Resumo: O texto que tecemos e aqui apresentamos constitui, em síntese, uma resposta à provocante pergunta de Platão o que é cuidar de si? As respostas que oferecemos consistem em traços da nossa proposta de compreensão de filosofia que se efetiva enquanto um exercício espiritual, que, por sua vez, sustenta a hipótese do filosofar enquanto um modo de viver. Para tanto, da filosofia grega, explicitaremos o exercício do cultivo de si corporificado em Sócrates e, por parte da filosofia oriental, analisaremos o personagem Musashi. Ambos personificam a opção por um estilo de vida filosófica e modo de ser - o primeiro, pelas veredas do diálogo, o segundo, pela vivência - e assinalam a necessidade da evolução espiritual da alma, mediante vida contemplativa. Consequentemente, além de explorar a enorme proximidade entre uma linha filosófica grega e a tradição oriental, fundamentaremos o solo comum do pensamento enquanto exercício ético.
The goal of this paper is to ground the concept of hermeneuticus I based on Hans-Georg Gadamer’s philosophy. Just as we can speak of a Cartesian I or Humean I, I intend to justify the existence of a hermeneuticus I by highlighting one’s posture (Tugend) towards the others. Although neither Gadamer nor his interpreters have coined or discussed this concept from the point of view of ethics, I think it is possible to do so according to the assumption that our peculiar way of being is understanding. In this way, I intend to begin paving the way for the construction of a Hermeneutical Ethics. I propose to do this based on the well-known I-Thou triadic relationship developed by Gadamer in Truth and Method I. Initially, I describe the posture of the two Is and show that their way of relating with the Thou is not hermeneutic. Then, according to Gadamer, I present the third type of I-Thou relationship by systematizing seven ethical postures proper to the hermeneuticus I, which are founded upon the I’s exercise of putting himself or herself in the place of the other, without the intention of instrumentalizing the latter. Finally, I develop conclusions and ethical and sociopolitical implications resulting from the action (praxis) of the hermeneuticus I.
O objetivo deste paper é explicitar e fundamentar a virtude da solidariedade subjacente à teoria e à prática da Hermenêutica Filosófica de Hans-Georg Gadamer, a qual é imprescindível para alcançarmos nossa felicidade e criarmos um ethos de responsabilidade mútua. Embora Gadamer não tenha dito ou sustentado essa hipótese, mostrarei sua plausibilidade lógica bem como pertinência teórica e prática. Para tanto, mostrarei as relações íntimas entre Hermenêutica e Solidariedade enquanto jogos de fusão de horizontes regidos pelo pressuposto de que somos seres linguísticos que visamos, desde os primórdios da humanidade, de uma ou de outra forma, instituir um ethos de parceria, de harmonia e de cooperação mútua. Justificarei isso explicitando, inicialmente, significados e sentidos do termo Solidariedade em Gadamer, denominando-o um jogo com regras e finalidades próprias de uma virtude ética enquanto contenção de si e instituição do bem. Aprofundarei, a seguir, elos entre Hermenêutica e Solidariedade a partir dos temas da linguagem e da tradição enquanto exercícios de fusão de horizontes pautados pela instituição do acordo consigo mesmo e com os outros. Ao final, apontarei algumas implicações para nossa realização pessoal e social bem como para proteção da natureza.
Resumo: À luz da Carta Sétima de Platão, justificamos o filosofar tramado entre o exercício fenomenológico e hermenêutico sob a égide dos 'elogios à verdadeira filosofia'. Desenvolveremos aqui que ele se efetiva dialeticamente segundo os movimentos descendente [constituída pelo todo da carta; trata-se da vertente dialógico-prática -ética, política] e ascendente [descrita na digressão da carta; trata-se da face inteligível-teórico -metafísica]. Conferiremos atenção especial aos cinco momentos [nome, definição, imagem, ciência e 'a coisa mesma'] do itinerário ascendente. Ao final, mostraremos que o método do método dialético é dialético também e efetiva-se tanto entre os dois movimentos quanto entre seus momentos internos o que leva à instituição de uma circularidade espiral ascensional ou de um círculo virtuoso. Com isto mostraremos que o filosofar constitui-se enquanto uma metafísica dialética marcada pela temporalidade e liberdade humana. Palavras-chave: Platão, Gadamer, Dialética, Hermenêutica, Carta Sétima.Abstract: Following Plato's Seventh Letter we justify the philosophy plotted between the phenomenological and hermeneutical exercise under auspices of the 'compliments for true philosophy'. We will develop that this philosophy is accomplished dialectically according to descendent movement [formed by the whole letter; it is the dialogical and practical aspectsethics, politics] and ascending movement [described in the tour of the letter; it is the theoretical and intelligible face -metaphysics]. We will grant a special attention to the five moments [name, definition, image, science and 'the thing itself'] of the ascending route. Finally we will show that the method of the dialectic method is also dialectic and is accomplished in these two movements and in its internal moments which leads to the establishment of an ascending spiral circularity or a virtuous circle.
Neste artigo, eu propus explicitar e justificar as relações entre Fenomenologia, Hermenêutica e Medicina do ponto de vista ético. Levando em conta os temas da enfermidade e da doença, apresento uma análise da relação entre o médico e o paciente a partir da filosofia com o escopo de justificar a postura ética do profissional da saúde. Isso será realizado, num primeiro momento, pela retomada da fascinante e pertinente reflexão de Havi Carel sobre sua leitura fenomenológica da doença à qual acrescento minha proposta de aplicação da noção de epoché husserliana à prática da medicina. A seguir, desenvolvo e sustento a leitura hermenêutico-filosófica, à esteira de Hans-Georg-Gadamer, sobre a causa da enfermidade, isto é, a doença. Proponho isto porque, à prática da epoché por parte da atividade do profissional da saúde, ela é transpassada – explícita ou implicitamente – pelo olhar interpretativo da enfermidade. Levando em conta a hipótese de William Stempsey para quem a Medicina é uma arte, no terceiro momento, proponho a justificar que a postura do médico e a do filósofo, em suas práticas profissionais – fenomenológicas e hermenêutico-filosóficas – efetivam e instituem uma arte dialógica que é, portanto, de natureza essencialmente ética.
RESUMO Este artigo constitui um desdobramento da reflexão sobre a Hermenêutica enquanto ética tecida em torno da cunhagem, da descrição e da fundamentação da expressão Eu Hermeneuticus, que trata o outro como fim em si mesmo e não como um objeto. Aqui, sob a égide do pressuposto gadameriano segundo o qual “o outro não somente tem também um direito, mas talvez também pode ter razão”, pretendo evidenciar e justificar a centralidade da alteridade na teoria e na práxis da hermenêutica filosófica. A compreensão filosófica erige-se sobre o exercício de reconhecimento dos direitos aos direitos do outro, mas também sobre as razões dos seus argumentos, exercício que gera implicações éticas importantes em termos pessoais e sociais, como mostrarei. Com isso, viso mostrar e fundamentar a face e a função ética da hermenêutica filosófica com escopo de sedimentar o projeto de uma Hermenêutica Ética.
Neste artigo pretendemos mostrar, por um lado, alguns aspectos da hermenêutica filosófica desenvolvida por Hans-Georg Gadamer. Optamos aqui pela explicitação do diálogo enquanto o modo mais próprio da hermenêutica efetivar-se. Para tanto, desenvolveremos algumas exigências e condições intrínsecas ao diálogo hermenêutico, o que nos permite reformular e ampliar a concepção hegeliana de dialética sintética. Eis porque a dialética, a partir da hermenêutica gadameriana, passa a ser denominada de dialógica. Por outro lado, mostraremos a proximidade e o vínculo existente entre a hermenêutica e a ética aristotélica no que diz respeito à concepção aristotélica de amizade. Revisitaremos esta concepção com o intuito de mostrar que nela estão reunidos e justificados os principais pressupostos da postura hermenêutica. Além disso, a imbricação entre a dialética dialógica gadameriana e a concepção de amizade em Aristóteles, mostra-se não só fecunda e atual do ponto de vista ético-político, mas necessária para filosofar hoje.Abstract: This article discusses some aspects of the hermeneutical philosophy developed by Hans-Georg Gadamer. The author chose dialogue as the most genuine way for hermeneutics to be put into effect. For that purpose, he develops some demands and intrinsic conditions of the hermeneutical dialogue, which allows him to revise and broaden the Hegelian view of synthetic dialectics. This is why dialectics is called dialogical dialectics on the basis of adamer’s hermeneutics. On the other hand, the article shows the proximity and bond that exists between hermeneutics and Aristotle’s ethics, particularly Aristotle’s view of friendship. It takes anew this view in order to demonstrate that it brings together and justifies the main assumptions of the hermeneutical attitude. Furthermore, the overlapping between Gadamer’s dialogical dialectics and Aristotle’s view of friendship proves to be not only fruitful and up-to-date – when it is understood within an ethical-political project – but also necessary to make philosophy today.
Neste artigo refletiremos e aprofundaremos um tema constituinte do filosofar que tece a história da filosofia. Estamos falando do tema do sentido que, enquanto “o primeiro nome do ser”, raramente foi tomado como “objeto” específico e explícito da filosofia. Por isso nos propusemos tematizar e explicitar o problema do sentido do Ser enquanto fio condutor das reflexões ontológico-metafísicas. Teceremos nossa reflexão entrelaçando três momentos distintos, mas dialético-complementares: inicialmente faremos uma breve leitura fenomenológica do sentido [1]; a seguir, a partir da hermenêutica filosófica, proporemos uma leitura ontológica do sentido [2]; para colimar as faces do sentido pela tematização dos sentidos do sentido e pela acessão ao sentido por meio da leitura [3].
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.