335osé carlos mariátegui, considerado o "pai" do marxismo latino-americano, ainda é, em grande medida, um desconhecido em nosso país. Restrita, quando muito, ao meio acadêmico, sua obra ainda não conseguiu penetrar de forma mais incisiva no mercado editorial brasileiro, ainda que alguns de seus escritos tenham sido lançados em anos recentes. seu livro, Sete ensaios de interpretação da realidade peruana, publicado em 1928, é apontado como o mais influente, original e inovador estudo do processo histórico de uma nação realizado por um intelectual na américa do sul. Há quem afirme que a publicação dos Sete ensaios marca, de fato, a data de nascimento do marxismo na região. afinal, Mariátegui, ao contrário de muitos, não "copia" ou "transfere" mecanicamente sistemas teóricos europeus para sua realidade, mas realiza, na prática, o primeiro esforço bem-sucedido para "nacionalizar" o arcabouço teórico de Marx em nosso continente.Mariátegui nasceu em uma família humilde e nunca chegou a conhecer o pai. sempre teve saúde frágil e problemas físicos. Quando menino, foi atingido por um forte golpe em uma das pernas, numa brincadeira escolar. Passou por cirurgias que o deixam manco pelo resto da vida (nos seus últimos anos, teve uma de suas pernas amputada). tornou-se um garoto recluso e amante da leitura. Por causa de todas as complicações de seu estado de saúde e da situação econômica precária de sua mãe, abandonaria definitivamente, ainda muito cedo, a escola. não chegou a concluir o curso primário. Quando garoto e adolescente, trabalhou como entregador, linotipista e corretor de provas de um jornal limenho, para em seguida ingressar na carreira jornalística. 1 esse periodista autodidata aos poucos se aproximou do movimento operário, apoiou greves e foi visto como uma pedra no sapato do governo do então presidente augusto Leguía, que o enviou, num exílio dissimulado, para viver por alguns anos na europa. a maior parte do tempo ficou na Itália, onde leu os mais influentes jornais da época, conheceu personalidades políticas e literárias do velho Continente, observou em primeira mão o início do fascismo e presenciou a formação do Partido Comunista daquele país. 2 ao retornar ao Peru já estava "formado" politicamente e era assumidamente marxista. seu primeiro livro, La escena contemporánea, saiu em 1925, e pouco depois, em 1928, publicou os Sete ensaios de interpretação da realidade peruana.em sua obra-prima, seu "clássico", Mariátegui (fundador e principal dirigente do Partido socialista e da Central Geral dos trabalhadores do Peru) con-
Este artigo discute panoramicamente a vida, a atuação acadêmica e a produção intelectual de Maria Christina Russi da Matta Machado, aluna de doutorado da Universidade de São Paulo e autora de As táticas de guerra dos cangaceiros (1969), livro publicado em plena ditadura militar, que teve considerável repercussão na época, especialmente entre os militantes de esquerda do país.
José Vasconcelos, o grande filósofo, político e escritor mexicano, costumava classificar os livros em duas categorias, de acordo com as emoções que lhe causavam, ou seja, aqueles se lêem sentado e os que são lidos de pé. Há certos livros que podem até ser interessantes e instrutivos, mas que não nos causam maiores comoções nem são capazes de nos arrancar de uma atitude normal. Já outros nos fazem levantar da cadeira, nos tiram do torpor cotidiano, parecem empurrar nossos calcanhares e nos obrigar a ficar de pé, tal o entusiasmo que nos provocam. Este é o caso de Brasil, Argentina e Estados Unidos: Conflito e Integração na América do Sul -Da Tríplice Aliança ao Mercosul, do cientista político e historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Com o estilo claro e preciso que caracteriza toda sua obra, Moniz Bandeira mostra, em 680 páginas de um estudo profundo e bem fundamentado, as longas, tortuosas e por vezes complicadas relações dos dois maiores e mais importantes países sul-americanos, entre si e com os Estados Unidos. É um livro que interessará principalmente aos estudiosos e formuladores de política externa, mas que certamente poderá e deverá ser lido também por todos os leitores que desejam conhecer melhor as disputas, acordos e diferentes projetos de construção nacional de Brasil e Argentina, sempre acompanhados de perto pelos distintos governos do "Colosso do Norte".Moniz Bandeira tem lançado, ao longo dos anos, uma série de livros fundamentais. Seu método consiste em estar continuamente revisando, ampliando e atualizando seus textos mais antigos, proporcionando ao leitor uma obra confiável, repleta de penetrantes análises políticas. Por outro lado, também tem publicado constantemente artigos e entrevistas na grande imprensa, sempre atento aos acontecimentos recentes, seus antecedentes históricos e seus possíveis desdobramen-, , (): -,
Durante vários anos, o jornalista peruano José Carlos Mariátegui esteve envolvido em intensos debates políticos, como as famosas polêmicas com a APRA (Alianza Popular Revolucionaria Americana) e com o Comintern, assim como se preocupou em continuar desenvolvendo e aprofundando seu incansável trabalho intelectual e teórico, escrevendo artigos sobre temas distintos, como o fascismo, o indigenismo, a literatura e a questão agrária, publicados continuamente na imprensa de seu país. O autor de Sete ensaios de interpretação da realidade peruana demonstrou sempre um interesse especial na educação dos trabalhadores, não só pelo aspecto da construção de uma efetiva democracia na nação andina, mas também como uma forma de possibilitar a ação consciente das massas populares na luta pelo socialismo.Ainda que assumidamente "antiacadêmico", o Amauta se preocupava constantemente com a questão do ensino público. A formação de Mariátegui, não obstante, era extremamente defi ciente e frágil.
Resenha de: PERRY, Jeffrey B. Hubert Harrison: The Struggle for Equality, 1918–1927. Nova York: Columbia University Press, 2021. 998 p.
Este artigo discute a teoria do banditismo social, de Eric Hobsbawm, e ideias similares desenvolvidas por estudiosos brasileiros em relação ao cangaço.
Resumo: Este artigo discute as ideias e leituras de V. I. Lênin e Che Guevara em relação ao marxismo, à revolução socialista e aos caminhos para o desenvolvimento econômico. Palavras-chave: Lênin; Che Guevara; Cuba; revolução russa; revolução cubana; marxismo na América Latina.Abstract: This article discusses the ideas and readings of V. Lenin and Che Guevara in relation to Marxism, the socialist revolution and the paths to economic development. Keywords: Lenin; Che Guevara; Cuba; Russian revolution; Cuban Revolution; Marxism in Latin America.Resumen: Este artículo discute las ideas y lecturas de V. I. Lenin y Che Guevara en relación con el marxismo, la revolución socialista y los caminos para el desarrollo económico. Palabras clave: Lenin; Che Guevara; Cuba; revolución rusa; revolución cubana; marxismo en América Latina.Em seu estudo O desenvolvimento do capitalismo na Rússia, publicado em março de 1899, V. I. Lênin analisaria a formação do mercado interno no país a partir do processo de desagregação dos pequenos agricultores em empresários agrícolas e proletários assalariados, resultando na estratificação do campesinato, elemento fundamental para a composição do painel macroeconômico da nação em sua época. As relações no meio rural, por conseguinte, seriam abordadas nesta obra pioneira, que discutiria a tendência à concentração da produção nas mãos de uma minoria e a interdependência com o setor industrial. Ao mesmo tempo em que examinava as particularidades da Rússia czarista, contudo, ele compreendia que o espaço local não podia ser dissociado do "sistema mundial" e das tendências e variáveis do capitalismo monopolista de forma geral, mostrando que seu país estava incrustado na economia "global" a partir do que chamava de "integração semiperiférica", em que formas pré-capitalistas são preservadas como enclosures para garantir um papel subordinado que servia a interesses corporativos e financeiros extrínsecos, numa relação "centro-periferia" singular. Nesse sentido, a questão do mercado interno representaria um problema também ligado à "economia mundial" (lembrando que a acumulação e exportação de bens de capital seriam parte de um mesmo fenômeno que ataria as nações dependentes ao centro capitalista). Ainda que formas arcaicas endógenas fossem suprimidas, traços de configurações sociais "obsoletas" poderiam, portanto, conviver com o sistema "moderno", onde
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