O texto "Die Naivität der Wissenschaft" (A ingenuidade da ciência), cuja tradução se segue, consiste em notas de trabalho escritas provavelmente no outono de 1934, época em que Husserl se ocupava sobretudo com a temática concernente a sua última grande obra publicada em vida, A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental, editada em 1954 por Walter Biemel. Ele está inserido no volume xxix da Husserliana, o qual reúne textos que permitem, segundo seu editor Reinhold Smid, acompanhar o desenvolvimento do pensamento de Husserl entre 1934 e 1937 em torno da problemática da Krisis e entrever como o autor pretendia dar continuidade a seu trabalho (cf. Smid, 1993, p. xi).Pretendemos tomar como fio condutor nesta apresentação a ideia concebida por Husserl de um questionamento necessário tanto da razão, enquanto subjetividade produtora e validadora de sentidos, quanto da historicidade, enquanto estrutura da gênese dos sentidos imanente à filosofia e às ciências, a fim de tornar claro em que medida a não tematização dessas questões conferem às ciências de um modo geral e à filosofia o caráter de ingenuidade. Husserl não pretende aqui, como veremos, invalidar os resultados apresentados nas ciências, mas sim apontar para seu caráter essencialmente relativo ao homem racional, relatividade que carece de explicitação e clarificação.Nos primeiros parágrafos da A crise das ciências, Husserl nos apresenta um diagnóstico histórico da situação tanto das ciências quanto da filosofia a partir da segunda metade do século xix: é claro o contraste entre a cientificidade das ciências positivas e a não cientificidade da filosofia (cf. 1954, p. 2). No caso das ciências, constata-se uma total desconsideração das questões concernentes ao homem, as quais "ultrapassam o mundo enquanto universo dos meros fatos" (p. 7) -trata-se aqui das chamadas questões últimas, metafísicas: ao se voltar exclusivamente às questões de fato, as ciências já não têm nada a dizer sobre a razão e a não razão; nesse sentido, afirma Husserl, "o positivismo decapta por assim dizer a filosofia" (p. 7).Segundo o autor, essa situação não se deve apenas aos constantes fracassos da metafísica contrastados aos êxitos teóricos e práticos das ciências positivas; sua principal razão consistiu na dissolução do ideal de uma filosofia universal tal como foi con-scientiae zudia,
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