Distintos na liderança política, Donald Trump e Jair Bolsonaro se aproximam em um discurso populista. Este, quase como senso comum, trata de lideranças que defendem os interesses do povo e com uma disputa político-discursiva, colocando pessoas contra elites ou instituições. A migração das demandas do governo para as esferas privadas envolve o processo de despolitização e os discursos populistas despolitizam o debate público, naturalizando problemas sociais e isentando a responsabilidade da esfera pública. Nessa discussão, investigamos o processo de despolitização na retórica populista e os valores acionados. Analisamos as comunicações de Trump e Bolsonaro no Twitter, durante os períodos eleitorais. Realizamos uma análise qualitativa interpretativa para aferir sobre como a retórica populista e nacionalista aparecem nos discrusos de ambos e como isso influenciar a despolitização do debate público.
Buscando entender como as mulheres construíram seus repertórios para consolidar seu papel político, Viviane Gonçalves Freitas, no livro Feminismo na imprensa alternativa brasileira: Quatro décadas de lutas por direitos (2018), analisa os enquadramentos de quatro jornais alternativos feministas brasileiros. A partir da interseccionalidade entre gênero, raça e classe, a autora traça as agendas de lutas e discute sobre quais feminismos são tratados nos jornais Nós Mulheres (1976-1978), Mulherio (1981-1988), Nzinga Informativo (1985-1989) e Fêmea (1992-2014).
Neste artigo, os casos de censura à peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que retrata Jesus Cristo na pele da atriz transexual Renata Carvalho, são utilizados como o arcabouço ilustrativo para as discussões acerca da virada conservadora brasileira. O trabalho apresenta como objetivo principal traçar reflexões teóricas que relacionam o contexto do país ao cultural backlash, bem como discutir as noções de pânico moral e de liberdade de expressão. O percurso metodológico abrange revisão bibliográfica, análise documental de processos de caráter censório e estudo da repercussão dos casos na mídia a partir de um levantamento não sistemático de materiais jornalísticos. Como resultados, compreendemos que os gestos censórios, além de impedir o debate público sobre diversidade e impor atitudes autoritárias ao tentar coibir a arte, atuam também inviabilizando identidades e sujeitos que são violentamente estereotipados.
Resumo Este artigo busca compreender o legado autoritário brasileiro e sua relação com os recentes episódios de censura às artes. Para tal, o estudo realiza um levantamento das produções culturais censuradas e/ou alvo de ataques de grupos conservadores no período entre junho de 2017 e março de 2020. Foram consideradas as produções que se enquadraram em três critérios: foram alvo de ação conservadora de julgamento ou criminalização da arte; tiveram repercussão nacional na mídia mainstream; envolveram reação e/ou mobilização em defesa das manifestações artísticas. Argumentamos que o atual cenário de ruptura democrática aflorou o passado autoritário do país, o que contribuiu por desencadear diversos episódios de censura. Partimos dos conceitos de autoritarismo, censura e liberdade de expressão aliados à análise de conteúdo para empreender tal reflexão.
O presente estudo consiste em uma análise das estratégias discursivas em torno da hashtag #PrimeiroAssedio, que se consolidou como uma campanha para debate sobre o assédio nas redes sociais pelo blog feminista Think Olga. O objetivo é compreender através de quais dessas estratégias a campanha se espalhou na internet e tornou-se um ato de ativismo discursivo. Para isso, foram coletados 213 tweets, em 2015, feitos até um mês após o lançamento da campanha e analisados segundo seu conteúdo. A análise revelou que o incentivo aos relatos de si e o formato de hashtag foram as principais estratégias da campanha, além de um ponto de partida para outros debates e interações, que ajudaram a consolidar o debate enquanto ativismo digital, apesar de seu desenrolar espontâneo em um ambiente de disputa de repertórios.Palavras-chave: Ação conectiva. Ativismo digital. Hashtag feminista.
PT. O artigo consiste em uma análise da cobertura jornalística de veículos de comunicação brasileiros sobre a Guerra Civil Síria, com foco na atuação da Yekineyên Parastina Jinê (Unidade de Defesa das Mulheres), conhecida como YPJ. A organização militar que se apresenta como objeto de estudo deste artigo é composta apenas por mulheres curdas com foco em defesa de ataques do governo sírio e do Estado Islâmico. O grupo busca empoderar mulheres, defendendo a igualdade de gênero, especialmente no que diz respeito à elaboração e execução de tarefas militares. Levando em conta as ações inovadoras da YPJ na Guerra Civil Síria junto à problemática dos produtos de mídia ainda presentes no nosso país, este trabalho procurou responder qual o foco das coberturas jornalísticas nacionais sobre as combatentes da YPJ. A partir de uma coleta realizada por meio do Google Notícias, chegamos há setenta notícias online sobre a YPJ, as quais foram analisadas sob a ótica do enquadramento multimodal (Wozniak et al, 2014) e da análise de conteúdo (Bardin, 2011; Krippendorff, 2004). Os operadores analíticos foram desenvolvidas exclusivamente para este trabalho e consideram três eixos, sendo eles: (1) manchete, (2) conteúdo visual e (3) conteúdo textual. Os achados de pesquisas apontam que as matérias brasileiras sobre a atuação da YPJ na Guerra Civil Síria são (i) marcadas por abordagens ligadas às questões bélicas sem aspectos diplomáticos e pela (ii) falta do protagonismo feminino nos enquadramentos midiáticos. A análise também revelou como a cobertura brasileira sobre a YPJ na Guerra Civil Síria é simplista no que tange à guerra, pois não se ateve às explicações pertinentes sobre o conflito, ou as questões atreladas à gênero, uma vez que não ofereceu espaço para que problematizações importantes sobre os feitios e condições de vida das combatentes fossem divulgados. *** EN. The article provides an analysis of the journalistic coverage of Brazilian media outlets about the Syrian Civil War, with focus on the performance of Yekineyên Parastina Jinê (Women's Defense Unit), known as YPJ. The military organization that is presented as the object of study of this article is composed only of Kurdish women focused on defending attacks by the Syrian government and the Islamic State. The group seeks to empower women by advocating gender equality, especially concerning the design and execution of military tasks. Taking into account the YPJ's innovative actions in the Syrian Civil War along with the problem of media products still present in our country, this work sought to answer the focus of national journalistic coverage on YPJ fighters. From a collection carried out through Google News, there is seventy online news about the YPJ, which were analyzed from the perspective of the multimodal framework (Wozniak et al, 2014) and content analysis (Bardin, 2011; Krippendorff, 2004). The analytical operators were developed exclusively for this work and consider three axes, namely: (1) headline, (2) visual content, and (3) textual content. Research findings indicate that Brazilian articles on the role of the YPJ in the Syrian Civil War are (i) marked by approaches linked to war issues without diplomatic aspects and by (ii) the lack of female protagonists in the media frameworks. The analysis reveals how the Brazilian coverage of YPJ in the Syrian Civil War has a shallow character both in terms of war, as it did not stick to the pertinent explanations about the conflict, as to gender, since it did not offer space for important problematizations about the characteristics and living conditions of the combatants were made public. *** FR. L'article présente une analyse de la couverture par les médias brésiliens de la guerre civile syrienne, en se penchant sur l’action de la Yekineyên Parastina Jinê (Unité de défense des femmes), connue sous l’acronyme YPJ. Cette organisation militaire, objet de l’étude, est composée exclusivement de femmes kurdes engagées à défendre la population contre les assauts du gouvernement syrien et de l'État islamique. Ce groupe a pour but d’autonomiser les femmes, en prônant l'égalité des genres, notamment en termes de conception et d'exécution des tâches militaires. En se penchant sur les actions innovantes de la YPJ dans la guerre civile syrienne ainsi que sur la problématique des produits médiatiques au Brésil, il s’agit ici de comprendre quel aspect est mis en relief par les couvertures médiatiques brésiliennes sur les combattantes de la YPJ. Le corpus, constitué de soixante-dix articles d'actualité en ligne sur la YPJ, recueillis sur le site Google News, a été analysé sous l'angle du cadrage multimodal (Wozniak et al, 2014) et de l'analyse de contenu (Bardin, 2011 ; Krippendorff, 2004). Les opérateurs analytiques, définis exclusivement pour ce travail, considèrent les données sous trois angles : (1) les gros-titres, (2) le contenu visuel et (3) le contenu textuel. Les résultats de la recherche indiquent que les articles de presse brésiliens sur les actions de la YPJ dans la guerre civile syrienne sont (i) marqués par des approches relatives aux questions de guerre sans tenir compte des aspects diplomatiques et (ii) par l'absence de protagonisme féminin dans les cadrages médiatiques. L'analyse révèle que la couverture brésilienne de la YPJ dans la guerre civile syrienne est superficielle tant sur le plan de la guerre elle-même, car elle ne s'en tient pas aux explications pertinentes sur le conflit, que sur celui du genre, aucun espace n’étant ouvert aux problématisations, pourtant centrales, sur les caractéristiques et les conditions de vie des combattantes. ***
As plataformas digitais se transformaram em palcos de diversos movimentos de mobilização política e cultural. Os cancelamentos se configuram como um dos novos repertórios que a internet colocou à disposição dos grupos sociais engajados. Diante desse cenário, o foco do artigo é apontar como a cultura do cancelamento tem ganhos e perdas democráticas, e que esses processos não se excluem. Argumentamos que tais mobilizações podem (a) acirrar a polarização política e incentivar discursos de ódio; ao mesmo tempo que podem (b) pautar debates importantes na esfera pública e pressionar a tomada de decisões de instituições políticas. Propomos, assim, uma análise exploratória qualitativa acerca de distintos exemplos de cancelamentos online. Concluímos que a cultura do cancelamento incita o processo de politização ao agendar debates importantes na esfera pública, ao passo que o despolitiza ao estimular o discurso de ódio e linchamentos virtuais.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -Brasil (CAPES) -Código de Financiamento 001. RESUMO Nos últimos anos, o aumento da frota de automóveis como meio de transporte prioritário nas grandes cidades tem incentivado o surgimento de grupos populares que se manifestam pelo uso da bicicleta para locomoção no dia a dia. Inspirada por movimentos internacionais, a Bicicletada é um desses grupos marginalizados que, por meio de eventos e ações de manifestação cultural, comunica sua demanda social. Entre essas expressões culturais estão as músicas compostas pelo artista popular Plá, membro ativo das Bicicletadas e considerado um líder de opinião, já que atua de maneira a comunicar para a sociedade a demanda de um pequeno grupo. Neste artigo, analisam-se canções compostas por esse artista sob a perspectiva da folkcomunicação, cunhada por Luis Beltrão, para observar sob quais aspectos se configuram como um objeto de folkcomunicação. Constatou-se, a partir da análise de conteúdo de 23 canções, que estas atuam como expressão de manifestações culturais, pois transformam a luta em objeto musical e comunicacional, expandindo o universo da discussão e a apresentando à população da cidade por meio de suas músicas. Palavras-chave: Bicicletada. Líder de Opinião. Folkcomunicação. Música popular. ABSTRACTIn the last years, increasing car fleet as a priority transport way in big cities has encouraged the emergence of popular groups that protests asking for the use of bicycles on a daily basis. Inspired by international movements, the "Bicicletada" is one of these marginalized groups that, through events and cultural event actions, communicate their social demands. Among these cultural expressions are the songs composed by popular artist Plá, active member of bike rides and considered an opinion leader, since it operates in order to communicate to society the demand for a small group. In this article, songs composed by this artist were analyzed from the perspective of FolkCommunication, a concept developed by Brazilian communication writer Luis Beltran to observe their role in the group's activities. By the content analysis, was possible to notice that the songs of the artist Plá can be characterized as an expression of cultural events because transform the struggle of this group in music and in a communication object, expanding the universe of discussion and presenting it to the population of the city by of his songs.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.