Editorial EditorialUma revista científica não pode se furtar de assumir um papel social mais amplo do que o da disseminação do conhecimento. Ainda mais uma revista de saúde pública financiada por recursos públicos. Este número especial é muito mais do que um conjunto de pesquisas que tem seus resultados divulgados. Representa a resultante de um cenário em que se misturam diferentes atores de um esforço nacional e mundial para o controle de uma das maiores epidemias do final do século 20.O surgimento da Aids e sua transformação em um dos mais sérios problemas de saúde pública determinaram mudanças profundas na forma de agir e pensar em saúde pública. Conceitos e dogmas foram descartados ou revistos, particularmente ao se perceber a realidade amarga de que, entre a teoria e a prática, existia uma longa e, às vezes, intransponível, distância. O constructo desenvolvido pela comunidade científica não servia para o contexto dos que buscavam reduzir a transmissão de uma doença que desnudou a dura realidade da sociedade moderna.Transformar trabalhadores da saúde em pesquisadores, dotá-los de ferramentas que lhes permitissem compreender e transformar a realidade peculiar da Aids em seu meio, foi um esforço longo, difícil, mas recompensador. Ao esforço de inúmeras pessoas e instituições, a Revista de Saúde Pública não poderia deixar de se juntar e prestar sua colaboração.Não só da frieza da crítica se constitui o trabalho editorial; há um espaço para a participação efetiva e o apoio pedagógico.A epidemia de Aids forçou mudanças no pensamento da saúde pública; as mudanças na prática são mais lentas para ocorrer. A prática editorial não poderia deixar de acompanhar essa tendência, entendendo que as ações efetivas são aquelas que se dão em sistemas sociais de âmbito limitado, mas com características peculiares, especí-ficas. Daí que a maioria dos estudos empregou metodologias qualitativas, apropriadas para os contextos estudados e para as respostas que foram buscadas. Os estudos qualitativos, já foi dito, buscam uma verdade mais profunda, impossível de ser revelada por um estudo quantitativo (Greenhalgh & Taylor, 1997).A transformação global se dá pela somatória das ações locais, este o espírito da horizontalização das ações de saúde pública. A horizontalização da pesquisa em saúde pública é uma decorrência lógica, um corolário do movimento vigente, que pede uma correspondente mudança na prática editorial.Os artigos publicados neste número refletem o caráter dinâmico do processo de intervenção numa realidade difícil de compreender, quanto mais de modificar. A Revista de Saúde Pública fica feliz por ter sido escolhida para a publicação desse conjunto de artigos e acredita sinceramente que os leitores vão compreender o porquê.
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