Artigo recebido em 16 de dezembro de 2015, versão final aceita em 3 de agosto de 2016.
RESUMO:Tendo como pano de fundo o debate sobre a relação entre uso dos recursos naturais, economia e sustentabilidade, neste trabalho objetiva-se discutir o lugar do extrativismo no contexto do Desenvolvimento considerando as diferentes perspectivas sobre essa atividade na Amazônia brasileira. Com base em revisão de literatura e dados secundários, contextualiza-se que historicamente as estratégias de desenvolvimento pensadas para a região amazônica brasileira são pautadas em atividades extrativistas promovidas pelos detentores de poder político e econômico e fomentadas pelo Estado. Atualmente, é recorrente no discurso de acadêmicos e de porta-vozes do governo, de movimentos sociais e de empresas, a necessidade do repensar o uso dos recursos naturais, agregando valor aos produtos extrativistas e valorizando o conhecimento das populações tradicionais. Discute-se o reconhecimento da diversidade de populações, de ecossistemas e de formas de gestão dos recursos naturais, emergindo novos atores, novos produtos e conflitos. Todavia, nesse cenário de disputas, segue o desafio da operacionalização de tais princípios em termos de estratégias para o desenvolvimento.Palavras-chave: atividades extrativistas; recursos naturais; desenvolvimento sustentável.
ABSTRACT:Having as background the debate about the relationship between the use of natural resources, economy and sustainability, the objective of this paper is to discuss the place for extraction in the context of development considering the different perspectives of this activity in the Brazilian Amazon. Based on literature review and secondary data it is contextualized that historically the development strategies designed to Brazil's Amazon region are guided in extractive activities promoted by the holders of political and economical power and promoted by the state. Currently, it recurs in academic discourses and government spokesmen, social movements and companies, the need to rethink the use of natural resources, adding value to extractive products and enhancing
Quais os principais impactos imediatos da pandemia de Covid-19 para os agricultores e pecuaristas familiares, sobretudo em cidades do interior do estado do Pará? Quais as implicações para as redes de comercialização que envolviam aglomerações, como as famosas feiras de produtores/agricultores? Diante de um cenário muitas restrições e controles de circulações, as feiras locais de camponeses e demais agricultores familiares tiveram inúmeros efeitos negativos, intensificando ainda mais as desigualdades já existentes e aumentando a pobreza. A partir de revisão de textos publicados especialmente entre os meses de março e maio, o artigo apresenta algumas consequências imediatas da pandemia para as redes de comercialização de agricultores e pecuaristas familiares, e também indica como a agroecologia pode apoiar as dinâmicas de superação da crise e provocar mudanças sociais de longo prazo.
Assumindo a importância da produção leiteira na composição dos sistemas agrícolas familiares de base camponesa, assim como as controvérsias sociais e ambientais que a envolvem, este artigo busca refletir sobre a existência e a prática de sistemas agroecológicos nesta atividade no estado do Pará. A metodologia de trabalho utilizada foi a leitura e reflexão a partir de estudos desenvolvidos envolvendo diversas equipes de pesquisas, incluindo os autores deste artigo, que, ao longo de mais de 20 anos, têm estudado a pecuária leiteira na Amazônia paraense. Como principais resultados, identificamos que não há uma classificação exata para o sistema leiteiro de base familiar na Amazônia paraense, podendo-se dizer apenas que, de uma maneira geral, se trata de sistemas naturais e sem muitos incrementos, fruto da percepção e experiências empíricas dos atores sobre as necessidades de interação visando a produção dentro do novo ecossistema.
O instigante livro de Fabrício Khoury Rebello e Alfredo Kingo Oyama Homma, lançado em 2017 pela Edufra, trata do importante tema “História da colonização do nordeste paraense: Uma reflexão para o futuro da Amazônia”. Com uma escrita agradável e repleta de fontes primárias, como arquivos de notícias, registros fotográficos, jornais, entre outros, os pesquisadores nos levam em uma viagem pelos fatos e acontecimentos mais marcantes da história desde o início da colonização por europeus na região.
Essa pesquisa teve como objetivo analisar as condições de acesso às políticas públicas, com enfoque no acesso ao PRONAF entre agricultores familiares no município de Abaetetuba -Pará, integrantes de uma Associação da Feira da Agricultura Familiar (AFAFA). Foram entrevistadas 30 pessoas, por meio de aplicação de questionários, diretamente aos feirantes. As questões buscavam um levantamento de perfil socioeconômico e também os fatores limitantes de acesso ao crédito. Além desses dados primários, foi realizada pesquisa em sites oficiais do governo a fim de quantificar os contratos em diversas escalas, do nacional ao municipal. Os dados obtidos foram sistematizados em tabelas e gráficos contendo características sociais e econômicas dos agricultores, bem como de suas possíveis relações com os limitantes ao crédito, tendo por base uma tipologia separando o grupo que acessou daqueles outros que não acessaram o crédito. Como principais resultados, detectamos que 50% da amostragem obteve acesso ao crédito PRONAF, e que entre os fatores que condicionam o acesso ao crédito há algumas predominâncias, que destacamos: o tamanho da terra, o gênero e a posse de Documento de Aptidão ao Pronaf (DAP).
Resumo O conceito de cultura foi fundamental para o desenvolvimento das ciências sociais e humanas nos séculos XIX e XX. Também está na raiz da escola de pensamento econômico conhecida como Institucionalismo Americano, que teve como precursor Thorstein Veblen (1857-1929). Por meio da leitura de textos clássicos e revisão de literatura, o objetivo deste texto é apresentar o “pensamento antropológico” contemporâneo a Veblen, principalmente em torno do conceito de cultura e do método em Antropologia nos seus primórdios, e discutir as relações interdisciplinares que dão origem à escola de pensamento institucionalista, explicando a retomada da abordagem vebleniana nos últimos anos, especialmente nos estudos sobre consumo. Como principais resultados, destaca-se que Veblen valeu-se de instrumentos investigativos similares, estabelecendo diálogo com os escritos dos etnólogos e influenciando outros, tendo encaminhado o entendimento sobre cultura, principalmente por meio da crítica à “alta cultura”, os quais marcaram a noção de cultura na história do Institucionalismo Americano.
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