Luis Firmino de Lima, 68 anos, casado, operário têxtil aposentado. Nesta condição de aposentado, vive uma situação semelhante a da maioria das pessoas idosas no país. Ele nos deu um depoimento sobre a sua vida e sobre a situação dos aposentados hoje:"Sou um filho do Norte. Nasci na cidade de Paulista, em Pernambuco. Comecei a trabalhar com seis anos de idade: carregava frete na feira e vendia frutas para ajudar os meus pais. Com nove anos trabalhava como contínuo num escritório. Depois aprendi a trabalhar com o tear. Emigrei para o Recife e fui trabalhar como tecelão.Em 1949, emigrei para São Paulo esperando que a minha situação melhorasse. Naquela época, havia muita falta de mão-de-obra; cheguei num dia e comecei a trabalhar no outro. Em 1951, passei a participar na luta dentro do Sindicato. Participei muito de passeatas, de greves, de congressos etc.Eu não tenho estudo, tenho só o curso primário incompleto. A minha universidade foi a vida, no dia-a-dia. O que tenho de posse hoje é uma casinha para morar e um carnê da Previdência Social.O idoso é uma camada desamparada, especialmente os que se aposentam como trabalhador assalariado. Ele já produziu o máximo de sua capacidade e por isso deveria ter todo o amparo da sociedade com direito a lazer, moradia, alimentação, transporte etc. Ao se aposentar, é justamente quando a pessoa mais precisa de bem-estar. Ao invés disso, torna-se um castigo.Somos 11 milhões de aposentados e pensionistas no país. Desse total, 70%ganham menos de um salário mí¬ Luís Firmino de Limanimo. Até parece um contraste com as riquezas que o Brasil possui, pois a maioria do povo passa fome. Se essas riquezas fossem distribuídas eqüitati-vamente para o seu povo, o brasileiro viveria uma média de 75 anos aproximadamente. Não é o que acontece hoje, pois quem chega vivo à aposentadoria já está envelhecido precocemente.Antes de 1964, a maioria dos trabalhadores recebia a aposentadoria com base na média dos últimos 12 meses, o que na prática significava que ele continuava recebendo na aposentadoria o salário integral que recebia antes. Depois do chamado golpe de 1964, a média de cálculo da aposentadoria passou de 12 para 24 meses. Atualmente a base desse cálculo são os últimos 36 meses. Isso quer dizer que o salário da aposentadoria caiu por volta de 60 a 65% em relação ao salário anterior à aposentadoria. Por isso os proventos dos aposentados hoje são baixíssimos. Nestes úl-timos vinte anos, a camada dos aposentados foi a mais sacrificada entre os trabalhadores.Até 1979, os reajustes que vinham para os aposentados eram calculados na base do salário mínimo. O que fez o governo de então? Quando houve o reajuste do salário mínimo de 300 para 600 cruzeiros, o reajuste dos aposentados continuou sendo calculado na base de 300 e não de 600 cruzeiros. Assim, o salário do aposentado foi caindo a cada ano que se passou. Por exemplo, as pessoas que se aposentaram ganhando um salário mínimo naquela época, hoje estão ganhando menos de 1/6 do salário míni-mo. Tem gente com 65 ou 68 anos que ganha na base de cem...
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