Os temas do mal e do niilismo são recorrentes na obra dostoievskiana. Contudo, em Os demônios (1871), o próprio título e a epígrafe da obra já sugerem, de maneira mais explícita, o caráter do demoníaco nas ações das personagens. O suicídio, o assassinato, a violação, a morte, o caos, a censura, a falta de liberdade e a destruição são elementos presentes e atuantes na narrativa. Esse artigo buscou aproximar o olhar sobre as forças e o movimento do mal, cujo fim é a falta de sentido, o nada.
No texto Sobre deuses e caquis (1987), logo no primeiro parágrafo, Rubem Alves se queixa da forma como o seu texto foi redigido. Ele pede desculpas ao leitor/a por ter escrito um livro tão chato e diz que foi obrigado a escrever de acordo com o rigor acadêmico, de maneira impessoal, como se fosse escrito por todos e por ninguém. Ao final do livro, novamente, um alerta ao leitor/a: “leiam este texto pensando no poema que poderia ter sido, mas não foi. Bem que quis ser poema, mas não sabia como, e nem pôde…” (Alves, 1987, p. 27) A impressão que Rubem Alves passa é de que na poesia/poema há certa liberdade e fruição que escapam quando são transformadas em prosas dissertativas e argumentativas.
Este artigo é resultado de uma palestra ministrada no Webinar: “Revisitando a Bíblia a partir de perspectivas modernas”, organizado pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, em junho de 2020. Trata-se de um tema que também foi desenvolvido em minha tese de doutorado em Ciências da Religião. A reflexão sobre Bíblia como literatura parte de importantes autores que discutem o tema, a saber: Eric Auerbach, Northrop Frye e Robert Alter. A artigo procurou demonstrar e exemplificar as características literárias da Bíblia e sua importância no diálogo com a cultura e outras literaturas.
Sabe-se que a literatura de Dostoiévski dialoga intensamente com muitas narrativas bíblicas do Novo Testamento. Jesus e Quixote foram as inspirações para a composição da personagem Míchkin, o príncipe idiota que leva o nome do romance. O tema da morte tangencia toda a narrativa de “O Idiota”. O quadro “Cristo Morto” emerge em algumas cenas, transbordando em novos sentidos. O contato das personagens Míchkin e Hippolit e o próprio contato que Dostoiévski teve diante do quadro, da imagem do cadáver de Cristo, possibilitará uma releitura demasiadamente humana da personagem Cristo.
A religião se expressa por meio da linguagem, das narrativas, dos mitos, da poesia. É por meio da linguagem que é possível ao ser humano articular suas identidades, crenças e compreensão de mundo. Mais do que dados estatísticos e análises sociais, a religião é um complexo fenômeno da linguagem humana. Nessa direção, Rubem Alves (1933-2014) torna-se um interlocutor fundamental para se pensar uma poética da religião. O caminho percorrido por ele foi o da teopoética, numa tentativa de “desengaiolar” e libertar as palavras das prisões dos dogmas, dos sentidos e da univocidade. Seus textos saborosos podem ser degustados, em uma dinâmica que une a ficção, o prazer e a reflexão. Neste movimento ou dança das palavras, Deus ou o Sagrado se manifesta em atos de criação, como poeta. Para compor este artigo foram utilizados como base as seguintes obras, em ordem de publicação no Brasil: Lições de Feitiçaria: meditações sobre a poesia (2003); Variações sobre o prazer (2014) e Rubem Alves essencial: 300 pílulas de sabedoria (2015). Trata-se da fase mais tardia do escritor, onde predomina uma linguagem mais literária e narrativa.
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