Focalizo aqui brevemente a relação entre músicos indígenas com ênfase no universo guarani e o mercado da música, apontando para elementos específicos das demandas aí envolvidas. Se o lado indígena mostra sistemas estético-musicais abertos e flexíveis, ao lado da busca por caminhos de articulação política junto à sociedade envolvente, do lado do mercado a demanda se caracteriza em grande parte pela busca de um índio estereotipado ao qual seria negada a possibilidade de mudar. Na parte final, alguns dos pontos levantados são considerados no exame de duas produções fonográficas recentes envolvendo músicas indígenas guarani num caso e mehináku no outro. Indigenous music in the market: about demands, messages and noises in inter-musical (dis)encounters Abstract The article focuses the relation between indian musicians with emphasis in the guarani universe - and the music market, pointing to specific elements of the demands involved. If the indian side shows open and flexible aesthetic-musical systems, coupled with the search for politic articulations with the more encompassing society, the markets´ demand characterizes itself to a large extent in the search of a stereotyped indian to whom it would be denied the possibility of change. In the final part, some of the points raised are considered in the examination of two recent phonographic productions involving traditional musicians Guarani in one case and Mehináku on the other.
A nova edição de Why Suya sing -a musical anthropology of an amazonian people (Seeger 2004) 1 firma a atualidade do texto e sua importância para a etnologia indígena das terras baixas da América do Sul (TBAS).2 Ela é marcada pela inclusão de uma nota final (:141-151) com reflexões a partir de novas idas a campo e uma breve bibliografia atualizada. As gravações de áudio, originalmente apresentadas em fita cassete, foram substituídas por um CD. Ao longo do livro, o leitor é remetido às faixas gravadas, o que torna a leitura mais interessante e produtiva, permitindo uma aproximação auditiva do mundo musical suyá. O que se faz aqui é oferecer uma leitura do texto, ainda não traduzido para o português, com uma breve nota sobre trabalhos recentes nesta área temática.Os Suyá são um grupo de fala gê habitante da região norte do Parque Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso. Na época da pesquisa em foco (1972), sua população somava 120 pessoas, em uma única aldeia às margens do rio Suiá-missu. Vivendo nessa área desde o séc. XIX, mantêm-se relativamente à parte da região do alto Xingu, situada ao sul. Considerados inicialmente como "marginais" -genericamente denominados tapuia, os "selvagens do sertão", de costumes e práticas ditos pouco refinados se comparados aos Tupi -os povos Gê começaram a ter a sua organização sociocultural melhor compreendida a partir de pesquisas, como as de Nimuendaju, entre os Apinajé, Xerente e Timbira. A "problemática gê", grosso modo caracterizada por um dualismo estrutural que permeia o pensamento e as práticas sociológicas, entra decisivamente na agenda antropológica, com um forte impacto sobre temas como a teoria da descendência, com trabalhos como o de Lévi-Strauss (1996) e aqueles relacionados ao Harvard Central Brazil Research Project, realizado na década de 60 em um convênio entre a Universidade de Harvard e o Museu Nacional (RJ).
. O trabalho mostra sua relevância ao abordar com seriedade uma espécie de produção cultural que tende eventualmente a ser banida, por uma suposta "falta de conteúdo", do universo acadêmico. Indo na contracorrente de avaliações preconceituosas e, por assim dizer, "mercadofóbicas", Mônica Leme logra indicar, com fundamento, alguns importantes nexos sociais e simbólicos da música do É o Tchan, inserindo-a simultaneamente numa "vertente maliciosa" da música popular brasileira -cujas origens remontam, pelo menos, ao lundu do século XVIII -e numa lógica contemporânea do mercado fonográfico globalizado, revelando algumas amarras, atualizadas aqui na música do É o Tchan, do local e do global.No primeiro capítulo -"Em busca das matrizes culturais" (p. 31-76) -, a autora delineia uma base teórica partindo das elaborações de Jesús Martin Barbero sobre a constituição da cultura de massa nas so-
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