O presente artigo questiona o estatuto da distinção normal/patológico no âmbito dos estudos dos distúrbios de linguagem. Para tanto, realiza uma reflexão acerca da caracterização linguística de falas sintomáticas baseada em pressupostos teóricos saussurianos. De Ferdinand de Saussure (1974), serão consideradas as noções de linguagem, língua e fala, bem como a teoria do valor e o circuito da fala. Foram analisados dois recortes de dados que apontam que a oposição normal/patológico não sustenta a interpretação linguística de fenômenos envolvidos nestes casos. Dessa forma, o estudo evidenciou elementos que permitem pensar a singularidade do funcionamento da linguagem, a partir das referidas noções saussurianas, sem a necessidade de estandardização na classificação dicotômica normal/patológico.
A matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma Licença Creative Commons -Atribuição 4. Resumo: Este trabalho propõe reler o texto de Roman Jakobson Por que "mama" e "papa"? com o intuito de retomar a hipótese da descontinuidade relativa à passagem do balbucio ao sistema fonológico de uma dada língua. Assume-se que, do ponto de vista da interlocução, a "fala de bebê" indica, nessa passagem, uma relação simultânea entre continuidade e descontinuidade. Defende-se, ainda, que, nessa simultaneidade, aspectos físico, fisiológico, cognitivo, psíquico e linguístico encontram sentido na "fala de bebê", o que permite a passagem do homem da condição de infans à de falante. Palavras-chave:Balbucio; Continuidade; Descontinuidade; Interação; Aquisição da linguagem Abstract: This paper suggests a different reading of Roman Jakobson's text Why "mama" and "papa"?, aiming to reexamine the hypothesis of relative discontinuity in the passage from babbling to the phonological system of a given language. It is assumed that in this passage, from the standpoint of interlocution, the "baby talk" indicates a simultaneous relationship between continuity and discontinuity. It is also argued that in this simultaneity physical, physiological, cognitive, psychic, and linguistic aspects find meaning in the "baby talk", which enables an individual to go from the condition of infans to speaker.
O texto propõe uma reflexão teórica sobre a singularidade da memória na enunciação evocada de sujeitos idosos. Para tanto, busca delinear um conceito de memória, que se afasta dos estudos mnemônicos, sob o viés neurofisiológico, e se aproxima de reflexões de cunho filosófico e psicanalítico. Os estudos na perspectiva filosófica abordam a fenomenologia da memória e o paradoxo do trabalho do historiador, entre memória individual e coletiva, os quais permitem uma definição de memória como imagem/lembrança trazida para o presente através da linguagem e como sendo triplamente constituída, isto é, atribuída a si, aos outros, aos próximos. A teoria psicanalítica revisitada revela a memória como uma reinauguração de algo vivido, o que contradiz a visão do senso comum acerca da recorrência à repetição nas narrativas de alguém que envelhece. Assim, sob a perspectiva linguística-enunciativa, a memória revela-se como uma possibilidade de percorrer o tempo, permitindo a cada um a própria continuidade temporal, sem ruptura com o presente, como algo capaz de dar vida nova ao acontecimento e à experiência do acontecimento.
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