Trata-se de um estudo qualitativo acerca dos sentidos atribuídos aos termos saúde, cuidado e risco por adolescentes brasileiros residentes no conjunto de favelas da Maré, no município do Rio de Janeiro. A análise referencia-se em reflexões sobre a perspectiva epidemiológica de enquadramento dos indivíduos dessa faixa etária na categoria grupo de risco e o processo de midiatização social, que potencializa a circulação de informações a respeito da temática. O principal instrumento de coleta de dados foram discussões em grupo com adolescentes entre 14 e 16 anos. As dinâmicas permitiram observar a presença de discursos concorrentes da cultura do risco, de tradições familiares e do contexto de violência no cotidiano dos participantes. Destacam-se as mediações das mães, dos médicos que atuam na atenção básica e dos meios de comunicação na construção social desses sentidos.
O artigo resulta de uma pesquisa qualitativa que enfocou as reflexões de jovens residentes na Baixada Fluminense (RJ) sobre a construção ficcional daquele território feita pela novela “Malhação – Toda forma de amar”. A trama é perpassada por situações de violência, reveladoras de grandes desigualdades sociais nas metrópoles. Interessou ao estudo, sobretudo, investigar os modos de ver a abordagem ficcional sobre uma periferia em suas interconexões com a saúde e as formas como as vivências dos jovens são refletidas nesse processo. A análise referenciou-se em estudos sobre comunicação e narrativas ficcionais; juventudes; e violência e saúde.
A pandemia da Covid-19 acirrou a circulação de narrativas com informações dissonantes para embasar a defesa de posicionamentos. No Brasil, este fenômeno atingiu veículos jornalísticos, ao pôr em dúvida informações noticiadas, estendendo o descrédito aos jornalistas. Este artigo propõe-se a refletir sobre o deslocamento desses profissionais do estatuto de noticiadores da pandemia ao de noticiados, sob o olhar da desconfiança. Dois temas são centrais à discussão: a expansão do ecossistema da desinformação, em um cenário reverso da hiperinformação; e a epistemologia do jornalismo, com seus discursos normativos e práticas. Os dados para o exercício analítico foram colhidos de duas agências de verificação brasileiras no período de janeiro de 2020 a junho de 2021.
Resumo O objetivo deste artigo é analisar os sentidos construídos por adolescentes residentes na Maré, região periférica da cidade do Rio de Janeiro, a partir do acesso a produções jornalísticas sobre cuidado e risco à saúde disponíveis em diferentes plataformas e suportes tecnológicos. A discussão proposta origina-se de uma investigação qualitativa mais abrangente, sustentada em dois eixos teóricos: a construção discursiva do conceito de risco à saúde na contemporaneidade e a participação do jornalismo no cenário comunicacional como um ator destacado na produção de informações e de posicionamentos sobre a temática. O principal recurso metodológico da pesquisa empírica foram grupos de discussão com adolescentes de 14 a 16 anos. A técnica busca observar os processos interativos e discursivos dos sujeitos de pesquisa. A análise dos materiais aponta, dentre outros achados, que: a) a presença do jornalismo no cotidiano desses jovens não se dá sem críticas ao seu modus operandi, independentemente da confiabilidade no veículo; b) a crítica se estende a outros atores acionados como fontes das matérias/reportagens, sobretudo ao abordarem temas relacionados a condições de vulnerabilidade social; c) a repetição de alertas sobre riscos à saúde no noticiário tem grande potencial de esgotamento.
ResumoO estudo busca refletir sobre a construção de discursos voltados à promoção de saúde dos adolescentes com enfoque na interseção entre as categorias cuidado e risco. Observa que a perspectiva epidemiológica dominante de risco associa a condição juvenil a uma etapa de vulnerabilidade, reforçando argumentos de natureza biológica para explicar comportamentos sociais. Classificados como pertencentes a um "grupo de risco", os adolescentes são alvo de receituários produzidos por especialistas que buscam orientar políticas e ações, difundidas pelos meios de comunicação, sob a justificativa da prevenção. O tema central da discussão proposta é a representação do adolescer, em si mesmo, como uma ameaça à saúde.Palavras-chave: Adolescente; Cuidado; Risco; Promoção de saúde; Comunicação.
IntroduçãoEm que medida o adolescer se apresenta como uma ameaça saúde? Ao mesmo tempo em que é considerada uma etapa de intensa vitalidade, carrega a associação frequente a atitudes de risco. A classificação da adolescência como fase de acentuada vulnerabilidade tem sido apresentada, em âmbito global, nas formulações de profissionais e pesquisadores da saúde, que traçam perfis desse grupo populacional com base em interpretações de estatísticas de vitimização e de estudos comportamentais. As construções desses especialistas são
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