O artigo analisa enunciados de líder quilombola da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, produzidos entre 2019 a 2021. Pontua nas micronarrativas, na modalidade oral da língua portuguesa, signos diretamente relacionados a eixos temáticos desenvolvidos por Lorde (2019), Gonzáles (2020) e Kilomba (2019), na construção discursivo-teórica do feminismo negro, com ênfase na relação território/luta antirracista. E tópicos da filosofia da linguagem de Walter Benjamin sobre o narrador sinalizam interfaces discursivas entre tradição e modernidade. Em resultado, redimensiona a argumentatividade da fala quilombola, de registro coloquial e variedade linguística presente na zona rural fluminense. Evidencia sintonia temática e pertencimento desse discurso, na ordem da reflexão bem como da praxis, com/a discursos em defesa de pautas identitárias, antirracistas e afirmativas de direitos das comunidades tradicionais brasileiras e afrodescendentes em diáspora.
O artigo apresenta proposta de registro e análise de ações contemporâneas de promoção da leitura literária em espaços escolares e extraescolares. Para tanto, anota conceitos relacionados à leitura como prática cultural; evoca aspectos fundantes da inclusão de uma literatura nacional como matéria de ensino, na escola brasileira do final do século XIX e, por fim, organiza e pontua tópicos de interesse em uma lista de iniciativas realizadas extramuros, por suas declaradas aspirações e provável relação de complementaridade com a institucionalização da literatura em versão atual. Em resultado, distende e problematiza a concepção de leitura literária comprometida a uma práxis de transformação social.
LETRAS DO CÁRCEREreinvenção da memória em relatos de/sobre detentos reinvenção da memória em relatos de/sobre detentos reinvenção da memória em relatos de/sobre detentos reinvenção da memória em relatos de/sobre detentos reinvenção da memória em relatos de/sobre detentos A transformação das vivências do confinamento em experiência compartilhada fora de seus muros (terminologia de Benjamin), a partir de operadores narrativos, pode ser verificada nas opções textuais realizadas. No decurso, são pontuadas certas dissensões entre os relatos dos detentos, entre si, e dos detentos em comparação ao visitante que se faz narrador (médico, repórter, pesquisador). A migração intermitente de histórias do plano documental/ jornalístico ao memorialístico/ confessional é a base sobre a qual se assenta o processo de reinvenção da realidade, no qual se considera, segundo o método benjaminiano, a língua como meio de exploração do passado. LETRAS P P P P PALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS-----CHAVE CHAVE CHAVE CHAVE CHAVEMemória; narração; sistema prisional Quando Walter Benjamin, em seu ensaio mais célebre -O narrador, considerações sobre a obra de Nikolai Leskov, de 1936 -, produz uma escrita que é, a um tempo, pia batismal e epitáfio da narrativa (já que, à medida que edifica um modelo de narrador, também constata o declínio da correspondente narrativa tradicional, leia-se a "faculdade de intercambiar experiências" pelo uso da palavra 1 ), no ainda novo e inquietante século 20, * masribeiro97@gmail.com. 1 BENJAMIN. Obras escolhidas I. Magia, técnica, arte, política: ensaios sobre literatura e história da cultura, p. 197-199.
resumo O texto analisa a escritura de internas do sistema prisional sergipano, fomentada em intervenção cultural de coletivo de artistas locais, durante o ano de 2012, quando o total da população carcerária contava 239 mulheres. O formato livro dado, então, à síntese de registros autorais das presidiárias configura-se em corpus privilegiado na investigação sobre regimes de práticas discursivas (Foucault), tanto quanto no interesse pelos modos de apropriação do gênero lírico, enquanto dicção.
A cidade de quem passa sem entrar é uma; é outra para quem é aprisionado e não sai mais dali; uma é a cidade à qual se chega pela primeira vez, outra é a que se abandona para nunca mais retornar; cada uma merece um nome diferente. Ítalo CalvinoHá exatos dez anos, era desativado, na cidade de São Paulo, um complexo penitenciário que abrigava oito mil detentos: conhecida como Carandiru, a Casa de Detenção de São Paulo era assim chamada pela proximidade com a estação ferroviária de mesmo nome. Sua extinção se deveu, em última análise, ao incidente, transmitido em tempo real por emissoras de televisão, definido como o "massacre de Carandiru", no qual uma rebelião de presos levou à invasão da força policial do estado, resultando na morte de 191 detentos. Alguns meses antes, nesse mesmo ano de 2002, a tese de doutorado intitulada Por onde anda o narrador: Walter Benjamin e outros desvios de conduta, defendida no Departamento de Letras da PUC-Rio e da qual o presente artigo é extrato, dedicava um capítulo ao romance de Drauzio Varella, Estação Carandiru, que viria a ganhar, um ano depois, as telas do cinema, em produção de Hector Babenco. Na ocasião, a pesquisa acadêmica acompanhava a emergência de uma série de narrativas produzidas na segunda metade dos anos noventa do século XX, da qual faziam parte, ainda, os romances Cidade de Deus, de Paulo Lins, Pavilhão Nove, de Hosmany Ramos, e Capão Pecado, de Ferréz, dentre outros. A temática explorada nessas obras sinalizava o interesse pela compreensão de uma realidade urbana, contemporânea, realística por princípio e violenta segundo o senso comum, que norteava a leitura de seus relatos. Na maioria dos casos, as histórias contadas, então, no formato romanesco, anteriormente, haviam circulado apenas enquanto fato jornalístico. Seus autores, estreantes na literatura em sua quase totalidade, lidavam com tais objetos de leitura -as experiências por eles vivenciadas -com a intimidade de quem, efetivamente, esteve no cenário em que os fatos relatados ocorreram. Pareciam ter sobrevivido ao inferno do qual 1 Doutora em letras e professora adjunta
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