Este artigo apresenta uma abordagem etnomusicológica da Mazurka-Choro no contexto da trajetória artística e social de seu compositor, Heitor Villa-Lobos. Tendo como fundamento uma análise formal e harmônica da peça bem como uma pesquisa bibliográfica e documental acerca da trajetória de Villa-Lobos, procura-se refletir sobre o processo de ressignificação por que passou a Mazurka-Choro entre o surgimento de sua ideia inicial, em 1911, e sua publicação em 1955 como primeiro movimento da Suíte Popular Brasileira.
Este artigo descreve e analisa a forma e o percurso histórico de um paradigma interpretativo da história da chamada “música popular brasileira”, que o autor denomina “paradigma da mediação”, e que tem como principais características a concepção de cultura nacional como fruto de misturas raciais e o reconhecimento desigual do papel desempenhado pelos sujeitos na história de acordo com sua raça. Para tanto, faz-se uma revisão crítica da historiografia da música popular (1960-2017) e de uma análise da produção dos Depoimentos para a Posteridade do Museu da Imagem do Som do Rio Janeiro (1966-1972), um importante acervo de fontes orais utilizado na construção dessa historiografia. Constrói-se, a partir das evidências históricas apresentadas, a hipótese de que este paradigma constitui uma forma racializada de autoinscrição na história, com a qual se promove um entendimento conservador da operação da raça na sociedade brasileira, historicamente caro aos grupos dirigentes do país no século XX.
A relação entre arte e vida é, para o Giorgio Agamben, uma questão poética tanto quanto filosófica e política. O que se propõe neste artigo é uma reflexão que vincula as ideias do filósofo italiano sobre tal questão e o modo como a vida e a obra do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos são retratadas em sua primeira e principal biografia. A tese em torno da qual se constrói tal reflexão é a de o modo como a vida e a obra de Villa-Lobos aparecem unidas nessa biografia reflete uma postura político-artística que não pode ser negligenciada, pois nasce do profundo desejo do compositor de fazer-se singular, ou, nos termos de Agamben, de não existir senão como uma forma-de-vida
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