plantação de práticas de prevenção com base em evidências científicas, apresenta um modelo que vem sendo adotado pela Suécia, do tipo restritivo, no qual o consumo de drogas não é tolerado. Com fundamentação em aspectos como o "contágio" -no qual um usuário tem forte influência sobre um novo usuário -e o de "porta de entrada" -no qual o consumo de maconha é considerado no mínimo um fator de risco para a experimentação de outras drogas, o Dr. Laranjeira discorre sobre um modelo centrado na prevenção da experimentação de maconha como forma eficaz de reduzir o consumo global de drogas, um modelo oposto a debates recentes em nosso país (que vem incluindo depoimentos públicos de autoridades favoráveis a idéias de descriminalização, além de organização de "marchas da maconha" em várias cidades brasileiras). O que chama a atenção é o apoio que tal política tem por parte da população, na afirmativa do autor de que "existe uma grande pressão por parte da opinião pública em reivindicar maiores controles sociais e legais em relação às drogas".Apresentando esse modelo, em que o objetivo principal não é o traficante -embora ele obviamente continue a ser penalizado -mas sim o usuário, o autor propõe uma nova discussão sobre essa questão no Brasil, fazendo com que a leitura desse artigo seja indispensável em futuros debates na implementação de políticas públicas visando à redução do custo social das drogas em nosso país.
Contribuição à discussão sobre a legalização de drogasContribution to the discussion on drug legalization Marco Antonio Bessa 2 O tema das drogas está incrustado em todas as dimensões da vida contemporânea. É, portanto, tema complexo, inundado de emoções, preconceitos, medos, ilusões e, o que é mais grave, certezas.O lúcido e abrangente artigo do Dr. Ronaldo Laranjeira aborda as drogas em vários níveis -neurobiológico, histórico, social e político -mas, por limitações de publicação, não pode aprofundar-se em todas as explicações.O objetivo de meus comentários é o de destacar alguns pontos que entendo importantes e procurar ressaltar aspectos que não puderam ser explorados de modo mais amplo no artigo principal.Um argumento que é muito utilizado pelos defensores da legalização das drogas é o de que essas acompanham os homens desde os seus primórdios e que todas as sociedades sempre produzem algum tipo de substância para promover a alteração do estado de consciência do indivíduo. Daí, concluem ser impensável uma sociedade sem drogas.Esse é um bom argumento histórico. No entanto, é um argumento parcial. A questão a ser discutida não é a da existência de drogas em todas as sociedades, como se isso fosse suficiente para legitimá-las. Todas as sociedades também convivem com homicídios, estupros, violências, prostituição, pornografia, etc., nem por isso defende-se sua pura extinção por decreto ou sua aceitação moral ou jurídica. Todos esses comportamentos sofrem algum tipo de ponderação, de controle e de punição.A grande questão é como cada sociedade organiza, ritualiza e legitima o uso das drogas em cada momento hi...