O objetivo deste artigo é discutir a dicotomia "público" e "privado", buscando mostrar como ela foi utilizada pela historiografia tradicional para situar cronológica e tematicamente a Alta Idade Média. Isso feito no âmbito de uma evolução geral que teria conduzido, através do triunfo do "público" sobre o "privado", à construção do mundo moderno. Buscar-se-á igualmente, a partir de alguns textos jurídicos, mostrar como essa dicotomia é inviável para a compreensão do mundo franco na Alta Idade Média.
A História Global costuma ser definida como a análise da globalização econômica, cultural, tecnológica, bem como dos processos que lhe são associados: a emergência de uma sociedade de consumo planetária, a exploração do espaço, a ameaça nuclear, os riscos tecnológicos, os problemas ambientais etc. É evidente que, nessa acepção, a História Global não se adequa ao estudo das sociedades pré-modernas. Os fenômenos, desafios e ameaças que ocupam aqueles que adotam a História Global no estudo das sociedades anteriores ao século XVII não são os mesmos aos quais se interessam os estudiosos da Globalização. O objetivo deste artigo é discutir as possibilidades e os limites da História Global para o estudo das sociedades anteriores ao processo de Globalização.
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar a relação entre valor e cálculo econômico nas sociedades altomedievais, a partir de exemplos de fontes da Gália e da Península Italiana. Para tanto, pretendo, em primeiro lugar, identificar a presença do cálculo econômico em procedimentos de avaliação de bens móveis e imóveis, bem como na definição dos preços dos gêneros alimentícios. Em segundo lugar, explorar a relação entre entre "valoração" e "avaliação". O foco deste artigo não será a formação dos preços, problema para o qual as fontes não trazem in-formações suficientes, pelo menos até o século XIII, mas a compreensão dos procedimentos de avaliação dos bens e de mensuração do valor dos gêneros alimentícios.Abstract: This article aims to analyze the relation between value and economic calculation in the early medieval societies, with examples from Gaul and Italian Peninsula sources. In order to do so, we intend, first of all, to identify the presence of economic calculation in procedures of evaluation of movable and immovable property, as well as in the definition of food prices. Secondly, we will explore the relationship between value and evaluation. The focus of this article will not be the formation of prices, a problem for which the medieval sources do not provide enough information at least until the thirteenth century, but the comprehension of procedures of valuation of goods and food stuffs in the first centuries of the Middle Ages.
Os estudos sobre as sociedades medievais constituem, já há algumas décadas, uma paisagem em mutação. Eles são o cenário da emergência de novas perspectivas sobre o poder, o parentesco, a paz e a solução de conflitos, mas também sobre as trocas, as relações com os bens, as articulações entre o simbólico e as práticas sociais, etc. As novas perspectivas sobre as sociedades da Alta Idade Média foram construídas a partir de um volume de fontes que permaneceu praticamente o mesmo desde o final do século XIX. Todas essas mudanças não significaram o ocaso da História Política, ao contrário, reforçaram a crença de que o Poder é um fenômeno privilegiado para a compreensão da dinâmica social. Paradoxalmente, esse novo cenário só se tornou possível graças à crise da História, dos paradigmas e dos objetos de estudo tradicionais do historiador. Aliás, seria mais apropriado falarmos em uma crise da “História Científica” e de seus instrumentos teóricos e metodológicos, consagrados em boa parte à genealogia do Estado Nacional. O objetivo deste artigo é discutir os novos enfoques dos historiadores a respeito da história política das sociedades da Alta Idade Média.
Resumo:A "crise" é hoje um tema recorrente nas obras de historiadores, economistas, biólogos, geógrafos, sociólogos, politólogos, ambientalistas etc. Isso se deve, em primeiro lugar, à atualidade do fenômeno, seja em sua dimensão econômica (com a estagnação das taxas de crescimento desde 2008 na maior parte dos países ocidentais), ambiental (o aquecimento climático), sanitária (epidemias de H1N1, ébola, Zika etc.), securitária (terrorismo, crime organizado), política (guerras civis, revoluções, conflitos, migrações) e mesmo intelectual (crise da História, crise das Ciências, crise disciplinar). Uma recorrência e uma abrangência que colocam diversos problemas em torno da noção de crise, sua aplicabilidade e seus limites como instrumento analítico. Essa aplicabilidade e esses limites serão discutidos ao longo deste artigo, tendo como pano de fundo a questão das crises alimentares na Alta Idade Média, especialmente no período carolíngio, através da análise do Capitulário de Frankfurt e do Capitulário de Nimègue, publicados durante o reinado de Carlos Magno. Palavras-chave: Crise. Fome. Capitulários. IntroduçãoEm que pese o interesse atual e crescente pelo tema da crise, a acepção moderna do conceito emergiu lentamente na segunda metade do século XIX (GUERREAU, 2002, p. 369), juntamente
Resumo A Alta Idade Média foi um período marcado por sucessivas crises alimentares. De acordo com um levantamento nas histórias, anais, crônicas, hagiografias etc., feito no início do século XX pelo historiador alemão Fritz Curschmann, há 68 menções a crises alimentares entre os anos 700 e 1100. No entanto, esses textos dizem mais sobre as reações à fome do que sobre as circunstâncias ou causas das mesmas. O objetivo deste artigo é analisar comparativamente as ações dos agentes públicos em face de situações de crise alimentar, tanto na Gália quanto na Itália, entre o final do século V e o final do século VI. Para tanto, utilizar-se-ão cartas de Cassiodoro († c.585) e de Sidônio Apolinário († 486), bem como as Histórias de Gregório de Tours († 594) e um poema de Venâncio Fortunato († c.609). A análise desses textos permite que se coloque em xeque a ideia da crise da autoridade pública com o advento dos reinos bárbaros.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.