o câmbio macio ou brusco do pensamento trocando de marcha e de plano.
Armando Freitas FilhoA poesia reunida e revista de Armando Freitas Filho, lançada neste ano de 2003, recebe um título próprio: Máquina de escrever * . Trata-se de um título em que concorrem dois aspectos de sentido extremamente pertinentes à poética de Armando: o caráter maquínico de uma pulsão da escrita em tensão com o próprio instrumento da escrita concebido como engenho mecâ-nico e ruidoso, extensão do corpo. Esse caráter pulsional pode ser confirmado no serialismo que configura a primeira parte do livro: Numerais. A tensão entre o número e o infinito que esta série configura parece reproduzir a mesma tensão do desejo prismado pela metáfora da máquina de escrever. Máquina de escrever, poesia reunida e revista sugere-nos um convite a um livro paradoxal, ou ainda, a uma obra que faz do paradoxo o seu mecanismo de expansão. Este texto pretende uma abordagem movida não só pela curiosidade como também pelo prazer parcial e fundamental que toda borda oferece como zona erógena. É como borda poética que se pretende interpretar a entrevista que o autor concedeu a Adolfo Montejo Navas * para a Revista Cult, n o 40. Borda de quem lê e escreve, e borda também de uma obra de singular referência na poesia brasileira contemporânea.A entrevista, devido à natureza mesma do étimo desse termo, implica a interlocução, a boa vontade da troca de informações. A entrevista parece basear-se na idéia de um espaço de neutralidade comunicacional, em que os termos a serem cambiados e os sujeitos que os cambiam encontram-se muito bem delimitados, e, devido a esse traço oral da simultaneidade de interlocutores, parece consistir também num espaço de oportunidade especulativa, esclarecimento demandado a alguma
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