Fora do Mapa, o Mapaperformance na AméricaLatina em dez anotações Primeira anotação: Impossível escrever um ensaio ou um texto resumido sobre a performance na América Latina. O(s) livro(s) a respeito ainda estão sendo escritos. As quase 200 páginas de Performance y arte-acción em América Latina de Josefina Alcácer e Fernando Fuentes são um respeitável esforço inicial na direção da imensa tarefa que temos à frente 2 . Muito embora já seja possível, na despretensão de um artigo como este, recorrer a uma consistente e crescente bibliografia, o material é deslizante e fragmentário, o que, por si, já se faz característica da própria performance. Mas a essa peculiaridade se acrescenta outra: a produção em continentes (América Central e do Sul) marcados pela colonização e, portanto, pela dificuldade de se reconhecerem a si próprios como matrizes possíveis e não apenas estações repetidoras das metrópoles.Além disso, é necessário sempre, e por princípio, perguntar o que significa América Latina, posto que o termo não resiste à naturalidade do tratamento. Latinos também se dizem os "do Norte" como os Quebequenses do Canadá. E se ainda pensarmos na matriz linguística, podem-se incluir os italianos, os franceses, os romenos, além dos portugueses e espanhóis. Quando se fala América Latina, se evoca uma abstração que tem por base a ideia de uma língua-sistema que perpassa diversas nacionalidades. Mas, ao mesmo tempo, quer-se designar não a langue mas a parole (Saussure) de modo que poder-se-ia falar de uma performance (por oposição a skill -competência -na substituição do esquema saussuriano proposta por Chomsky) ou, mais especificamente, de um modo de fazer/performar do que seria essa entidade, o americano latino. Haveria, então, uma performatividade latino-americana a se representar como diferença em relação a outra, também americana, ou ainda outra, europeia?Decerto que o que se quer aqui é justamente flagrar alguma diferença, afirmá-la e, talvez, defendê-la. Mas bem se vê que, quando enunciado, o esquema soa igualmente falso e pomposo. Melhor seria, talvez, admitir de início a diversidade que se propaga em todas as direções -o que explica a imensa tarefa que se tem à frente, como mencionei acima -e o ponto de partida que começa por não se constituir em torno de nenhuma "origem" privilegiada, de nenhum "começo", que já começa pelo meio, modificando fazeres que vieram de outras culturas, melhor, fazendo jus à própria noção de cultura como transformação permanente dos fazeres. Sexta anotação: O tema do texto deve ser Performance na AméricaLatina e tudo que faço é fornecer uma bibliografia pois a tarefa me parece demasiado grandiosa para um ensaio. Ela requer uma busca, uma pesquisa, um programa de investigação, menos para entendermos ou conhecermos a produção dos continentes próximos -embora isso seja necessário e urgente -e mais para que possamos com isso começar a compreender porque contornamos tanto o reconhecimento de nós mesmos nessa seara.Sétima anotação: Duas coisas precisam ficar claras: a tendência brasileira, a pa...
RESUMO -Performance e Documento, ou o que chamamos por esses nomes?-O artigo ensaia a discussão entre a questão do documento na performance e a perspectiva que desarma a lógica do colonizador na produção dessa arte em países periféricos. Sugere a possibilidade de se pensar os desafios das instituições de apoio/arquivo da obra de arte nesse contexto e em face das perspectivas da arte contemporânea, tomando como princípio norteador a ideia de que há uma produção de performance brasileira que escapa ao entendimento forjado nos centros de prestígio internacionais que norteiam o mercado artístico. Palavras-chave: Performance. Documento. Performatividade. Arquivo. Memória.ABSCTRACT -Performance, Documentation, or what we call by these names? -This essay makes an effort to discuss the question of performance art documentation, under the point of view of the deconstruction of colonizer's logic as a result of the practice of this art in peripheral countries. The essay suggests the possibility to think about challenges put against institutions in charge to archive and support the work of art, Regards the perspectives concerning contemporary art. It takes, as a guiding principle, the idea that there is a production of Brazilian performance which gets out of the common understanding forged in prestigious centers of the international art market. Keywords: Performance. Document. Performativity. Archive. Memory. RÉSUMÉ -Performance, Documentation, ou qu'entend-on par ces termes? -L'article apporte une réflexion sur la question de la documentation dans l'art de la performance, s'inscrivant dans une perspective qui cherche à déconstruire la logique du colonisateur dans la production de cet art dans des pays périphériques. Le texte propose d'envisager les défis qui se posent aux institutions chargées de donner support et d'archiver le travail artistique dans le contexte de l'art contemporain, soutenant l'idée qu'il existe une production performatique brésilienne qui échappe à la compréhension forgée dans les grands centres urbains qui commandent le marché de l'art international et prestigieux.
No abstract
Em um dos momentos de urgência da Cultura Brasileira, nos anos 60, a pressão dos acontecimentos fez alguns artistas desenvolverem uma postura “anti-arte” que gerou uma série de produtos ainda pouco analisados na historiografia recente. Esse texto volta-se para experimentos praticamente desconhecidos, em grande parte pela ausência de documentação sobre os mesmos. O M.A.R.D.A., criado por Rogério Duprat e Décio Pignatari, a “Teoria da Guerrilha Artística” e o “Produssumo” (conceito e texto de Pignatari) e os Happenings parecem ter produzido um caldo de cultura de combate que é verdadeiramente estimulante. Conhecemos o que disso resultou, mas pouco sabemos ainda de sua elaboração.
Hans Eijkelboom, Bas Jan Ander, Jirí Kovanda, Sigurdur Gudmunssun , Techching Hsieh, Robert Filiou, Alan Kaprow. Resumidamente, seriam esses os sete nomes que, na 30ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo (2012) representam a performance. Não necessariamente, claro, pois o primeiro artista é um fotógrafo que se interessa, neste momento de sua obra, pelo comportamento dos seres humanos comuns da rua e a forma como seus corpos carregam uma fôrma do vestir “pret-à-porter”. Os brasileiros Sofia Borges e Rodrigo Braga responderiam pelo que mais diretamente pode ser creditado a uma ação do corpo em presença, embora se trate em ambos os casos, novamente, de artistas plásticos que lançam mão – seja pela fotografia, seja pelo vídeo – de estratégias de registro que os levam diante do púbico, enquanto corpos.
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