Neste estudo, investigamos um recurso frequentemente utilizado na oralidade: a repetição, compreendendo-a como um mecanismo que auxilia na interação, gerando novos significados. Para tanto, baseamo-nos, sobretudo, nos estudos funcionalistas, em pressupostos da Linguística Cognitiva e em estudos da Linguística Textual. O nosso objetivo foi analisar qualitativamente como os informantes do Português Culto de Vitória da Conquista utilizam a repetição na construção do texto falado. Nesse sentido, elencamos 06 aspectos funcionais: Reconstituidora I, Reconstituidora II, Distribuidora, Desdobramento, Paralelização e Intensificadora. Ademais, comprovamos as nossas hipóteses de que a repetição (1) auxilia na condução do tópico discursivo a partir de seus aspectos funcionais; (2) é um processo metonímico; e (3) é um processo que possibilita a organização da experiência humana, chegando ao âmbito textual por meio dos atos de fala e produzindo, cognitivamente, estruturas linguísticas dispostas em camadas.PALAVRAS-CHAVE: Repetição. Oralidade. Funcionalismo. Cognição.
Nesta pesquisa, investigamos um recurso frequentemente utilizado na oralidade: a repetição, compreendendo-a como um mecanismo que auxilia na interação, gerando novos significados, de modo que a retomada ocorra não somente no campo formal, mas, também, no campo semântico. Para tanto, baseamo-nos, sobretudo, nos estudos funcionalistas de Ramos (1983), Oliveira (1998) e Castilho (2014); em pressupostos da Linguística Cognitiva apresentados por Lakoff e Johnson (1998) e Ferrari (2011); e em estudos da Linguística Textual, à luz de Nóbrega (2011) e Marcuschi (2015). O nosso objetivo, com este trabalho, foi identificar como os informantes do Português Culto de Vitória da Conquista – Corpus PCVC, criado pelo Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalismo – utilizam a repetição na construção do texto falado. Partindo do pressuposto de que a repetição é um mecanismo muito produtivo na fala, analisamos quatro entrevistas desse corpus, sendo considerados 30 minutos de cada uma delas. Elencamos 07 funções microestruturadoras: a reconstituidora I, a reconstituidora II, a distribuidora, o reforço, a intensificadora, o contraste e a temporalização; sendo que, na função distribuidora, há 04 subfunções: a retificação, a paralelização, a enumeração e o desdobramento. No estudo qualitativo, constatamos que a repetição é um recurso de suma importância para a condução e manutenção do tópico discursivo, para a coesão e argumentatividade do texto falado e para a compreensão do ouvinte e que, além de ser um processo metafórico, constitui-se também como um processo metonímico, o qual ocorre entre subdomínios, desde que estes façam parte de um domínio-matriz. Na análise quantitativa, verificamos que a paralelização, em linhas gerais, foi o aspecto funcional mais frequente e os menos recorrentes foram a reconstituidora I e a reconstituidora II. Em suma, a repetição é a consequência da relação entre forma e função, sendo, assim, um processo que possibilita a organização da experiência humana, chegando ao âmbito textual por meio dos atos de fala e produzindo, cognitivamente, estruturas linguísticas dispostas em camadas. Este estudo é relevante, pois, além de demonstrar como os falantes do Português Culto de Vitória da Conquista utilizam o recurso da repetição na interação discursiva, traça um diálogo entre várias linhas de pesquisa, principalmente, entre o Funcionalismo e a Linguística Cognitiva, constatando que a repetição é um processo metonímico, contribuindo, assim, para futuras pesquisas sobre o objeto de estudo em questão, podendo cooperar na formulação de hipóteses e no diálogo entre os resultados obtidos.
ResumoNeste artigo 1 , estudaremos um fenômeno linguístico frequentemente utilizado na oralidade, a repetição. Para tal estudo, basear-nos-emos, principalmente, nos estudos Funcionalistas propostos por Castilho (1994), Givón (1995) e Oliveira (1998), com o objetivo de caracterizar as estruturas repetidas, identificando-as quanto à forma e à função e demonstrando como elas são regidas pelos princípios de iconicidade e de marcação expressiva. Para tanto, retiraremos, do Corpus Português Culto de Vitória da Conquista, ocorrências de elementos lexicais, sintagmáticos e oracionais e os classificaremos segundo os seguintes aspectos funcionais: a enumeração, a paralelização e o reforço. Palavras-chave:Funcionalismo; oralidade; repetição. First Functionalist Studies about Repetition in Oral Communication in the Vitória da Conquista Corpus of Formal Portuguese AbstractThis article studies a phenomenon often found in oral communication, namely repetition. Based on Functionalism and on studies carried out by Castilho (1996), Givón (1995) and Oliveira (1998), the forms and functions of repeated structures are characterized in order to evidence how they are governed by the principles of iconicity and expressive markedness. For this reason, occurrences of lexical, syntagmatic and clausal elements are extracted from the Vitória da Conquista Corpus of Formal Portuguese and are classified according to the following functional aspects: enumeration, parallelization and reinforcement.Keywords: Functionalism; oral communication; repetition. IntroduçãoA repetição é um fenômeno linguístico que tem sido estudado por meio de diversas estratégias, como, por exemplo, a retomada, a paráfrase e o paralelismo. Além disso, pesquisadores têm observado a descrição e a função desse fenômeno, principalmente na conversação, na qual é utilizado frequentemente. Observamos que, diante das situações de maior monitoramento, o falante procura evitar a repetição, tendo em vista que, ao seu uso, ainda é associado, na sociedade, muitas vezes, um valor negativo, já que, tradicionalmente, esse fenômeno é avaliado, em um texto, como algo redundante, pouco estruturado e desnecessário.1 Este artigo foi produzido sob orientação da Professora Doutora Valéria Viana Sousa -UESB/PPGLin.
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