Resumo Ainda que o cineasta soviético Dziga Viértov (1896-1954) não realizasse filmes-diário em um sentido estrito, este artigo investiga a forma pela qual parte de sua obra da década de 1920 pode ser vista como atravessada por uma noção, ainda que difusa, de diário. Ela se expressaria tanto por meio de menções diretas a diários em seus filmes e escritos quanto por meio de uma contínua intenção ora concretizada, ora apenas planejada, de autorrepresentação dos kinocs nos trabalhos realizados pelo grupo — uma prática que sugere a possibilidade de vermos ao longo de filmes, esboços e projetos não-realizados a construção de um fragmentário “diário profissional coletivo”. Nesse sentido, O homem com a câmera (1929) é analisado pelo prisma de seu subtítulo “Excerto do diário de um cinegrafista”, uma fórmula cuja importância, historicamente, foi relativizada talvez em demasia pelos estudos viertovianos.
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