidas pelo “O Imaginário nas Formas Narrativas Orais da Amazônia Paraense” (IFNOPAP) revelaram nova tradução da velhice feminina, não carregada de estereótipos, mas de novidade, contemporaneidade e liberdade. Este artigo tem como objetivo geral compreender a velhice feminina a partir da noção de alteridade em narrativas orais da Matintaperera, recolhidas pelo IFNOPAP. O referencial teórico traz Beauvoir (2018), Goldenberg (2017), Zimerman (2007) e Debert (1994). Portanto, esta pesquisa contribuirá aos estudos da velhice, articulada a noção de alteridade, pois assim como Beauvoir (2018) consideramos que a senescência não é uma realidade fixa, mas o produto de um alongamento de um processo.
O presente artigo pretendeu analisar o fenômeno da morte nas narrativas gays enquanto dispositivo de poder e controle dos corpos dos homoafetivos. Para isso, como corpus literário tomou-se os romances – Stella Manhattan (1991), de Silviano Santiago; O terceiro travesseiro (2007), de Nelson Luiz de Carvalho e Confissões ao Mar (2010), de Kadu Lago. Como corpus teórico, buscou-se fundamentar a argumentação em Foucault (2014 e 2017), Agamben (2005, 2010), Louro (2013), Hall (2014), Bhabha (2013), Mott (2003) e outros teóricos. O confronto entre a teoria e os textos literários selecionados leva à sustentação da tese de que a morte nas narrativas gays reproduz a voz da sociedade patriarcal que cerceia qualquer identidade ou comportamento contrário às normas por ela legitimadas. Portanto, a morte não é um fenômeno isolado, é resultado da não obediência à heteronormatividade e punição aos corpos gays que não anularam a sua identidade sexual.
As mitologias registram narrativas regidas pelo tema da metamorfose. Entretanto, as metamorfoses analisadas dentre narrativas do imaginário grego clássico e as narrativas do imaginário amazônico paraense expõem punições, restrições, bem como questões morais, geralmente resultantes de malefícios e transtornos sofridos pelos sujeitos que passam pelo processo físico da metamorfose. O objetivo deste estudo é estabelecer, numa abordagem comparativa, as relações entre a metamorfose do episódio da Antiguidade Clássica registrado no canto X, da Odisseia (VIEIRA, 2011) e a narrativa de metamorfose relatada no bairro do Jurunas (1994), a partir da figura do monstro, enquanto agente causador/sofredor do mal. Será realizado um levantamento bibliográfico sobre o caso de metamorfose como símbolo do mal na Odisseia, cuja tradução é de Trajano Vieira (2011) e sobre o caso de metamorfoses relatadas em narrativas orais de Belém, catalogadas e salvaguardadas no acervo IFNOPAP, em 1994 (O imaginário das formas narrativas orais da Amazônia paraense). A análise comparada versou sobre: Como o mal é representado na figura do monstro? Como os casos de metamorfoses apontam para questões de cunho sociomoralizante? Que motivações gerem cada um dos processos metamórficos? Os metamorfoseados ou monstros representam que tipo de homem? Observou-se que em ambos os episódios, as metamorfoses apresentaram questões de fundo moralizante e algum efeito nocivo ao agente metamorfoseado, sendo estas consequências derivações do mal causado, mal este entendido aqui como o sofrimento sentido pelo sujeito metamorfoseado por sua condição de abjeto, de objeto ou de privado de expressão. Além disso, por serem desdobramentos míticos, nos casos analisados jazem parâmetros de afinidades e de concorrência que: 1) mostramo quanto as narrativas de caráter mítico podem se reatualizar incessantemente pela palavra; 2) ilustram bem como as sociedades estão ordenadas e regidas por forças hierárquicas, quer sejam representadas por uma ordem natural humana, quer seja via uma ordem sobrenatural; 3) aproximam os homens de culturas diversas pelos interesses, comportamentos, buscas e receios. Assim, o estudo dos mitos de metamorfoses elucida bem a relação homem-mundo-sociedade, principalmente porque aponta para o ‘momento de trânsito em que nos encontramos em que espaço e tempo se cruzam para produzir figuras complexas de diferença e identidade, passado e presente, interior e exterior, inclusão e exclusão’ (BHABHA, 1998).
O presente artigo objetiva analisar a apropriação das categorias conceituais - gênero, feminismo, poder e resistência na contística de autoria negra feminina. Para isso, optou-se pelo uso dos contos - O tapete voador e Nkala - um relato de bravura, da escritora Cristiane Sobral e que fazem parte do livro O tapete voador (2016) e textos teóricos sobre as categorias analisadas. Os contos trazem a ideia de empoderamento feminino, as protagonistas não se deixam dominar, mesmo que isso lhes tenha custado o emprego ou a vida.
O presente artigo tem como objeto de análise o mito da matintaperera narrado na comunidade bragantina da Acarpará – Bragança/PA por Dona Maria Silva de Aviz, tendo como objetivo compreender a construção deste mito amazônico e também a maneira como o imaginário é tecido em torno da matinta e como esta se aproximada da imagem da bruxa/feiticeira. Para tanto, o referencial teórico que norteou esta pesquisa teve como base os seguintes teóricos: acerca do imaginário: Mafessoli (2001) e Durand (1998); simbolismo: Chevalier e Gheerbrant (2009); feitiçaria: Ginzburg (1988), Souza (1986, 1987) e Kramer e Sprenger (1991). A metodologia perpassou o campo da história oral e da etnografia justamente por esta pesquisa ser na sua maioria de campo, mas também bibliográfica. Identificamos que as bruxas bragantinas (as matintapereras) aparecem nas noites para despertarem medo naqueles que persistem insones, recebem tabaco ou café como sacrifício (MAUSS, 2003, 2005) para cessar suas investidas (assobios) que assombram aqueles que passam as noites em claro, mas que também são construções sociais acerca do feminino, um discurso que atribui ao outro a condição inferior ou nefasta dentro da sociedade, uma exclusão social.
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