Resumo: Partindo da grande e inédita cobertura que a imprensa brasileira dedicou à Guerra do Paraguai, o artigo analisa caricaturas sobre o recrutamento forçado em São Paulo e na Corte. O texto busca explicar o grande interesse que os confrontos no Sul despertaram em diferentes sujeitos. Trabalha com a hipótese de que as razões e os significados que a atenção dedicada ao evento pelos habitantes do Brasil oitocentista eram bem menos óbvias, e mais variadas, do que se pode supor com um olhar apressado. Nesse sentido, aquele evento e o modo como figurou nas páginas da imprensa, em especial nos jornais de caricatura, constituem interessantes meios de aprofundar a compreensão do recrutamento forçado no Brasil da época e seus nexos com temas como nacionalismo, raça, identidades de trabalhadores -escravos, libertos e livres -e cidadania no Brasil imperial. Palavras-chaves: Recrutamento; caricatura; Guerra do Paraguai.Abstract: This article analyzes caricatures about involuntary military recruitment in São Paulo and at the Court using the vast and yet unexplored Brazilian press coverage of the Paraguay War. The article seeks to explain the great interest that the military conflicts in the South aroused in different people. It discusses the hypothesis that the interest in this event encompasses far less obvious and much more diverse reasons and meanings than a quick look would be able to capture. In this sense, the involuntary recruitment and the way in which it was depicted by the press -especially in newspapers dedicated to caricature -provide an interesting way to deepen our understanding of involuntary military recruitment in that period as well as its relations to issues such as nationalism, race, the identity of workers (slaves, freed and free workers), and citizenship in Imperial Brazil.
RESUMO A imprensa ilustrada da corte da segunda metade do século XIX, além de divertir os leitores, participava do debate político. Mas como fazia isso? Este artigo oferece uma resposta a essa pergunta por meio da análise de uma única imagem, a qual, publicada na Revista Illustrada em julho de 1884, comenta os debates parlamentares sobre o projeto Dantas. Defendo que, por meio de uma bem urdida composição de elementos, a estampa produz um argumento falso, uma mentira deliberada. Com tal procedimento, faz um autoelogio visando distinguir o gênero de periodismo que praticava e seus autores, gente branca e alinhada com uma vertente do abolicionismo.
No dia 19 de junho de 1915, o poeta Annibal Theophilo foi morto, a tiros, pelo também escritor e deputado federal Gilberto Amado. O crime despertou imediato interesse no público carioca. Além do gosto por acontecimentos espetaculares, sobretudo para crimes, aquele evento estava recheado de elementos misteriosos. Ocorreu em um ambiente elegante, em plena luz do dia, envolveu dois escritores e aconteceu no final de um ilustrado evento social. Analisando alguns aspectos desse crime espetacular, este artigo argumenta ser este um crime de honra, mais precisamente, de honra literária. O trágico episódio envolvendo Annibal Theophilo e Gilberto Amado abre uma preciosa janela, pela qual se pode flagrar tanto os sentidos da distinção social construído pela via da elegância e civilidade, como expôs as diferenças entre os literatos.
<p>A capoeira foi uma atividade que assombrou mentes e corações de pessoas de boa condição social no Rio de Janeiro ao longo do século XIX. Seus praticantes, da mesma forma, causaram sérios problemas e impuseram todo tipo de dilema para as autoridades imperiais. Este artigo analisa imagens de capoeiras publicadas na imprensa ilustrada da corte na década final da escravidão no Brasil. Defende o argumento de serem tais imagens uma preciosa fonte para estudar tanto os pontos de vistas dos autores das caricaturas, como os dos personagens – em particular negros, pardos, mulatos de condições variadas − das estampas publicadas naqueles semanários. Presta especial atenção a uma repetição: os capoeiras, supostamente, atacavam as barrigas dos burgueses. Ao tentar explicar essa repetição, e a escolha desse peculiar alvo, investiga algumas das tensões sociorraciais que estiveram no centro dos debates e embates políticos que marcaram, e integraram, o processo que culminou com a abolição da escravidão no Brasil. </p>
Esta tese é uma biografia profissional do artista italiano Angelo Agostini no Brasil entre os anos de 1864 e 1888. Conhecido como um dos principais nomes da imprensa ilustrada oitocentista, ele foi um importante colaborador em vários dos mais principais jornais de caricatura da segunda metade do século XIX, além de ter sido proprietário de semanários, com destaque para a Revista Illustrada. Analisando a cobertura que fez de temas e acontecimentos políticos centrais do período -guerra do Paraguai, a questão religiosa, o abolicionismo e a questão da cidadania -busquei, nessa investigação, explorar a relação entre sátira e política no Brasil da época. As estratégias narrativas e técnicas utilizadas por Agostini, seu empenho comercial, a interlocução entre caricatura e outras formas de discurso -literatura, textos e discursos políticos -foram analisados de tal modo a dar densidade histórica às estampas produzidas por Agostini. Esta tese procura, portanto, desvendar alguns significados da vida e obra de Angelo Agostini a partir das incertezas e conflitos que cercavam o ofício exercido com sucesso por este peculiar personagem.
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