RESUMOEste é um artigo teórico que pretende contribuir para a discussão do conceito de mediação na obra de Roger Silverstone. Pare esse autor, a mediação é compreendida como um processo múltiplo, transformativo e assimétrico, que envolve dimensões tecnoló-gicas e sociais. Fundamental para o modo como nos relacionamos com o outro no cotidiano, a mediação da mídia possui implicações éticas. Neste trabalho, recupero ainda, conceitos de autores como Raymond Williams, Martín-Barbero e Nick Couldry, que informam e/ou dialogam com a perspectiva de Silverstone. Desse debate, emergem apontamentos para uma crítica baseada no desafio de mediação, que demanda a reflexão acerca de nossas relações com a mídia e seus modelos de representação. Palavras-chave: Mediação, mídia, ética, crítica, Roger Silverstone ABSTRACT This is a theoretical article that aims to contribute to a debate on the concept of mediation in Roger Silverstone's work. According to Silverstone, mediation is a multiple, transformative and asymmetrical process, which involves technological and social dimensions. Mediation is fundamental for the ways we relate to the other in everyday life and it has ethical implications. In this paper, I review some notions of authors as Raymond Williams, Martín-Barbero and Nick Couldry, which inform and/or dialogue with Silverstone's ideas. Some key points in this discussion highlight the need for criticism based on the challenging of mediation, what demands a reflection on our relations with the media and their representational modes.
Neste artigo objetivo investigar as articulações entre política do reconhecimento e crítica cultural. Examino como a crítica jornalística de ficção audiovisual manifesta aspectos desse paradigma por meio de três relações não excludentes: a identificação e análise do reconhecimento como perspectiva estruturante da obra; o reconhecimento como valor de aferição; e como demanda mais complexa por paridade imagética. Para isso, analiso a crítica de filmes como Pantera Negra e O estranho que nós amamos. Os resultados apontam para a emergência de uma crítica menos estética do que ética, que privilegia aspectos identitários das personagens e questões de representatividade na indústria audiovisual. O artigo propõe, ao final, o desafio de se articular o valor de reconhecimento a fatores estéticos para uma análise mais ampla do discurso audiovisual.
Neste artigo, investigo a condição da personagem no jornalismo narrativo, tributária do realismo. A dignificação da vida ordinária e a interpenetração entre indivíduo e contexto são aspectos dessa genética. Ambas as personagens, a desse jornalismo e a do romance, proporcionam adesão afetiva com a narrativa, mas seu estatuto implica distâncias éticas. Na reflexão sobre as diferenças, identifico o limiar em que a personagem do jornalismo, atada à pessoa, se separa da personagem de ficção ao mesmo tempo em que mantém com esta vínculo na linguagem. Proponho pensar a personagem no jornalismo narrativo como ser bifronte, cuja face representada é uma redução que exerce pressões e efeitos sobre a outra face empírica. A relação entre as faces é uma questão ética para jornalistas no tratamento narrativo da personagem.
JornalismoJogos cubanos: a ilha, hoje, em reportagens na primeira pessoa
Cuban games: the island, nowadays, on first-person news reports
Márcio SerelleProfessor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, "Interações Midiáticas" da PUCMinas/MG/BR.
A recuperação do "eu" em narrativas jornalísticas contemporâneas, cujo efeito de verdade se dá, entre outros aspectos, pelo testemunho, concebe um modo de relação com os eventos em que o sujeito implicado no relato desvela elementos-seja na distinção do exótico ou na proximidade do olhar autóctone-que frequentemente escapam à percepção objetiva. Este artigo retoma, criticamente, os aspectos condicionantes da objetividade na narrativa jornalística e analisa, à luz da guinada subjetiva, principalmente a obra Gomorra, de Roberto Saviano, sua vinculação entre vida e circunstância. Evocando Pasolini em sua fase corsária, Saviano constrói, em sua denúncia contra a Camorra, reflexão sobre a necessidade de intervenção do intelectual na sociedade em que vive, reivindicando a parcialidade da verdade ao entrecruzar, na reportagem, experiência, afetividade e informação.
Este artigo busca estabelecer encontros entre a guinada popular midiática e a emergência de uma “nova classe trabalhadora” (SOUZA, 2012) no Brasil, nos últimos anos. A partir da percepção de Turner (2010) de que vivemos, nas sociedades midiatizadas em geral, uma “virada demótica”, mas não necessariamente “democrática”, marcada pela tabloidização e por novas relações entre os indivíduos comuns e as mídias, resultantes de movimentações culturais e tecnológicas, o texto objetiva colocar em relevo aspectos pertinentes dessa guinada em nosso meio, no que se refere à circulação, em narrativas múltiplas, de estilos de vida, visões práticas de mundo e identidades. Se permanece a questão de como transformar a visibilidade em política efetiva de participação, o artigo, por sua vez, entendendo afetos e gostos como definidores de classe, propõe a cultura midiática e seus atravessamentos como campo potente, hoje, para enfrentamentos e evidenciação de conflitos sociais no País.
Resumo: Este artigo analisa o discurso do culturalismo conservador nas duas primeiras temporadas de Narcos (2015)(2016), série da Netflix. O culturalismo conservador (SOUZA, 2015) é tomado, neste texto, como uma ideia-força que define sociedades latino-americanas como espaços insuficientemente ocidentais, marcados pela perversidade e corrupção. Ao narrar, a partir da perspectiva estadunidense, a emergência do tráfico na Colômbia e a trajetória de Pablo Escobar, Narcos medeia representações esquemáticas de latino-americanos. Domestica aspectos da narcocultura ao mesmo tempo em que a celebra em formato industrial. Neste artigo, discuto essas questões por meio da análise de elementos narrativos da série, que, entre ficção e documento, circula, com alguma polêmica, como relato da história recente da América Latina.Palavras-chave: narcocultura; leitura documentarizante; culturalismo conservador; representação; Narcos; Netflix Abstract: This paper investigates the conservative culturalism discourse in the two first seasons of Netflix series Narcos (2015)(2016). The conservative culturalism (SOUZA, 2015) is an idea-force that defines Latin-American societies as insufficiently western places, marked by perversity and corruption. Narcos narrates, from an American perspective, the rising of drug trafficking in Colombia and the trajectory of Pablo Escobar. Thus, it mediates schematic representations of Latin Americans. Narcos domesticates some aspects of narcoculture and, at the
Neste artigo, discuto que o fenômeno do fluxo, aspecto mais debatido de Television no Brasil, deve ser compreendido em perspectiva mais ampla da TV como meio híbrido, no pensamento de Raymond Williams. Tendo a hibridação como eixo, coloco em relevo aspectos centrais da obra, que se referem às relações entre tecnologia e sociedade, à concentração de formas culturais na televisão, à noção do fluxo e ao problema da crítica. Sujeita a revisões desde sua publicação, a obra de Williams possui o mérito de interpelar a televisão como resultante e geradora de hibridações (como no caso da forma mista do drama-documentário), e de apontar, assim, para o caráter desafiador do meio, em diferentes contextos e perspectivas.
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