INTRODUÇÃOA síndrome do bloqueio capsular é uma complicação da cirurgia de catarata que surgiu após a introdução da capsulorrexe (1) . Pode ocorrer no per-operatório, pós-operatório precoce ou tardio, com múltiplas etiologias propostas (2,3) . Na forma per-operatória o núcleo do cristalino bloqueia a capsulorrexe durante a manobra de hidrodissecção, podendo levar a ruptura da cápsula posterior (2) . Nas formas pós-operatórias, tanto na precoce como na tardia é possível o bloqueio se dá através do contato entre a parte óptica da lente intraocular (LIO) e a capsulorrexe, sendo possível identificar acúmulo de líquido entre estas, o que desloca a LIO anteriormente gerando desvio miópico, podendo ainda diminuir a profundidade da câmara anterior e levar a aumento da pressão intraocular (1)(2)(3)(4)(5) . Descrevemos aqui um caso de bloqueio caspular precoce tratado por nova intervenção cirúrgica no segundo dia de pós-operatório (DPO), questionando sobre sua possível relação com o diâmetro da parte óptica da LIO. Relato do casoPaciente masculino, 81 anos, submetido à facectomia por catarata senil em olho direito, sem intercorrências, pela técnica de facoemulsificação. Durante a cirurgia duas substâncias viscoelásticas diferentes foram utilizadas, para os estágios iniciais até a confecção da capsulorrexe, já para as etapas de irrigação/ aspiração e implante da LIO foi utilizada a metilcelulose a 2% (Coatel, Baush Lomb). A facoemulsificação foi feita pela técnica de múltipla divisão circunferencial (6) , utilizando a combinação de sulfato de condroitina a 4% e hialuronato de sódio a 1,65%(Discovisc, Alcon). Após o implante da LIO, realizamos irrigação/aspiração automatizada dos restos de viscoelástico da câmara anterior com mobilização lateral da LIO e tentativa de irrigação de solução salina balanceada atrás da parte óptica. O comprimento axial do olho à biometria óptica foi de 23,57 mm. A LIO implantada no saco capsular foi de peça única em acrílico hidrofílico (C Flex Apheric, Rayner) com refração esférica pós-operatória estimada em aproximadamente -0,50 dioptrias.No primeiro DPO o paciente se apresentou afirmando que, apesar da programação cirúrgica para resultar em boa visão não corrigida para longe, estava enxergando melhor de perto. A acuidade visual (AV) não corrigida era de 0,1. Com correção de -2,50 dioptrias esfé-ricas e -0,50 dioptrias cilíndricas a 120º a AV chegava a 0,5. Havia mínimo edema de córnea peri-incisional e traços de células inflamatórias em câmara anterior. No segundo DPO a AV e refração permaneciam inalteradas. Ao exame notava-se LIO centrada, porém com a presença de separação nítida e ampla entre a parte óptica da LIO e cápsula posterior, melhor identificada após midríase farmacológica (Figura 1). A câmara anterior parecia ter profundidade normal e a pressão intraocular era igual a 11mmHg. Diante do diagnóstico de síndrome do bloqueio capsular precoce, optamos por retornar o paciente à sala cirúrgica. Após preparo com anestesia tópica e colírio de idopovidona a 5% e campos cirúrgicos adesivo...
RESUMOApresentamos caso de capsulorrexe em duplo anel em paciente feminina de 81 anos. O espécime cirúrgico foi submetido a estudo anatomopatológico que evidenciou os achados típicos da capsulorrexe em duplo anel. Comentamos a possível relação com a exfoliação capsular verdadeira. Salientamos que é possível realizar a cirurgia com bom resultado mesmo que o duplo anel não seja completo -como no caso apresentado -, porém desde que os folhetos capsulares estejam fundidos de forma contínua.Descritores: Extração da catarata; Catarata/patologia; Capsulorrexe; Cápsula do cristalino/cirurgia; Cápsula do cristalino/ patologia; Relatos de casos ABSTRACTWe present a case of double ring capsulorhexis in a 81 year-old female patient. Surgical specimen was submitted to histopathologic study resulting in typical double ring capsulorhexis findings. We discuss the questioned relation to true capsular exfoliation. We call attention to the fact that it is possible to obtain a good surgical result even when the double ring is not complete -as the case presented -, since both capsular flaps are fused in a continuous form.
Arq Bras Oftalmol 2002;65: O autor descreve uma técnica para dissecar o núcleo cataratoso em duas porções: uma externa, ou camada externa, e outra interna, ou núcleo interno. A camada externa é segmentada com a ponteira do facoemulsificador e o gancho de Sinskey ou um "chopper" e o núcleo interno luxado e emulsificado sempre em primeiro lugar. A emulsificação da camada externa originou dois modelos cirúrgicos, um para cataratas maduras e outro para cataratas moderadamente duras. Nas cataratas maduras, emulsificamos cada divisão da camada externa anterior e depois a porção posterior, deslocada para câmara anterior. Nas cataratas moderadamente duras, é possível separar um conjunto de lamelas formadas por fibras duras, tanto anteriores como posteriores das lamelas superficiais que permanecem protegendo a cápsula posterior. As lamelas duras são emulsificadas no espaço que surge depois da emulsificação do núcleo interno, que denominamos de espaço intranuclear. A nucleodissecção assim como os modelos cirúrgicos referidos mostraram-se de grande utilidade e são usados na nossa rotina cirúrgica.
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