Este artigo propõe-se a apresentar um mapeamento inicial acerca da produção brasileira em Historiografia Linguística (doravante, HL), nas quase três décadas de implementação da área. O objetivo deste trabalho é oferecer um panorama sobre o “estado da arte” da disciplina, isto é, busca-se apresentar o que se conhece sobre a HL a partir de pesquisas já realizadas e de materiais produzidos. Para tanto, foi feito um mapeamento da produção em HL, que contemplou apenas alguns pontos relevantes da produção brasileira, tais como: a quantidade de pesquisadores, de grupos em HL, de materiais já produzidos, de grupos de especialidade em HL por região do Brasil, além das temáticas mais abordadas em trabalhos acadêmicos e das disciplinas já ministradas em HL. A pesquisa contou, ainda, com um corpus constituído por informações retiradas do Lattes de pesquisadores que, de certo modo, evidenciam interesse pelo desenvolvimento de pesquisas na área ou que se autovinculam teórico-metodologicamente com a HL. O estudo será baseado nos pressupostos teórico-metodológicos da HL (ou caros a ela), seguindo categorias analíticas, como: grupos de especialidade (MURRAY, 1994), dimensão interna e externa (ALTMAN, 1998) e a relevância de pesquisas sobre o tempo presente (BÉDARIDA, 2006; RÉMOND, 2006; BASTOS E PALMA, 2008). As informações colhidas permitem reconhecer a HL como uma disciplina autêntica e legitimada pelas universidades e pelos pesquisadores brasileiros, sobretudo pela quantidade de materiais catalogados que, de certo modo, comprovam o esforço feito por parte dos pesquisadores em divulgar as ideias, a teoria e a metodologia que são próprias da área
Este artigo apresenta uma historicização da institucionalização e desenvolvimento da Linguística no Piauí a partir da análise de algumas pesquisas e depoimentos 1 de professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A análise dos dados baseou-se no princípio da Contextualização (KOERNER, 2014), nos Programas de Investigação (SWIGGERS, 2004), e na ideia de orientação de pesquisa (ALTMAN, 2016). As análises mostram que a revista Expressão exerceu importante papel para o desenvolvimento da pesquisa linguística no Piauí, e a existência de um ecletismo teórico. Palavras-chave: Historiografia Linguística; revista Expressão; institucionalização da Linguística no Piauí; UFPI. 1 Em Historiografia Linguística, os relatos de memórias e depoimentos constituem-se como fontes para a reconstrução do passado de um determinado objeto de estudo. Para Seixas (2001, p. 95), a memória se articula como uma possibilidade de se fazer "'reviver' o passado, fazê-lo ressurgir de um aparente 'não lugar' para assombrar ou fecundar o presente, de uma memória coletiva que possa, de alguma forma, resgatar o que não é mais imediato e socialmente articulado e representado". Revista Expressão, da UFPI: o processo de institucionalização da linguística no Piauí
Este artigo objetiva contribuir com o debate sobre o ensino de gramática, a partir da análise da proposta pedagógica de Luiz Carlos Travaglia na obra Na trilha da gramática: conhecimento linguístico na alfabetização e letramento (2013), levando em conta a exposição de motivos feita pelo autor na introdução de seu livro, com o intuito de verificar a exequibilidade e a pertinência de sua proposta para o ensino da “comparação”, discussão disposta no capítulo 2 da obra. Para tanto, partiu-se de discussões sobre o ensino de gramática no Brasil, com base nas ideias de Mattos e Silva (2004), Leite (2014), Faraco (2006, 2017), Borges Neto (2013, 2018), dentre outros, bem como nas orientações postuladas pelos documentos oficiais, como os PCN (1998) e a BNCC (2017). As análises apontam para o fato de que a proposta em tela, embora estabeleça um avanço teórico no debate de como enfrentar pedagogicamente a atividade metalinguística, não cumpre o propósito geral da obra (desenvolver a competência comunicativa dos alunos), haja vista que os exercícios de natureza estruturalista, que pouco estimulam o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita como práticas sociais, prevalecem.
Este trabalho visa analisar o tratamento dispensado à origem histórica da língua portuguesa na Gramática Pedagógica do Português Brasileiro (doravante GPPB), de autoria de Marcos Bagno (2011). O objetivo geral é averiguar, na obra, o tratamento dado pelo autor à origem da língua portuguesa, contrapondo-o à perspectiva adotada por autores brasileiros que fizeram algum tipo de Linguística Histórica e aos dados verificados nas demais produções do autor. Para tanto, foram analisadas informações trazidas nos materiais que serviram de fontes para a pesquisa, sobretudo quanto à retórica do autor, a fim de perceber as prováveis razões para o afastamento ou aproximação dele à tese da origem latina do português. Para a análise, utilizou-se a proposta teórico-metodológica de Koerner (2014) e a proposta desenvolvida por Bastos e Palma (2008) sobre a investigação de objetos contemporâneos relacionados a uma perspectiva historiográfica. As análises apontam para continuidades e descontinuidades no tratamento da história da língua portuguesa que podem ser consideradas a partir da retórica adotada pelo autor em diferentes obras. É possível, pois, destacar que Bagno, na GPPB, apresenta uma retórica aparentemente descontinuísta com relação aos estudos histórico-linguísticos tradicionais, uma vez que, no restante de suas obras, inclusive nas posteriores à GPPB, sobressai-se um discurso continuísta em relação à tradição.
Este trabalho se propõe a analisar as variantes de cambalhota e de bolinha de gude nos dicionários eletrônicos Houaiss e Aurélio. O objetivo geral é analisar, nos referidos dicionários, o tratamento dado aos regionalismos citados, contrapondo-os aos dados do ALiB. Para tanto, estabeleceu-se um confronto entre as informações trazidas nos três materiais, sobretudo quanto à localização geográfica, a fim de perceber convergências e divergências. Os dados apontam poucas convergências entre as informações trazidas no ALiB e nos dicionários. As informações encontradas nos dicionários, em sua maioria, divergem do ALiB. Com isso, nota-se a necessidade de atualização das obras lexicográficas no tratamento de regionalismos, utilizando como base as pesquisas dialetológicas.
A partir de dados levantados por Silva (2020), o presente artigo tem como finalidade principal apresentar um panorama historiográfico da criação do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal do Piauí (MEL/UFPI) e do desenvolvimento da sua produção linguística, ao longo da primeira década de vigência (2004-2014). Para tanto, considerou-se a análise (i) de documentos oficiais que regulamentaram o Curso de Letras e o MEL/UFPI, (ii) de uma amostra de 38 dissertações que, sob diferentes perspectivas de pesquisa, contribuíram para a produção linguística no Estado, e (iii) de depoimentos de alguns docentes da graduação e da pós-graduação em Letras. Primeiramente, em consonância com o princípio da contextualização (KOERNER, 2014 [1995]), foi apresentado um levantamento do clima de opinião que favoreceu a implantação e o desenvolvimento do MEL/UFPI. Em seguida, foram apresentados, com base no conceito de programas de investigação (SWIGGERS, 2004), dados que mostram como os pesquisadores abordaram as questões linguísticas nas dissertações produzidas e defendidas no período em tela. As análises permitiram estabelecer (i) as perspectivas de pesquisas (na área dos Estudos de Linguagem) privilegiadas nas dissertações; (ii) uma continuidade em relação à visão de língua circunscrita na maioria desses trabalhos, independentemente da perspectiva adotada, pelo destaque dado ao caráter social, histórico, pragmático, ideológico, interativo, discursivo etc. da língua/linguagem; (iii) os fenômenos linguísticos mais privilegiados e (iv) as técnicas de análise mais usadas nas investigações.
Este trabalho objetiva contribuir com a discussão sobre ensino de língua portuguesa de modo geral a partir da análise da proposta contida na obra Gramática contextualizada: limpando “o pó das ideias simples” (ANTUNES, 2014), à luz de alguns princípios da Historiografia Linguística, mormente o da contextualização (KOERNER (2014 [1995]). Os objetivos específicos são: 1) analisar o que diz a proposta quanto à concepção de língua e linguagem, à concepção de gramática, ao lugar da gramática e aos objetivos do ensino; e 2) verificar como ela se aproxima ou não das diretrizes da BNCC. Para tanto, fez-se um resgate histórico da tradição gramatical e suas implicações pedagógicas, com base, dentre outros, em Borges Neto (2018, no prelo) e Faraco (2017). Além disso, fez-se uma breve análise das diretrizes da BNCC sobre ensino de língua. Em linhas gerais, observou-se que a proposta da autora converge com o que diz a BNCC e reforça a defesa de um ensino que tome, como base e como fim, o texto.
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