http://dx.doi.org/10.5007/1984-9222.2016v8n16p33Recorrendo a variadas fontes (entrevistas, processos judiciais, arquivos de polícia, correspondências privadas, etc.) o artigo reconstrói a trajetória de Antônio Prestes de Paula (1927-2004). Em meados da década de 1940, Prestes atuava na Juventude do PCB até ingressar na carreira militar, se afastando da militância político-partidária. Nos anos 1961-3 foi uma liderança do Movimento dos Sargentos, quando se reaproximou do PCB. Liderou o levante dos argentos (Brasília, 1963) e por isso terminou expulso da Aeronáutica e preso. Após o Golpe de 64 uniu-se na prisão a marinheiros e presos comuns para fundar o Movimento de Ação Revolucionária, grupo de luta armada contra a ditadura (1964-1985). Escapou em 1969 e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Por sua militância clandestina precisou exilar-se primeiro no Chile e depois na França. Em 1980 retornou ao Brasil, reassumindo suas atividades no PCBR e também se filiando ao Partido dos Trabalhadores. Prestes manteve essa dupla militância até que foi preso pelo envolvimento em assaltos a banco na Bahia.
Em Tempos interessantes, Eric Hobsbawm comentou que comumente as biografias "terminam com a morte do biografado, mas as autobiografias não têm esse fim natural", uma ironia que não se traduz apenas como humor para historiadores envolvidos em empreitadas biográficas (2002, p. 447). Autor proeminente nos estudos sobre esse gênero, Benito Schmidt enfrentou como desafio o que para Hobsbawm era chiste ao biografar o gaúcho Flavio Koutzii, cuja biografia não teve o aludido fim natural: Koutzii não apenas contribuiu imensamente para a produção do livro, como foi um leitor privilegiado antes e depois de sua publicação -e, assim como Hobsbawm, Koutzii é judeu, fez-se comunista e não dispensa a fina ironia.Após debruçar-se por quase uma década sobre variados registros que a vida de Koutzii lega à pesquisa histórica, Schmidt lançou um livro bastante singular, tanto pela relação que estabeleceu com seu objeto e principal fonte -Koutzii e suas memórias -, quanto pela forma como articulou essa fonte com as demais. Da primeira às últimas páginas nota-se que o livro é a confluência da relação entre biógrafo e biografadoespecial singularidade da obra. RESENHA 2 DE 5 História (São Paulo), v.40, e2021001, 2021 "ENQUANTO HOUVER BIOGRAFIA, HAVERÁ LIVRO": UMA BIOGRAFIA NEGOCIADA
Entrevista comJosé Sérgio Leite Lopes da Universidade Federal do Rio de Janeiro Entrevista concedida àMurilo Leal Pereira Neto da Universidade Federal de São PauloFelipe Augusto dos Santos Ribeiro da Universidade Estadual do PiauíLucas Porto Marchesini Torres da Universidade Estadual de Campinas
O artigo investiga a inserção de Antonio Prestes de Paula no movimento dos desempregados de São Paulo na década de 1980, quando ele atuava simultaneamente no Partido dos Trabalhadores (PT) e no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). O texto se pauta em documentos apreendidos na residência de Prestes de Paula, após seu envolvimento num assalto a banco em Salvador/BA (1986), evento que se constituiu no paroxismo de uma prática das esquerdas armadas brasileiras, das quais Prestes de Paula é exemplar personificação, e que se encontravam em franco descenso na década de 1980. Tais fontes (textos partidários, cartas pessoais, notas de encontros, atas, etc.) revelam pormenores da experiência de Prestes entre os desempregados paulistas, entre os quais defendia princípios do PCBR, e o quanto sua insistência em estratégias de conflito típicas das esquerdas armadas das décadas anteriores contribuiu para seu isolamento. Na contramão dos movimentos sociais da década de 1980, Prestes de Paula e o PCBR defendiam princípios e práticas que muitas vezes ignoravam experiências e valores dos sujeitos com quem se relacionavam.
Resenha do livro Mundos do Trabalho e Ditaduras no Cone Sul (1964-1990). Rio de Janeiro: Multifoco, 2018, de Larissa Corrêa, Alejandra Estevez, Paulo Fontes e Jean Sales.
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