No artigo a seguir, destacaremos em largos traços dois marcos do itinerário intelectual-existencial de Mário de Andrade, que constituem passagens para dimensões axiais de sentido, em consonância com a travessia histórica do Brasil contemporâneo, a saber: passagens para a modernidade e a coletividade. No itinerário de Mário, cada uma dessas passagens comporta, a nosso juízo, uma respectiva forma de espiritualidade, aqui entendida como experiência radical de sentido que abre o humano a uma perspectiva de transcendência e transfigura a totalidade de sua existência. Embora a atuação pública de Mário de Andrade se localize em campo artístico-cultural, não se trata de nos aprofundarmos em análises estéticas especializadas, mas de ensejar um diálogo com núcleos conceptivos subjacentes à sua obra, de modo a contribuir para articular um possível esboço do pensamento marioandradino e, em especial, do projeto de Brasil nele inscrito.
O presente artigo trata do desenvolvimento ético-crítico dos novos sujeitos sócio-históricos em relação com o exercício da racionalidade discursiva crítica. Constitui, em sua origem, parte da Tese de doutoramento em Educação e Contemporaneidade, um estudo de natureza teórica, com abordagem qualitativa e procedimento bibliográfico, desenvolvido a partir da perspectiva hermenêutica da pedagógica transmoderna de Enrique Dussel. Assim, com relação ao seu aspecto parcial (em relação à totalidade da pesquisa da qual procede), toma a ética dusseliana e a pedagogia freiriana como referencial teórico, a partir do qual busca, no paradigma freiriano da educação libertadora, um referencial práxico para o desenvolvimento racional ético-crítico, como experiência intersubjetivo-comunitária dos sujeitos-éticos negados como oprimidos/vítimas. Neste intuito, opera com os conceitos-chave de “processo ético-crítico” e “conscientização”; “racionalidade discursiva crítica” e “dialogicidade”; “intersubjetividade comunitária”; e “comunidade crítico-simétrica”.
Uma das principais marcas do contexto contemporâneo é o desgaste de ideais iluministas fundadores da modernidade, em decorrência da expansão planetária de um sistema civilizatório baseado na produtividade e competitividade. Esse transe histórico atinge a escola “ilustrada” moderna, instrumentalizada como banco de dados a serviço de demandas mercadológicas. Diante da encruzilhada “pós-moderna”,propõe-se como perspectiva histórica o paradigma da transmodernidade, situado além da negação ou reafirmação da modernidade, e que consiste na reapropriaçãodo legado científico e crítico da racionalidade moderna, a partir da revisita a fontes hermenêuticas por ela relegadas. Tais fontes, como as dimensões de transcendência,alteridade e tradição, propiciam uma fecundidade de sentido que a razão crítica não pode produzir por si mesma, e constituem uma reserva sapiencial ante o dissolvente pragmatismo pós-moderno.
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