O presente trabalho discorre sobre a construção identitária dos policiais militares do Distrito Federal diante da estigmatização da atividade policial como trabalho sujo. Em detalhe, a maneira como esses profissionais estabelecem suas relações sociais guarda estreito vínculo com o cenário cultural em torno de seu trabalho. Nesse sentido, o desprestígio associado à estigmatização da profissão constitui fator inequívoco de estruturação da identidade policial militar. Para tanto, utiliza-se o debate do reconhecimento social como categoria referencial à teoria social, em que a ação social é marcada por uma base motivacional afetiva. A construção identitária, dessa forma, referese à autocompreensão positiva de si mesmo, cujo contraste são as situações vivenciadas como experiências de desrespeito, as quais negam reconhecimento ao sujeito. Nesse sentido, o trabalho policial é percebido dentre as ocupações que se inserem marginalmente na divisão moral do trabalho, trazendo consigo o sentido simbólico do sujo. Dois grupos de sujeitos compõem a pesquisa: os noviços e os demissionários. Os primeiros são representados pelos policiais militares que ingressaram na instituição em 2010. Já os demissionários são constituídos pelos profissionais que voluntariamente deixaram a carreira desde 2000 até 2011. Dessa forma, analisaram-se as suas percepções, reações e sentimentos acerca do reconhecimento social da atividade policial. Ainda mais, buscaram-se problematizar as distinções sobre a estigmatização do trabalho policial, as reações emocionais que caracterizam as experiências de desrespeito vividas, bem como as autorrelações positivas acerca de seus modos distintos de vida, ou seja, seu habitus. Diante das análises, assinalaram-se as expectativas em torno do ingresso, bem como as motivações para a demissão no contexto da PMDF. Foram discutidas as distinções e racionalizações que marcam as interações internas, em que as construções dignificantes, como as categorias dos vibradores e dos operacionais, disputam com as funções estigmatizadas, como os encagaçados e os administrativos. Além disso, a discussão da socialização na polícia militar
Resenha do livro:Auyero, J.; Berti, M. F. In Harm's Way: The Dynamics of Urban Violence. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2015, 241pp.Arquiteto Tucci é o nome fictício dado a um bairro ao sul da cidade de Buenos Aires com 170 mil habitantes. As ruas não são asfaltadas, a iluminação é parca e mal distribuída, o esgoto corre céu aberto e a coleta de lixo é apenas ocasional. Além disso, a taxa de homicídios registrada em 2012 foi quatro vezes maior do que a média do estado de Buenos Aires (em que se localiza), com 28,4 por 100 mil habitantes. Por si só, essas características descrevem regiões periféricas de centros urbanos da América Latina, as quais os autores denominam "comunidades relegadas às margens urbanas". Em In Harm's Way, o sociológo Javier Auyero e a professora María Fernanda Berti oferecem uma análise que, de fato, não se limita a Tucci e oferece insights analíticos criativos e perspectivas teóricas importantes sobre o estudo da violência urbana. Os autores são conceitualmente precisos e inovam ao propor uma "etnografia colaborativa" como abordagem para as formas e os usos da violência (utilizada como expressão de
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