Resumo A partir da análise de alguns textos que recuperam a questão da experiência dos operários da tecelagem e de outros trabalhos de costura - sendo eles um poema “inexistente”, um poema anônimo, o poema “Mulher proletária”, de Jorge de Lima, o livro Diario de uma costureira proletária, de Victoria Guerrero Peirano, e a série “Fontes de renda”, de Lu Menezes - este artigo pretende observar a importância do dispositivo poético e dos saberes particulares dos trabalhadores da costura como ferramentas epistemológica e política. Ambas as práticas/saberes permitem pensar em relação ao mundo do trabalho, a afetividade e a formação das subjetividades, juntando tempos e circunstância heterogêneas e longínquas, tornando elementos considerados “sem importância” da “maior importância” para a consciência política.
A partir da experiência da sala de aula do professor Raúl Antelo é possível pensar em um dispositivo que, não se constituindo em um método em sentido tradicional, poderia ser pensado com uma pedagogia (im)possível. Colocando no centro desse dispositivo o “não entendimento”, é possível analisar, por um lado, a derrocada da centralidade identitária, paternalista e de herança e propulsor da vertigem, a voracidade e o dispêndio e, por outro, a aparição nessa derrocada das ruínas que permitem o tecido de novas ficções críticas, de redes textuais e de novas genealogias, menos paternais e mais maternas e infantis.
Percorrendo a historiografia literária das últimas décadas, sabemos que a geração de poetas que começara a produzir nos primeiros anos da década de 1970, tem sido -sob diferentes nomes (geração mimeógrafo, geração marginal, poesia 70) -abundantemente estudada. Mas são dois os textos ainda paradigmáticos: o prefácio à antologia 26 poetas hoje de Heloisa Buarque de Hollanda (1976), e Retrato de época (1981) de Carlos Alberto Messeder Pereira. Esses textos, feitos numa mistura de calor da hora e tentativa de caracterização mais rigorosa, por pessoas que de uma forma ou outra também participavam dessa produção e tinham um alto grau de envolvimento como colegas ou professores dos poetas, foram muito determinantes do olhar crítico articulado sobre a produção daqueles anos, havendo até hoje poucos estudos de releitura da época que fujam desses parâmetros ou os revisitem.O presente artigo não pretende traçar um retrato -nem um "outro retrato" -da época, mas revisitar essas leituras fundadoras buscando analisar o lugar (singular, porém não excepcional como costuma apontar-se) que Ana Cristina César procurou nesse campo literário que passava, no momento em que ela começa a escrever, por uma intensa redefinição, em um contexto político de gradual distensão. Isso implica
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