P ara um grupo relativamente reduzido de médicos e historiadores talvez pareça redundante ou banal utilizar o adjetivo polivalente para referir-se à figura de Rudolf Virchow (1821-1902. Quem dentro desse limitado grupo de especialistas não saberia que o médico alemão, nascido em Schivelbein (pertencente à Polônia desde 1945), ignorando as supostas fronteiras do conhecimento, atuou como naturalista, político, antropologista e filósofo furtivo? Fora desses círculos restritos, no entanto, é provável que Virchow não seja sequer conhecido. Teria sido ele um excêntrico, um generalista pouco afeito às especializações que começaram a se definir entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século seguinte?Interessado em retificar o que lhe pareceu um lapso na história da ciência, Heinrich Schipperges produziu um sucinto perfil biográfico intitulado Rudolf Virchow: patologista, antropologista, político (publicado na Alemanha em 1994). A intenção desse trabalho, agora disponível em língua portuguesa, é apresentar a vasta e complexa obra daquele múltiplo personagem oitocentista.Considerado o mais importante sanitarista alemão do século XIX e reconhecido como o Pai da Patologia Celular, Virchow teve destacada atuação política em sua época. Republicano desde a juventude, integrou a Organização Democrática da Associação dos Trabalhadores em 1848 (ano-base das breves ondas revolucionárias que passaram para a história como a Primavera dos Povos), tornou-se membro, a partir de 1859, da Câmara Municipal de Berlim (onde desempenhou papel fundamental nas reformas sanitárias da cidade) e ajudou a fundar o Partido Progressista Alemão, em 1861, mesmo ano em que foi eleito para a Câmara dos Deputados da Prússia. Por conta de seus posicionamentos progressistas, entrou em rota de colisão com o poderoso e reacionário Otto von Bismarck (1815-1898), que chegou a convidá-lo para um duelo de pistolas.Virchow valorizou sobremaneira os problemas sociais e culturais na causação de doenças. O sanitarista corroborava a divisão das epidemias em naturais e culturais, sendo a história destas últimas, segundo ele, a história dos distúrbios experimentados pela cultura, das SCHIPPERGES, Heinrich. Rudolf Virchow: patologista, antropologista, político. Rio de Janeiro: Revinter. 2010. 164p.
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