Esta é a primeira vez em que estou no México, e fico muito contente de estar com vocês e dirigir-lhes algumas palavras. Para um europeu – para um francês –, o México é um grande país porque constitui uma grande memória artística. Não tinha vindo ao México, mas assisti, naturalmente, ao filme de Eisenstein Que viva México! (¡Que viva Mexico!, 1932). Não tinha vindo ao México, mas ouvi sobre as civilizações pré-colombianas indígenas, muito numerosas e fundamentais para o país. Não tinha vindo ao México, mas vi Marlon Brando interpretando Zapata em Viva Zapata! (1952).
Resumo Por meio de uma abordagem teórica que recorre a diversos ramos do conhecimento, este trabalho busca entender a apresentação imagética da violência e de suas relações com as mídias na “trilogia da frieza” de Michael Haneke, composta pelos filmes O sétimo continente, O vídeo de Benny e 71 fragmentos de uma cronologia do acaso. O artigo defende que a forma com que o cineasta austríaco trata a violência, em especial nessas três obras, distingue-se daquela dos meios de comunicação e do cinema de gênero.
Partindo da filosofia de G. W. F. Hegel, nomeadamente de sua ideia sobre a modernidade enquanto tempo de separações, bem como de seus escritos acerca da arte e da tragédia — sobretudo no que concerne à figura de Antígona —, este artigo investiga as operações cinematográficas empreendidas pelo diretor persa Asghar Farhadi no filme A separação (2011), vencedor do Oscar e de três prêmios no Festival de Berlim. Entende-se, para tanto, a obra não em continuidade com um cinema metarrealista e autorreflexivo característico do Irã nos anos 1990, mas antes em ruptura, como um retorno contemporâneo ao trágico. Esse regresso, em vez de simplesmente obedecer aos esquemas narrativos herdados da Grécia, insere-se no terreno de uma arte construída por distâncias e intervalos inaugurados por enquadramento e montagem. Nessa lógica, para além de seu referente imediato, um conflito judicial entre marido e esposa, a “separação” do título se universaliza, dizendo também respeito a processos entre indivíduo e Estado, vida e morte, diferenças de gênero e de classe ou, em última instância, à dialética fundadora do audiovisual, entre o audível e o visível.
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