O trabalho da artista paraense Naiara Jinknss serve como ponto de partida para elaborar possíveis narrativas imagéticas para a decolonização dos corpos marcados pela colonialidade. Jinknss, através das imagens captadas pelo celular, fotografa corpos no famoso mercado a céu aberto de Belém do Pará, o Ver-O-Peso. Ao observar a sua obra – pensando forma e conteúdo – pretendemos, em diálogo com os estudos decoloniais, analisar a contribuição artística e social das imagens produzidas por Naiara Jinknss.
Nos últimos anos, houve um crescimento importante na propagação de discursos antigênero nos mais distintos campos sociais, com especial atenção aos campos da política, da educação e das artes, constituindo um fenômeno de dimensões globais. No Brasil, tais discursos, que podem ser compreendidos como um dos pilares que sustentam a argumentação do conservadorismo contemporâneo, passaram a protagonizar diversas disputas narrativas em torno das políticas de gênero e de sexualidade. Nesse sentido, este artigo busca investigar o papel dos discursos antigênero na articulação do conservadorismo no Brasil e das disputas narrativas produzidas em torno do tema no sistema das artes. Para isso, sob perspectivas decoloniais e feministas, em diálogo com as ciências sociais, apresentamos na primeira parte do texto uma revisão bibliográfica para, na sequência, articulá-la a eventos artísticos relacionados ao gênero e a pautas LGBTQIAP+ que foram alvo de investidas conservadoras em 2017, véspera de ano eleitoral.
Partindo da obra “Checkpoint” da artista birmanesa Nge Lay, este artigo tem o objetivo de abordar discussões sobre a construção cultural da vulva através da arte. Com base em uma perspectiva feminista e decolonial, cito obras que trazem a vulva como elemento central, e fazem emergir discussões acerca de seu simbolismo na contemporaneidade. Diante do padrão de corpos imposto, houve uma desnaturalização daqueles que não correspondiam ao colocado pela mídia para consumo, induzindo a um descontentamento das mulheres com sua realidade. Com isso, há uma necessidade culturalmente fabricada para a cirurgia plástica íntima, produzida como justificativa de um consumo de corpos feita por um sistema de regulação da feminilidade e do que significa ser mulher. Assim, através de trabalhos de diferentes artistas, busco trazer as pautas que atravessam a estética padronizada da anatomia feminina e que de alguma forma questionam narrativas hegemônicas. Por fim, a pesquisa tem como objetivo de que através da compreensão das disputas acerca do corpo da mulher, e de um maior repertório de imagens e representações, se democratize o entendimento de beleza de forma mais diversa e representativa.
A obra do artista contemporâneo paraense Éder Oliveira cria ressonâncias com o imaginário popular sobre os corpos racializados que pinta monocromaticamente nos muros da cidade de Belém do Pará. Este artigo traça paralelos entre autores decoloniais e o contexto brasileiro a partir da análise da obra de Oliveira. Ao esboçar as singularidades de seu trabalho, procuramos refletir sobre as potencialidades que este tem de instigar e dialogar com seus interlocutores, principalmente na problematização do racismo estrutural presente na sociedade brasileira. A partir dessa reflexão, buscamos ressaltar o importante viés crítico que a arte contemporânea exposta e acessível na cidade pode assumir na descolonização dos olhares e percepções sobre estes corpos.Palavras-Chave: Decolonialidade. Corpo. Imagem. Arte. Urbano. THE RACIALIZED BODY ON THE WALLS OF THE CITY:IMAGE AND DECOLONIALITY IN URBAN INTERVENTIONS BY ÉDER OLIVEIRA Abstract: The work of the contemporary artist Éder Oliveira from Pará, Brazil, creates resonances with popular imagination regarding bodies seen in a racial light that he paints in monochromatic murals in Belém, the capital city of his home state. This article draws parallels between decolonial authors and the Brazilian context from the analysis of Oliveira's work. When sketching the singularities of his work, we attempt to reflect on the potential it has to instigate and talk to the audience, especially on the problem of structural racism present in Brazilian society. From that reflection, we strive to highlight the important critical bias that contemporary art, when exposed and accessible throughout the city, can achieve when it comes to decolonizing the sights and perceptions on those bodies.Keywords: Decoloniality. Body. Image. Art. Urban.
A artista paraense Elisa Arruda aborda em sua obra as relações de seu corpo com o espaço privado. A partir de uma leitura crítica acerca de gênero em diálogo com a literatura de cultura material, busco analisar o trabalho de Arruda pelo viés antropológico. Os corpos e as relações que a artista coloca em sua produção têm relevância para compreendermos as leituras possíveis dos contextos domésticos com os corpos das mulheres e suas interseccionalidades. A paraense traz sensibilidade ao expor o seu olhar no mundo e tratar seu próprio corpo em dialética com as coisas de maneira em que há uma afetação mútua das coisas e não-coisas, na qual não é possível dividi-las objetivamente entre humanas e não-humanas. Dessa forma, Arruda expõem, em seu trabalho, a agência constante das coisas na construção de nós mesmas.
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