folhetim, escrito, portanto, au jour le jour, não deixaria tempo para o luxo de uma "primeira cópia". Ademais, Alencar dera a entender, nessa mesma obra, que, na época, residia sozinho na casa do largo do Rocio, que se encontrava em obras.Ambos os estudiosos, então, refutam a versão familiar. "Considere-se, pois, como bem provado que as parentas leram O Guarani foi mesmo em letra de forma e que, lançada a versão da choradeira e das súplicas, não se perdeu tempo em verificar a verdade", 4 conclui Cavalcanti Proença, na esteira de Brito Broca,
ais conhecido hoje como romancista, Bernardo Guimarães, como tantos outros intelectuais do século XIX, exercitou-se em diversos campos da atividade literária. Tendo estreado aos 27 anos, com o volume de poemas Cantos da solidão, publicado em 1852, a sua fase de romancista só seria inaugurada aos 44 anos, em 1869, com O ermitão do muquém. É nesse período que Bernardo Guimarães incursiona tanto pelo teatro -o drama A voz do pajé foi levado à cena em Ouro Preto em 1860 -quanto pelo jornalismo e pela crítica literária.Nos anos de 1859 e 1860, Bernardo de Guimarães atua no jornal A Atualidade, fundado no Rio de Janeiro por seu amigo, também mineiro, Flávio Farnese. Dos artigos aí publicados, marcados pela severidade de julgamentos, ficaram duas imagens de Bernardo Guimarães crítico.A primeira foi retomada por Ubiratan Machado, no ainda recente e fundamental A vida literária no Brasil durante o romantismo (2001), segundo o qual Bernardo teria levado a agressividade "ao extremo, e de maneira quase inconseqüente". A linhagem da leitura é logo explicitada, quando, fundamentando o comentário, relembra que "Para seu biógrafo Basílio de Magalhães, ao exercer a crítica o escritor mineiro se demonstrava um provinciano talentoso e audaz que, conseguindo um posto em um grande órgão da Corte, deixava-se dominar pela mania de meter o pau nos grandes escritores nacionais." 1 Waltensir Dutra e Fausto Cunha, porém, atestam a importância e qualidade da série de artigos. Considerando que, no caso de Bernardo Guimarães, "estamos diante de um escritor que trazia na mão um 1 MACHADO, 2001. p. 231.
Resumo: Análise do conto “A enxada”, de Bernardo Élis, publicado em Veranico de janeiro (1966) e tornado antológico por Alfredo Bosi, que o selecionou para compor sua coletânea O conto brasileiro contemporâneo (1975). A análise procura mostrar um dos procedimentos estruturantes da narrativa, que consiste no recorrente e variado uso da metonímia. A relação entre essa figura de linguagem e o realismo literário foi estudada por linguistas como Román Jakobson e Tzvetan Todorov e pelo semiólogo Roland Barthes, cujos trabalhos consistem no fundamento teórico da análise proposta. Nessa perspectiva, o objetivo é mostrar que, embora o conto de Bernardo Élis, por seu forte conteúdo social, tenha sido explorado principalmente em seu viés sociológico, a relação que a narrativa estabelece com a realidade rural brasileira não se pretende factual ou documental, mas encontra-se explicitamente mediada pela linguagem e pela tradição literária brasileira, em que se insere pela retomada de um episódio do romance A bagaceira (1928), de José Américo de Almeida.Palavras-chave: Realismo; Figuras de linguagem; Bernardo Élis.Abstract:Analysis of the short story “A enxada”, written by Bernardo Élis, published in the book Veranico de Janeiro (1966) and turned anthological by Alfredo Bosi, who selected it to be included in his collection O conto brasileiro contemporâneo (1975). This study aims to show one of the structural procedures of the narrative, which consists in recurrent and varied use of metonymy. The relation between this figure of speech and literary Realism was studied by linguists such as Román Jakobson and Tzvetan Todorov and by the semiologist Roland Barthes, whose works are comprised of the theoretical foundation of the analysis proposed. From this perspective, the focus of this article is to prove that, even though the story of Bernardo Élis, due to its powerful social content, has been explored mainly through its sociological bias, the connection that the narrative establishes with the Brazilian rural reality does not intend to be factual or documental. Nonetheless, it is found clearly mediated by language and the Brazilian literary tradition in which it is placed with the recallof an episode from the novel A bagaceira (1928), written by José Américo de Almeida.Keywords: realism; figures of speech; Bernardo Élis.
exercício do humor no Romantismo brasileiro tem sido reconhecido e estudado nas suas manifestações poéticas, principalmente no que diz respeito às obras de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães.1 Pouco se falou, entretanto, das formas de humor cultivadas pela prosa. É curioso, pois a tradição cômica no romance parece ter sido inaugurada no momento mesmo em que se reconhece a existência de uma prosa brasileira, em A moreninha, publicado em 1844, tendo tido, inclusive, papel fundamental para esse reconhecimento.O que se afirma aqui não constitui, porém, novidade: a presença do humor como traço distintivo da obra romanesca de Joaquim Manoel de Macedo já foi sugerida por Antonio Candido.Na Formação da Literatura Brasileira, Antonio Candido identifica, na obra de Macedo, uma espécie de binomia: de um lado, a recorrência ao "fantasioso folhetinesco" e ao exagero sentimentalista, que tanto agradava ao público;e, por outro, a exploração de um tipo de "realismo pequeno" ou "miúdo", para o qual contribuiria sua "veia cômica" e que estaria ligado a uma certa "vocação coloquial" do romancista:A vocação coloquial desperta o interesse pelo mundo circundante, onde se vão buscar os elementos de conversa; desperta acuidade para os pequenos casos, os pormenores expressivos e menos aparentes, que O 1 Cf., especialmente, CAMILO, Vagner. Risos entre pares: poesia e humor românticos. São Paulo: EDUSP;FAPESP, 1997.
Resumo: Releitura da primeira História da literatura brasileira, defendendo a existência de uma teoria propriamente literária da literatura brasileira, o que a distingue de uma teoria da formação do povo brasileiro. Tentativa de demonstração de que, desde o início, nossa história da literatura dotou-se de exigências estéticas na eleição do corpus literário brasileiro.Palavras-chave: História da Literatura; Literatura Brasileira; Sílvio Romero.Abstract: The article discusses the first História da literatura brasileira [History of Brazilian Literature] and claims the existence of a theory of Brazilian literature that is literary per se, and thus not a theory of the development of the Brazilian people. The article attempts to demonstrate that, from the beginning, the history of our literature was aesthetically demanding in its selection of a corpus of Brazilian literature.Keywords: Literary History; Brazilian Literature; Sílvio Romero.
Análise do conto “Camila – Memórias duma viagem”, de Casimiro de Abreu, visando a demonstrar que um procedimento fundamental do texto – a condução das ações da narrativa para o âmbito íntimo da personagem – estabelece um distanciamento crítico em relação aos modelos folhetinescos, com os quais a prosa romântica brasileira tem sido recorrentemente confundida.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.