RESUMO O objetivo deste trabalho foi padronizar a técnica de acesso à pelve renal por meio de sondagem ureteral guiada por cistoscopia em éguas. Foram utilizados oito animais, de raças variadas, com peso médio de 439kg. As éguas foram sedadas e mantidas em tronco de contenção para a realização da cistoscopia com endoscópio flexível. Após identificação do óstio ureteral esquerdo, uma sonda de polietileno foi introduzida em seu lume, até a pelve renal. A localização da sonda no rim foi confirmada por meio de ultrassonografia transcutânea. Foram coletados 3mL de urina, de forma asséptica, para citologia e cultura bacteriana. Todas as amostras obtiveram resultados negativos na cultura e análise do sedimento urinário. Nenhum dos animais apresentou quaisquer complicações após a sondagem. Este estudo demonstrou que a coleta de urina diretamente da pelve renal em éguas, com auxílio da cistoscopia na realização da sondagem ureteral, consiste em um procedimento viável e seguro.
Background: Incisional hernia in the midline can be a consequence of abdominal surgeries, which incidence is around 5.7-18%. Surgical indication occurs in cases of large hernias, and the most common techniques used involve the closing of the musculature in a primary way, with sutures, and the implantation of a mesh on the abdominal wall. Laparoscopic hernioplasty emerged as a less invasive option, showing superiority when compared with open surgical techniques in human medicine, however there are few reports describing this technique in equines. So, the aim of this paper is to report a case of hernioplasty, using laparoscopic mesh, in a horse with midline incisional hernia.Case: A 13-year-old castrated male Brasileiro de Hipismo horse, weighing 415 kg, practitioner of classic equestrian, presented an incisional hernia after 14 days from an exploratory laparotomy surgery realized to treat colic syndrome. After 6 months, the patient was referred to a Veterinary Medicine Teaching Hospital for the correction of the defect in the abdominal wall. During palpation, the animal did not present local pain or other sign of inflammation, and the hernia measured approximately 20 cm in diameter. The animal was submitted to general anesthesia and placed in dorsal decubitus for the hernioplasty surgical procedure. An incision was made in cranial region of the midline, close to the xiphoid to introduce a single port; the abdomen was inflated with CO2 gas (12 mmHg) and the operating table was tilted in order to displace the organs cranially, facilitating the laparoscopic procedure. The abdomen was inspected and the presence of a single adherence could be observed, which was disrupted with endoscopic forceps. The mesh was introduced through the single port incision and anchored to the musculature, using polypropylene 2 following the marking points previously performed on the implant, covering the defect in the abdominal musculature. In the postoperative period, analgesia was instituted with non-steroidal anti-inflammatory drugs, antibiotic therapy with intravenous benzylpenicillin potassium+gentamicin sulfate, and daily dressings. The animal showed pain responsive to the instituted analgesia in the first 24-72 h after surgery. The discharge was established after 18 days of hospitalization with the recommendation of daily dressings and use of compressive bandage until the complete healing of the wound. Postoperative complications resulting from the laparoscopic hernioplasty technique was not observed in this case.The hernia reduction was satisfactory, with a good aesthetic result after five months, when the animal resumed its athletic activities.Discussion: Laparoscopy hernioplasty is poorly described in equine medicine, and there are no reports of this procedure performed in Brazil, however, it is widely used in human medicine with results superior to open hernioplasty techniques. In the present case and in others reported in the literature, the laparoscopic technique proved to be effective in reducing incisional hernias in horses. The animals had good regression of the hernia sac and the aesthetic result was satisfactory, with few post-surgical complications. In studies in which the open hernioplasty technique was used, there was a higher occurrence of complications, in addition to more intense pain resulting from the procedure and later return to athletic activity, demonstrating that the minimally invasive technique by video surgery can be advantageous.
Introdução: Cavalos acometidos pela Síndrome da Rabdomiólise por Esforço (SRE) apresentam relutância para caminhar devido às lesões musculares decorrentes de exercícios aos quais não estejam habituados, podendo ocorrer também após anestesias gerais ou transportes. Objetivo:Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de SRE em equino que culminou em um quadro de insuficiência renal aguda (IRA), necessitando de internação hospitalar por um mês para tratamento.Material e métodos: Foi atendido no HV-UFPR um equino macho, castrado, 10 anos, da raça mangalarga com 427 Kg. O animal apresentava relutância para caminhar, dores e tremores musculares. O animal era utilizado para lazer e era mantido em piquete durante o dia e em baia durante a noite, como alimentação recebia pasto, feno, aveia, cenoura, ração e sal mineral. Os sinais compatíveis com a SRE apareceram após uma cavalgada de 15 Km, apresentando também hiporexia, anúria e diminuição da produção de fezes. O cavalo foi tratado previamente por um leigo com Mercepton, 20 ml de Dexametasona e 3 litros de solução fisiológica 0,9% por via intravenosa, mas permaneceu em anúria. Ao chegar no hospital passou por exame clínico, no qual contatou-se mucosas congestas, TPC de 4s, dor intensa para caminhar, andar rígido, desidratação, frequência cardíaca de 64bpm, respiratória de 28 mpm e hipomotilidade intestinal. Foi coletado sangue para hemograma e avaliações bioquímicas, as quais mostraram elevação de Creatinina (8,70 mg/dL), Uréia (258 mg/Dl) e Creatinoquinase (111475 UI/L). Com base no histórico, sinais clínicos e exames complementares, o equino, foi diagnosticado com rabdomiólise por esforço. Desta forma, instituiu-se o tratamento com fluidoterapia com Ringer Lactato, suplemento com vit amina E e Selênio, Coltrax, Omeprazol, Enrofloxacino e Cloreto de Magnésio 33%. Após a instituição de fluidoteraia intensa, o animal urinou, sua urina apresentava coração marrom-escura com presença de mioglobina.Resultados:O cavalo ficou internado durante um mês para o tratamento, com verificação diária das enzimas musculares e renais. Notou-se melhora clínica do paciente ao longo deste período e diminuição da concentração plasmática de Creatinina (1,70 mg/dL), Uréia (53,9 mg/dL) e Creatinoquinase (250,70 mg/dL). Conclusão:Apesar de laboriosa, é possível recuperar equinos com IRA decorrente SRE.
O diagnóstico de corpos estranhos em árvore traqueobrônquica é comum na pediatria, sendo considerado emergencial nesses indivíduos, entretanto em grandes animais os casos são pouco relatados. A Araucaria angustifolia, árvore comum da região sul do Brasil, caracteriza-se por suas folhas pontiagudas, regionalmente conhecidas como “grimpas”; ocasionalmente os equinos ao pastejar podem aspirá-las e, devido à particularidade da folha, causam lesões traqueobrônquicas graves nesses animais. No período de março de 2019 a fevereiro de 2020, foram atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR), três equinos, Crioulos, entre dois a dez anos de idade, com histórico de tosse crônica, eventual dificuldade respiratória e intolerância ao exercício, secreção nasal unilateral purulenta e hálito fétido. Um dos pacientes, uma potra de dois anos, apresentou na propriedade, febre de 39,8ºC e grave dificuldade respiratória, necessitando de atendimento emergencial, onde foi realizado sondagem nasotraqueal para alívio respiratório, porém o procedimento não foi efetivo, sendo necessário o encaminhamento do animal ao Hospital Veterinário. Os pacientes encaminhados, além dos sinais já citados no histórico clínico, também apresentavam ausculta pulmonar alterada, mostrando discreta crepitação. Devido aos sinais clínicos, foi realizado exame endoscópico das vias aéreas desses pacientes. Os animais foram submetidos a broncoscopia, evidenciando em todos os casos, muco espesso no lúmen traqueal e espessamento da carina; durante o exame foi localizado em brônquio principal direito o ramo de Araucaria angustifolia, confirmando o diagnóstico de corpo estranho em árvore traqueobrônquica. O tratamento indicado para esses pacientes é a retirada do corpo estranho via endoscopia, sendo assim, os animais foram sedados (cloridrato de detomidina 1%, 0,04 mg/kg/IV) e ao redor do ramo de A. angustifolia foi instilado por sonda 20 ml de anestésico local (cloridrato de lidocaína). Realizado a anestesia local iniciou-se a retirada do material, inicialmente utilizando uma pinça de Corpo Estranho Jacaré para desfolhar o ramo e após desfolhado, empregando uma Alça de Polipectomia realizou-se a retirada do corpo estranho. Em um dos pacientes, o ramo estava verde e firmemente aderido, sendo necessário quatro procedimentos para retirada do material, pois devido a manipulação, as folhas pontiagudas lesionavam a mucosa, ocasionando sangramentos que impediam a visualização do corpo estranho; portanto os procedimentos foram realizados com intervalos de cinco dias, e durante os intervalos foi instituído corticoterapia (dexametasona 0,2 mg/kg/IV) para amenizar a irritação causada pela manipulação do corpo estranho. Após o procedimento todos os equinos receberam antibioticoterapia (penicilina benzatina 3000000 UI, 20000 UI/kg/IM e ceftioufur 4,4 mg/kg/IM), terapia analgésica (flunixim meglumine 50mg, 1,1mg/kg/IV) além de broncodilatador e mucolítico (Cloridrato de Clembuterol e N-Acetílcisteina). Depois de retirado o corpo estranho e realizado a terapia medicamentosa, os pacientes apresentaram melhora total do quadro clínico. O brônquio principal direito dos equinos é mais inclinado em relação ao esquerdo, particularidade anatômica que favorece a parada de corpos estranhos. As araucárias são comuns na região sul do Brasil, sendo assim casos de obstruções parciais traqueobrônquicas por ramos de A. angustifolia podem ocorrer, ocasionando danos graves quando não retirados, portanto a broncoscopia é importante para o diagnóstico e tratamento desses casos.
Os organofosforados são antiparasitários utilizados em animais domésticos, dentre os princípios ativos, encontra-se o triclorfon. Estes agentes têm ação anticolinesterásica, e podem causar intoxicação e óbito de forma aguda horas após sua administração. Estes fármacos geram hiperestimulação do sistema parassimpático, e os sinais clínicos manifestados são sialorreia, bradicardia, lacrimejamento, diarréia, fraqueza e tremores musculares (LOPES et al.,2014). Possuem alta toxicidade, existindo relatos de intoxicação por estes agentes na espécie humana e ruminantes, porém não há relatos em equinos.Um equino da raça Brasileiro de Hipismo, macho castrado, 5 anos, 447 kg, deu entrada no Hospital Veterinário com suspeita de intoxicação por organofosforado. O animal recebeu vermífugo oral a base de mebendazol e triclorfon, seguindo a dose recomendada, e horas após a ingestão do medicamento apresentou diarréia, dor abdominal moderada e apatia. Outros cavalos que receberam o antiparasitário demonstraram os mesmos sinais clínicos incluindo sialorréia, e grande parte destes animais vieram a óbito.Ao exame físico inicial o animal apresentou mucosa oral levemente ictérica, freqüência cardíaca (FC) de 36 bpm, freqüência respiratória (FR) 20mpm, temperatura retal de 37,8°C, tempo de preenchimento capilar (TPC) de 2,5 segundos, e hipomotilidade intestinal nos quadrantes superior e inferior direito; exibiu hiporexia, dor abdominal leve a moderada, e apatia. Durante o internamento a motilidade intestinal inicialmente ficou diminuída, tendo episódios de hipermotilidade e cólica. Nos picos de dor o animal apresentava FC acima de 40 bpm, fezes diarréicas, refluxo e febre, com pico de 38,9°C. A mucosa se tornou congesta, o animal apresentou miose, desidratação moderada e sialorréia, havendo melhora gradual com o tratamento.O animal foi submetido à terapia de suporte intensiva, sendo administrado flunixim meglumine 1,1mg/kg/24h, endovenoso (EV) para alívio da dor abdominal por 3 dias; metronidazol EV na dose de 15mg/kg e oral na dose de 25mg/kg por 11 dias e transfaunação a cada 12 horas por 3 dias para resolução da diarreia; gentamicina 6,6mg/kg/24h EV; metoclopramida intramuscular (IM) a cada 4h como procinético usando dose de 10mg para cada 70kg de peso por dois dias; ranitidina endovenosa 1mg/kg/8h por seis dias, omeprazol oral 4m/kg/24h por 21 dias e sucralfato 20mg/kg/12h por cinco dias para tratamento de gastrite possivelmente causada pela hiporexia, estresse pela condição enferma, e pelo tratamento clínico. Para reversão da ação anticolinesterásica e melhora dos sinais clínicos, foi administrado atropina na dose de 0,017mg/kg, sendo aplicado 5ml EV e 10ml subcutâneo (SC) uma vez ao dia por dois dias. As soluções de glicose 5% e ringer com lactato foram escolhidas para fluidoterapia, neste caso, a solução glicosada foi utilizada devido a hiporexia e ao fato de a glicose ser necessária para eliminação de tóxicos pela via hepática.Com a terapia o animal teve recuperação gradativa, recebendo alta após 11 dias de internamento, voltando a atividade física após um mês de repouso, com bom desempenho. Neste caso o tratamento instituído foi capaz de gerar melhora e recuperação clínica total do animal, que posteriormente pôde voltar a suas atividades atléticas.
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