A guerra é uma situação altamente indesejável mas rica em oportunidades para o estudo do homem submetido a estresses violentos. A segunda guerra mundial e a da Coréia permitiram à Psiquiatria estudar os efeitos psicológicos e fisiológicos dos estresses de diversos tipos sôbre o ser humano 1, 3 . Menninger 8, 9 , chefe dos serviços neuropsiquiátricos do exército norte-americano durante êsses conflitos, analisando a incidência de problemas psiquiátricos, reuniu os seguintes dados: dos 15 milhões de recrutas examinados, 5 milhões foram rejeitados e dêstes, 2 milhões foram recusados por motivos neuropsiquiátricos. Apesar de seleção tão rigorosa, 382.000 combatentes, representando 34% do total desligado por motivo de saúde, tinham como causa de sua incapacidade definitiva um diagnóstico neuropsiquiátria). As psiconeuroses foram a causa individual do maior número de incapacidades no exército.Neste trabalho examinamos algumas das causas da irrecuperabilidade, baseando-nos no estudo de casos individuais por nós tratados.PSICODINÂMICA E TRATAMENTO Durante a primeira guerra mundial as neuroses de guerra se tornaram conhecidas como shell shock, nome que reviveu no teatro de operações do Pacífico durante a segunda guerra mundial, sob a forma de concussion blast 7 . As designações "exaustão de combate", "fadiga de combate" e "esgotamento de combate", apesar de impróprias por indicarem que o fator esgotamento físico é o responsável pelo quadro, foram por êsse mesmo motivo adotadas pelo exército norte-americano.As neuroses de guerra resultam da incapacidade do ego dispor adequadamente dos altos níveis de angústia determinados pelas reações de mêdo secundárias aos perigos, reais ou imaginários, a que está submetido o combatente. A reação depende da intensidade, da duração e da imprevisibilidade dos estresses (fatôres externos), do excesso de impulsos de dependên-Trabalho apresentado ao II Congresso Brasileiro de Medicina Militar, Pôrto Alegre (Rio Grande do Sul) em agôsto 1959: * docente-livre de Psiquiatria na Fac. Med. de Pôrto Alegre; Diretor da Clínica Pinel.
As reações psicopatológicas incluídas sob o rótulo de esquizofrenia compreendem quadros clínicos bastante diferentes entre si. Apesar disso e da discordância de opiniões, a maioria dos autores aceita o conceito formulado por Bleuler 6 , em 1911: "Pelo nome "demência precoce" ou "esquizofrenia" designamos um grupo de psicoses cujo curso é, às vezes, crônico e, outras vezes, marcado por ataques intermitentes, podendo estacionar ou regredir em qualquer fase, sem completa restitutio aã integrum". Bleuler classificou os sintomas esquizofrênicos em fundamentais e acessórios: fundamentais são as perturbações de associação de idéias e de afetividade, a ambivalência, o autismo, as alterações da atenção e da vontade; acessórios são as alucinações, as idéias delirantes e uma variedade de sintomas somá-ticos e psicológicos.É óbvia a importância médico-social da esquizofrenia. Trata-se de enfermidade que geralmente atinge pessoas jovens; tem evolução lenta e é de difícil tratamento, o que explica a elevada percentagem de pacientes esquizofrênicos na população dos hospitais psiquiátricos.As investigações relativas à esquizofrenia tem seguido caminhos diversos, dividindo-se, de modo geral, os pesquisadores em organicistas e de orientação psicológica. Uma revisão excelente das pesquisas efetuadas em torno dos aspectos somáticos da esquizofrenia foi publicada por Richter 39 . Apesar de certo antagonismo entre as correntes somatogênicas e psicogênicas, parece haver acordo quanto à influência mútua de fatores bioló-gicos e psicológicos, aceitando-se que as alterações psicológicas tenham uma correspondência no substrato anátomo-fisiológico, especialmente no sistema nervoso central.
Revisa-se neste relato o conceito de comunidade terapêutica, destacando-se a importância do ambiente como fator terapêutico, ao lado de outras formas de tratamento (físicos, químicos, psicológicos e sociais). Essa nova feição do tratamento psiquiátrico hospitalar capitaliza sobretudo a utilização das várias relações interpessoais que o paciente estabelece dentro do hospital. São "amizades" transitórias capazes de fortalecerem os conceitos de relacionamento interpessoal do enfermo e, dêsse modo, constituem fator de primeira grandeza no processo curativo. Chama-se a atenção para as possibilidades dêsse esquema em unidades psiquiátricas de um hospital geral.
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