A cidade de Fortaleza tem sua história e construção no tempo intimamente ligadas a processos de migração advindos do interior. Nesse contexto, esta pesquisa articula as noções de memória coletiva, cidade e identidade, buscando elucidar de que maneira a memória coletiva afeta o processo de construção de uma identidade vinculada à cidade de Fortaleza entre sujeitos de origem interiorana. Para tanto, tem na Teoria das Representações Sociais sua chave de compreensão do fenômeno estudado e lança mão das técnicas de entrevistas de história de vida em combinação com perguntas exploratórias tendo a interpretação de sentidos como guia para a análise do material coletado. Os resultados da pesquisa indicam a influência da memória coletiva sobre o estabelecimento de vínculos de identidade com Fortaleza entre os sujeitos de origem interiorana, atuando por meio dos grupos sociais que detém uma memória interiorana comum. A união desses grupos no espaço da cidade facilita a transmissão e manutenção dessa memória coletiva interiorana que proporciona uma maior identificação com o interior de origem em detrimento da construção de uma identidade vinculada a Fortaleza.
Este artigo tem como objetivo refletir sobre o lugar da subjetividade na construção do imaginário urbano que atravessa as cidades, utilizando-se de um aporte literário multifacetado para compor sua empiria. Inicialmente, o artigo dedica-se a uma discussão ancorada em Merleau Ponty (2004), acerca do mundo percebido, isto é, do universo de investigação dos sentidos, na arte, na pintura, na filosofia e na literatura, que ajuda a esclarecer nossa compreensão dos eventos históricos e da cidade; e na ideia de imaginário de Bachelard, fundamentalmente no que tange a obra A poética do espaço (2008), na qual o autor concebe o espaço como “um instrumento de análise para a alma humana” (2008). Em seguida, e a partir desse modo dialético de olhar para o espaço edificado, trabalhamos com a hipótese de alguns autores como Canclini (1997), Bollas (2000) e Leitão (1998, 2011, 2012, 2021), de que pensar as cidades perpassa, indissociavelmente, a relação imaterial entre indivíduos e espaço urbano. Por fim, apoiados nessa discussão recente teórica, que extrapola os limites conceituais e adentra o universo literário para compor análises metodológicas, argumentamos que os aspectos físicos urbanos nos quais habitamos são também expressões imagéticas e particulares do existir no mundo.
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