PALAVRAS-CHAVE-Conhecimento.-Pensamento sistêmico.-Paradigma.-Ciência.-Ciência novo-paradigmática. -Educação médica. RESUMO O livro Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência exercerá profundas implicações sobre aqueles que desejam compreender as políticas públicas brasileiras para a educação médica, pois tal paradigma estende seus tentáculos para quase todas as áreas do cotidiano, influenciando nossos modos de ser e estar no mundo. Os dois capítulos da parte I apresentam as noções de paradigma e epistemologia, conceitos amplamente utilizados muitas vezes com significados conflitantes, e destacam momentos marcantes no desenvolvimento da concepção de conhecimento científico. Percebem-se a importância do surgimento da ciência para a evolução do mundo e a origem de fenômenos tão presentes e controversos hoje, como a separação entre ciência e filosofia e entre corpo e mente. Os três capítulos da parte II apresentam respectivamente: o delineamento do paradigma tradicional da ciência, as dimensões do paradigma emergente da ciência contemporânea e o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência. O capítulo 3 apresenta a ciência clássica e tradicional do ponto de vista de três pressupostos fundamentais: simplicidade, estabilidade e objetividade; um quadro de referência com seus próprios termos ajuda o leitor a situar-se em relação a esse paradigma da ciência e ao seu modo de ver o mundo. O capítulo 4 apresenta o paradigma emergente a partir dos pressupostos-espelho daqueles apresentados anteriormente: à simplicidade sobrepõe-se a complexidade; à estabilidade, a instabilidade; e à objetividade, a intersubjetividade. Outro quadro de referência com os termos que se encaixam nos três pressupostos, usados para explicar o novo paradigma, aproxima o leitor de termos mais relevantes para a educação necessária para o século XXI. O capítulo 5 apresenta o cientista novo-paradigmático e defende o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência. É aqui que o leitor poderá adquirir o argumento que lhe faltava para se apropriar desse novo paradigma, transformando definitivamente sua postura epistemológica diante das questões da vida e do trabalho. O último capítulo, na parte III, traça as origens das abordagens teóricas dos sistemas e leva o leitor a vagar entre a teoria geral dos sistemas e a cibernética; construtivismo e si-cibernética; a teoria da autopoiese e a biologia do conhecer; a nova teoria geral dos sistemas e a teoria geral dos sistemas autônomos. Embora o paradigma da ciência tradicional ainda seja hegemônico, há evidências de que estamos passando por uma transição paradigmática. A revolução digital mudou a maneira como as pessoas pensam e aprendem; isso exige dos professores e profissionais de saúde treinados no último século uma ampliação do olhar para um objeto que emerge da distinção do(s) observador(es) quando em interação com outros objetos e com o ambiente em que vivem. O livro pode ser um começo para aqueles que se lançam na academia ou uma chegada para os que já iniciaram suas reflexões sobre ...
RESUMO A formação de médicos no Brasil seguia os moldes do projeto flexneriano até que o emergente Sistema Único de Saúde, com o diagnóstico da situação do setor saúde e a implantação de políticas de reorientação do modelo assistencial para um voltado à Atenção Básica, mostrou a necessidade de realinhar a formação médica às suas necessidades. As novas escolas médicas têm que iniciar com um modelo pedagógico que se utilize de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, e as antigas escolas têm que se adaptar ao modelo proposto. Este momento de transição vem gerando conflitos, dificuldades, angústias, currículo oculto e incompreensões. Tal situação é decorrente da exigência de ultrapassagem de paradigmas para atuar no novo modelo pedagógico, sem, contudo, que as pessoas envolvidas tenham consciência disso. Vemos e interpretamos o mundo por meio dos nossos paradigmas, que agem como lentes que filtram o que enxergamos, estabelecem limites do que acreditamos, e influenciam nossas percepções e ações. Assim, o objetivo deste artigo é propor um olhar sobre conceitos e práticas neste momento de transição paradigmática, visando colaborar com a discussão e, principalmente, compreensão das incoerências, dificuldades e insucessos na implantação de projetos contemporâneos na área da saúde. O estudo das partes simples não é suficiente para entender o todo complexo, que deve ser estudado e compreendido em sua inteireza, a partir, inclusive, da sua relação com o outro. A instabilidade e a complexidade do mundo colocam em evidência a importância dos processos, do contexto de cada situação e das conexões sistêmicas entre todos os fenômenos. No emergente Pensamento Complexo, não cabem mais as contribuições isoladas de cada disciplina, mas exige-se o olhar e posicionamento interdisciplinar para buscar verdades construídas em conjunto, estabelecidas no contexto e na relação com o outro. Não se fala mais em saúde ou em doença, mas sim no processo saúde-doença; da mesma forma, o ensino e o aprendizado dão lugar ao processo de ensino-aprendizagem. Como característico em uma situação de transição paradigmática, há conflitos e diferenças de compreensão do mundo, que geram situações identificadas como crises. Vivemos sob a égide de dois paradigmas diferentes e simultâneos, que partilham conhecimentos e práticas: o Paradigma Newton-Cartesiano e o Paradigma Sistêmico. A partir da reflexão gerada por este artigo, espera-se que o leitor identifique o paradigma dominante em sua vida e seu posicionamento no contexto da transição paradigmática, compreenda os conflitos que enfrenta no seu trabalho e na sua vida, e se permita uma reorientação de rota, com vistas a viver melhor e atuar de forma mais coerente e saudável no mundo.
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