RESUMO Este artigo tem como ponto de partida a questão da influência do aprimoramento tecnológico e comercial da fotografia - assim como de suas veiculações publicitárias -sobre a gênese e o desenvolvimento da prática amadora. Buscou-se mapear como a prática fotográfica foi ofertada e difundida na cidade de Belo Horizonte entre as décadas de 1940 e 1960, através de algumas de suas expressões mais recorrentes. O texto reflete sobre os alcances e os limites da técnica fotográfica, com a atenção voltada ao desenvolvimento de automatismos. Essa discussão tem como base a análise de anúncios de equipamentos e materiais fotográficos em periódicos de grande circulação na capital mineira. Esses reclames, realizados ora por lojas da cidade, ora por companhias fotográficas (por intermédio de seus representantes), apresentam os produtos ofertados, seus recursos técnicos, valores e possibilidades de uso. Por fim, é abordada a criação do Foto Clube de Minas Gerais, primeira agremiação de fotógrafos amadores da capital mineira.
Esta comunicação tem como objetivo analisar o fenômeno da apropriação de práticas fotográficas artísticas consideradas de vanguarda na produção de fotógrafos artistas amadores entre os anos de 1940 e 1960. Apesar do impulso inicial deste breve trabalho se relacionar com a pesquisa em desenvolvimento no mestrado – que tem como foco a realidade fotográfica artística belo-horizontina – nosso ponto de partida não diz respeito a uma localidade específica; construiremos uma abordagem temática a partir do contato com publicações especializadas (nacionais e estrangeiras), catálogos de exposições organizadas por foto-clubes de várias localidades do mundo, assim como imagens fotográficas oriundas de diferentes coleções. O material analisado foi catalogado através de uma pesquisa realizada nos seguintes acervos: da Société Française de Photographie e da Maison Européenne de la Photo, ambas localizadas em Paris e com uma riquíssima coleção de publicações com o tema da fotografia de várias localidades do mundo; do fotógrafo belo-horizontino Wilson Baptista, fundador do Foto Clube de Minas Gerais (FCMG) em 1951, cuja coleção é constituída por catálogos de exposições e publicações nacionais e internacionais de fotografia; e também alguns números da revista Fotoarte, criada por iniciativa de fotógrafos amadores brasileiros membros de foto-clubes e publicada a partir de 1958. Desta forma, a produção dos fotógrafos amadores não será abordada em sua totalidade; optamos por analisar imagens e textos de fotógrafos formalmente reunidos nessas associações de aficionados no período mencionado.
Em 1961, o Foto Clube de Minas Gerais (FCMG), em parceria com o Museu de Arte de Belo Horizonte2, organizou a “V Exposição Internacional de Arte Fotográfica”. A inédita parceria da exposição é o ponto de partida para a análise dessa geração de fotógrafos mineiros, além do contexto de produção e recepção de suas imagens. O caso belo-horizontino servirá também de referência para reflexão em torno do processo de entrada da fotografia em espaços expositivos e coleções de centros e museus de arte no Brasil e no exterior. O artigo se encerra com uma discussão em torno da produção de Eugênio Vidigal Amaro, fotógrafo amador português radicado em Minas Gerais.
O ponto de partida deste artigo é a realização da “Primeira Exposição Fotográfica de Motivos Belorizontinos”, mostra organizada em 1953 através da parceria de um coletivo de fotógrafos amadores e a Prefeitura Municipal da capital mineira. Nosso interesse é entender como o olhar do fotógrafo amador se direciona a cidade, qual o seu espaço de atuação, seus condicionamentos e, claro, analisar as imagens que resultam desse encontro. Neste sentido, será preciso considerar a fotografia em paralelo às demais iniciativas culturais apoiadas pelo poder público no período, assim como se é possível filiá-la a um projeto político específico. A discussão em torno da mostra de 1953 também nos aproximará do universo da propaganda política, da relação entre arquitetura, poder público e cidade, assim como de discussões próprias ao universo da cultura visual e da circularidade cultural.
O processo de reconhecimento institucional da geração de fotógrafos amadores brasileiros dos anos 1950 e 1960 se realizou mediante diferentes empreitadas. Se as mostras de Thomaz Farkas (MAM-SP em 1949) e Geraldo de Barros (MASP em 1951) foram fundamentais para a legitimação da fotografia como prática artística no Brasil, apenas nos 1980 esse percurso alcançou a dimensão institucional. Em paralelo, assistiu-se também à entrada de algumas dessas imagens no mercado da arte, através de representação de galerias no Brasil e no exterior. Nos anos 2000, graças a políticas de doação e aquisição, essa geração de fotógrafos passou a compor vários dos principais acervos fotográficos do país. No caso brasileiro, os últimos 30 anos de trabalhos em torno da fotografia conseguiram estabelecer a geração dos fotógrafos amadores do pós-Guerra como algumas das principais personalidades do meio no país.
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